Da Folha de hoje:
DE BUENOS AIRES
Em entrevista à revista argentina "Debate", a filósofa Marilena Chaui (foto) admitiu pela primeira vez a possibilidade de que tenha existido o mensalão, que ela antes qualificava de uma "construção fantasmagórica" da mídia.
A filósofa petista, porém, mantém sua tese de que a imprensa manipulou o caso para criar uma imagem negativa do governo Lula, buscando seu impeachment.
Para ela, se ocorreu, o mensalão não foi algo inédito: "Nenhum governante governa sem fazer alianças e negociações com outros partidos. Essa negociação tende à corrupção. Essa compra e venda ocorreu sistematicamente nos governos José Sarney, Fernando Collor, Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso, sem que os meios se manifestassem sobre o assunto", disse.
Ela admite agora que "há indícios de que alguns membros do primeiro governo de Lula negociaram com parlamentares, de acordo com essa mesma tradição. Mas o PT e seu presidente operário, como ousam fazer o mesmo que os partidos da classe dominante? Que ousadia absurda! Resultado: os meios de comunicação transformaram a situação em um caso único, nunca visto antes, e construíram a imagem do governo mais corrupto da história do Brasil", disse.
Para Chaui, "o falso moralismo ocupou o lugar de uma discussão de ética republicana porque permite atacar o PT naquilo que é seu ponto de honra: a ética na política". (RODRIGO RÖTZSCH)
Comento: Curioso o raciocínio da filosofa do PT: ela recorre ao fato de ter havido nos governos anteriores compra de parlamentares para justificar o mesmo procedimento no governo do Lula. Mesmo assim, vejam só, ela continua culpando a imprensa, que, no entender dela, deveria fechar os olhos para o mensalão, pelo fato de o Lula ter sido um operário. No mais, se a Chaui não desmentir que admitiu a possibilidade de ter existido o mensalão, ela, uma filósofa, estudiosa em Espinoza, só reconhece agora o que o povo já sabe há muito tempo.
xxx
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