Até o irmão mais velho do Lula foi pego por uma operação –a Xeque-Mate– da Polícia Federal. O Genival Inácio da Silva, o Vavá, foi indiciado por tráfico de influência no Executivo e exploração de prestígio no Judiciário. Houve na casa dele busca e apreensão de documentos. A Xeque-Mate investiga pessoas envolvidas com a máfia dos caça-níqueis.
A Folha informa que Lula, que se encontra na Índia, ficou muito irritado por não ter sido avisado de que a operação ia pegar o Vavá. A Xeque-Mate prendeu 77 suspeitos de pertencerem à máfia. Os parentes deles também deveriam ser avisados de que haveria a operação, para que pudessem dar sumiço em provas e/ou fugirem?
Recentemente, Lula cedeu à pressão de políticos e advogados que estavam reclamando das operações da PF e disse que ia pedir ao ministro da Justiça, Tarso Genro, que verificasse se tinha havido abuso. Mas, ambíguo como sempre, para agradar todo tipo de público, o presidente acrescentou que as operações da Polícia Federal iam prosseguir, “doa a quem doer”. Pois bem: doeu agora na família do próprio Lula.
Mas ninguém duvide que Lula vai tirar proveito político disso. Vai dizer que, no governo dele, a Polícia Federal não poupa ninguém, sequer o seu irmão. Uma PF bem diferente da época do FHC, poderá acrescentar Lula.
Realmente, a independência com a qual a PF vem agindo é um fato novo. Recorda-se que no primeiro mandato do governo Lula ela foi um tanto passiva no caso do escândalo do mensalão. Houve uma certa condescendência para com os petistas envolvidos em corrupção. E na sede do PT nunca houve busca e apreensão de documentos, diferentemente do que ocorreu na época com a Daslu, famosa loja de roupas de ricos.
Agora, neste segundo mandato, além de ter indiciado Vavá, a PF já derrubou um ministro suspeito de corrupção, o Silas Rondeau, e investiga pelo mesmo motivo o senador Renan Calheiros (PMDB/AL), presidente do Senado e aliado político de Lula. Sem contar a prisão de juízes acusados de vender sentenças.
O que mudou na PF, considerando que continua sob a mesma direção, a de Paulo Lacerda? Eis uma questão para a qual as explicações da imprensa têm sido insuficientes até agora.
De qualquer forma, a independência que a Polícia Federal tem demonstrado é tanta para os padrões brasileiros, que –não tenho dúvida– logo os corruptos encastelados no poder vão dar um jeito de cortar as asinhas dela. Pode anotar.
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