Pular para o conteúdo principal

Cristianização do Brasil está na origem da intolerância religiosa



por Igor Mota Farinazzo Giovannetti
para Enem 2016

A Constituição nacional prevê a liberdade de credo e de expressão religiosa, sendo crimes de intolerância considerados graves e de pena imprescritível. No entanto, é comum ouvir piadas sobre "macumbeiros" e, em alguns casos, violência física contra praticantes do candomblé. O combate dessas atitudes pressupõe uma análise histórica e educacional.

Visões preconceituosas

Por razões diacrônicas, certas religiões são estigmatizadas como "inferiores". No Período Colonial brasileiro, era nítida a preocupação dos jesuítas e da Coroa Portuguesa em "cristianizar" os indígenas e, posteriormente, os negros africanos. Em "Casa Grande e Senzala", o sociólogo Gilberto Freyre defende que a cultura foi formada nestes três pilares: nativo, colonizador e escravo. De fato, a resistência dos índios e dos negros rendeu uma herança imaterial híbrida, contudo, a tradição etnocentrista permanece. A sociedade, muitas vezes, repete visões preconceituosas, pois ainda não houve um efetivo pensamento crítico, uma conscientização que contrariasse o senso comum.

O ensino formal também corrobora a problemática. As escolas, por serem o espaço de formação cidadã do indivíduo, deveriam estar abertas para amplas discussões e para promoção de valores coletivos. Não é o que se vê, por exemplo, no privilégio da religião cristã – ensaios teatrais natalinos, homenagem a santos e a anjos – em detrimento das restantes. A grade curricular também não explora de forma profunda as matrizes culturais afrobrasileiras (as mais discriminadas), como a umbanda (uma fusão do cristianismo, do espiritismo e dos orixás negros).

Tendo em vista a desconstrução da herança etnocentrista, cabe à sociedade civil (desde estudiosos ativistas a familiares) incentivar o pluralismo e a tolerância religiosa, através de palestras e de núcleos culturais gratuitos em praças públicas. Por outro lado, são necessárias ações do Estado na defesa de festivais escolares afrobrasileiros e na reforma da grade curricular de História e de Sociologia, por meio da formação de comissões especiais na Câmara dos Deputados, com participação de especialistas na área de Educação, objetivando a uma educação mais aberta e democrática. Assim, será possível formar cidadãos que entendam, que respeitem e que se orgulhem de sua cultura.

Essa redação de Igor Mota Farinazzo Giovannetti sobre "Caminhos para combater a intolerância religiosa no Brasil” foi uma das 77 que obtiveram nota 1.000 no Enem 2016. O título acima é de autoria deste site.




Intolerância religiosa é incompatível com Estado laico


Comentários

Post mais lidos nos últimos 7 dias

90 trechos da Bíblia que são exemplos de ódio e atrocidade

Em 2022, no Rio, jovens e brancos foram maioria dos casos da varíola dos macacos

Veja 14 proibições das Testemunhas de Jeová a seus seguidores

Britney Spears entra na lista de famosos que não acreditam em Deus

Aquecimento do oceano impacta distribuição de corais e ameaça espécies da costa brasileira

Por que Jesus é retratado com um tanquinho? Esse messias reflete os valores cristãos de masculinidade

Veja os 10 trechos mais cruéis da Bíblia

"O jihadismo nada tem a ver com a política do Ocidente, o capitalismo global e os privilégios dos brancos" (Sam Harris)

Prefeito de Sorocaba não acata Justiça e mantém Bíblia em escolas