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Quase 1 em cada 5 americanos rompeu amizades por divergências políticas, mostra pesquisa

Estudo indica que jovens e liberais cortam laços com mais frequência, e quem rompe com a família tende a ver a violência política como meio legítimo de mudança


Quase um quinto dos americanos deixou de falar com amigos devido a divergências políticas. Entre familiares, 1 em cada 6 fez o mesmo. Jovens e liberais são os que mais rompem laços, segundo pesquisa do Skeptic Research Center realizada entre agosto e setembro de 2025.

A pesquisa entrevistou 3.000 adultos de diferentes idades, raças e níveis de escolaridade. Todos passaram por checagens de atenção e identidade para garantir a qualidade dos dados. As quotas seguiram os padrões do censo americano, com amostra representativa da população.

Os participantes responderam se haviam parado de falar com amigos ou familiares por motivos políticos. As respostas foram diretas: “sim” ou “não”. O objetivo era medir ações reais, não apenas intenções.

Dos entrevistados, 18,6% afirmaram ter deixado de falar com amigos, e 13,9% com familiares. Esses percentuais revelam que, embora a maioria ainda mantenha os laços, o impacto da polarização é visível na vida pessoal.
Entre os 3.000 participantes, 557 disseram ter rompido amizades e 418 cortaram contato com familiares. O número mostra que, nos Estados Unidos, a política extrapola o debate público e atinge as relações privadas.

A tendência é mais forte entre jovens adultos. Na Geração Z, quase 1 em cada 5 moderados rompeu laços de amizade. Entre liberais jovens, a proporção sobe para mais de 40%. Entre os mais velhos, os rompimentos são menos frequentes, mas ainda presentes.

A Geração Y também se destacou: quase 40% dos liberais desse grupo disseram ter deixado de falar com amigos por causa da política. Entre os Baby Boomers, 1 em cada 5 liberais relatou o mesmo comportamento.

Em todas as idades, os liberais foram mais propensos a romper relações do que moderados e conservadores. Mesmo entre os mais velhos, liberais cortaram laços familiares com mais frequência que moderados das gerações seguintes.

O padrão se repetiu entre conservadores jovens. Tanto na Geração Z quanto na Y, conservadores romperam laços familiares mais vezes do que moderados. A polarização política, portanto, atravessa os espectros ideológicos.

Os pesquisadores observaram um padrão em forma de U: pessoas “muito liberais” e “muito conservadoras” têm maior probabilidade de romper relacionamentos. Quanto mais forte a convicção política, maior o risco de corte nos vínculos pessoais.

Cerca de 40% dos entrevistados que se declararam “muito liberais” afirmaram ter rompido relações com familiares ou amigos. A taxa é mais que o dobro da observada entre moderados e supera a dos conservadores.

A diferença ideológica também se manifesta na vida familiar. Indivíduos sem filhos e com perfil “muito liberal” romperam amizades com mais frequência. Entre conservadores, o padrão se inverteu: pais com esse perfil romperam mais laços que os sem filhos.

Em 2020, o Pew Research Center já havia mostrado sinais dessa tendência. O estudo indicou que 80% dos americanos tinham poucos ou nenhum amigo com opiniões políticas diferentes. Desde então, a divisão parece ter se aprofundado.

Outro levantamento da Associação Americana de Psiquiatria apontou que 20% dos americanos se afastaram da família por motivos políticos. O mesmo percentual deixou de participar de encontros familiares para evitar conflitos.

Em relacionamentos amorosos, a política também pesa. Um em cada seis americanos já terminou, ou considerou terminar, um namoro por divergências ideológicas. Entre jovens, esse número é ainda maior.

A nova pesquisa do Skeptic Research Center confirma a continuidade do fenômeno. O foco agora está no comportamento real, e não apenas em intenções. O resultado mostra um retrato mais preciso da polarização nos lares e círculos sociais.

A separação por ideologia não é simétrica. Liberais, em geral, se mostram mais dispostos a romper do que conservadores. Ainda assim, os extremos dos dois lados compartilham uma mesma tendência: afastar quem pensa diferente.

Os dados sugerem que o grau de engajamento político influencia o comportamento social. Pessoas com posições mais intensas, sejam à direita ou à esquerda, demonstram menos tolerância a divergências nos laços pessoais.

Os moderados, por outro lado, tendem a preservar os vínculos mesmo em meio ao conflito. A pesquisa indica que esses grupos mantêm maior convivência com familiares e amigos de posições opostas.

A relação entre ruptura e apoio à violência política chamou atenção. Entre os que cortaram laços familiares por política, 55% afirmaram que a violência é “frequentemente necessária” para mudanças sociais. Entre os que não romperam, esse índice cai para 21%.

Os dados mostram ainda que 41% dos que romperam laços familiares consideram aceitável causar danos à propriedade quando se sentem moralmente justificados. Entre os que não romperam, o percentual é de 16%.

Esses números indicam que o afastamento de familiares por política se relaciona com maior tolerância à violência política. O estudo não define causa e efeito, mas sugere um elo entre isolamento social e radicalização.

A equipe de pesquisa alerta que os resultados podem refletir uma fragmentação crescente na sociedade americana. O fenômeno não se limita a discussões partidárias, mas afeta a percepção sobre convivência e respeito.

Os entrevistados demonstraram padrões consistentes entre gerações. Jovens liberais e conservadores expressam maior intolerância a divergências do que adultos mais velhos. Isso pode indicar mudanças na forma como o debate político se aprende e se pratica.

Para os pesquisadores, os resultados reforçam a necessidade de compreender a política como parte do comportamento humano. Romper laços por divergência ideológica parece refletir uma dificuldade crescente de lidar com o desacordo.

Os dados também sugerem que a internet e as redes sociais ampliam os efeitos da polarização. Ambientes virtuais favorecem o agrupamento entre pessoas de opiniões semelhantes, reduzindo o contato com visões diferentes.

Esse isolamento digital pode estar se estendendo para a vida real. Amizades e relações familiares se tornam vítimas da divisão política, com impactos emocionais e sociais que ainda não foram totalmente medidos.

Pesquisas anteriores já mostraram que os Estados Unidos estão entre os países menos dispostos a aceitar parceiros amorosos com opiniões políticas diferentes. A política, nesse contexto, tornou-se uma linha de separação afetiva.

Embora o estudo mostre que o rompimento não é a norma, ele revela uma tensão persistente. Quase um quinto dos americanos vê a política como motivo suficiente para cortar laços pessoais, um sinal de desgaste nas relações sociais.

O Skeptic Research Center considera que a pesquisa oferece uma visão detalhada da vida política cotidiana. Mais do que dados eleitorais, ela mostra como o clima político molda as relações entre indivíduos comuns.

As implicações sociais vão além da política partidária. Laços familiares e amizades, tradicionalmente vistos como refúgio em tempos de conflito, tornam-se agora espaços de disputa e ruptura.

O levantamento também aponta que os efeitos da polarização se distribuem de forma desigual. Jovens, liberais e pessoas sem filhos são mais propensos a se afastar. Homens e mulheres mostram padrões semelhantes de comportamento.

Mesmo com diferenças ideológicas, a maioria dos americanos ainda preserva seus vínculos pessoais. A pesquisa mostra que 4 em cada 5 pessoas continuam a conviver com quem pensa diferente, o que indica que o diálogo ainda é possível.

O estudo encerra com uma constatação objetiva: as divergências políticas seguem moldando as relações humanas nos Estados Unidos. O número de amizades e famílias rompidas é pequeno em proporção, mas grande em significado social.


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