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Guaxinins americanos dão sinais de domesticação, confirmando estudo do Darwin

Estudo massivo com 20 mil fotos confirma observações iniciais de Charles Darwin. A seleção natural age rápido quando animais selvagens se adaptam à vida perto de humanos


A vida urbana altera o corpo dos animais selvagens. Guaxinins na América do Norte, ao conviver com humanos, demonstram primeiras alterações físicas. 

Pesquisadores americanos observam a “síndrome da domesticação”, fenômeno descrito por Charles Darwin no século 19.

A mudança física mais evidente aparece no focinho. Os guaxinins que buscam lixo nas cidades dos EUA exibem focinho 3,5% menor do que seus parentes rurais. O encurtamento da face representa o início da adaptação ao ambiente criado pelo Homo sapiens.

A domesticação começa sem a interferência humana direta. O primeiro passo ocorre quando espécies selvagens se acostumam à presença dos humanos. A sobrevivência passa a favorecer os indivíduos menos ariscos, que aproveitam os recursos urbanos.

Darwin notou o conjunto de mudanças físicas em espécies domesticadas, batizado por cientistas de “síndrome da domesticação”. Além do focinho curto, animais exibem orelhas caídas, cores variadas e temperamento menos agressivo em relação aos selvagens.

A observação atual nos guaxinins é um espelho do que aconteceu há milhares de anos com os ancestrais dos cães. Lobos se aproximaram de acampamentos humanos. Os menos medrosos comiam os restos de comida.

A seleção natural favoreceu esses lobos mais tolerantes. Eles cruzavam e transmitiam a mansidão. Com o tempo, humanos selecionaram e criaram os cães domésticos para proteção.

O mesmo processo ocorreu com os gatos. Ratos se amontoavam em aglomerações sociais. Gatos caçadores foram atraídos. Os mais tolerantes à presença humana terminaram domesticados.

Guaxinins obtêm
alimento nos
lixos urbanos
americanos e
canadenses.
Eles se
familiarizam
com a rotina
das pessoas.
Cientistas da
Universidade
de Arkansas, em
Little Rock,
acreditam que
a seleção
natural age
agora sobre
estes animais


A bióloga Raffaela Lesch, autora do estudo, procurou entender se a vida urbana impulsiona o processo de domesticação. Ela questionou se guaxinins trilham o mesmo caminho de lobos e gatos ao viverem perto de humanos.

A pesquisa analisou vinte mil fotos de guaxinins. As imagens vieram do iNaturalist, plataforma de ciência cidadã na qual qualquer pessoa contribui com registros fotográficos. A escala do estudo fortalece a descoberta.

Os resultados mostram a redução média de 3,5% no focinho dos guaxinins da cidade. Esta é a pista inicial de que a natureza responde à nova pressão seletiva imposta pelo ambiente humano.

A síndrome da domesticação acompanha outras espécies que coexistem com humanos. Raposas e ratos que se acostumam ao estilo de vida humano também manifestam mudanças físicas.

Não se sabe a causa exata das alterações físicas. Cientistas suspeitam do envolvimento de células embrionárias que atuam no desenvolvimento neural e corporal. A pesquisa busca entender o mecanismo.

A adaptação mostra que a convivência com humanos imprime marcas no corpo selvagem. A espécie não está ainda completamente domesticada. O guaxinim apenas se habitua à vida urbana.

A seleção natural age neste momento. Os guaxinins com focinho menor prosperam. O estudo foi publicado no periódico Frontiers in Zoology.

A confirmação da tese de Darwin sobre o processo inicial de domesticação reforça o impacto da urbanização sobre a fauna. A vida nas cidades molda a evolução das espécies.

A evidência é clara: o lixo das cidades age como agente seletivo. A recompensa alimentar favorece os guaxinins que melhor se adaptam a vasculhar as latas.

O comportamento alimentar gera alterações físicas na espécie. A biologia documenta a alteração. O guaxinim do futuro será diferente de seu ancestral selvagem.

Este é um registro atual do processo evolutivo. Os guaxinins se adaptam à vida ao lado da civilização, sem o controle humano direto. A domesticação é um caminho de mão dupla.

A natureza cumpre o seu papel. Os animais ajustam sua forma e comportamento ao novo habitat. Darwin via isto na fazenda, agora se observa isto no meio das metrópoles.

O focinho menor do guaxinim americano assinala a vitória da adaptabilidade. O animal demonstra sucesso em explorar o nicho urbano. A biologia avança a cada nova observação.

A sobrevivência na cidade passa pelo risco. Os guaxinins mais aptos a lidar com o perigo humano e o ambiente modificado conseguem se alimentar e reproduzir.

A evolução ocorre sob os olhos das pessoas. A observação de Charles Darwin sobre a seleção das espécies se comprova no quintal das casas americanas.

> Com informada de pesquisadores da Universidade de Arkansas em Little Rock, nos EUA, e de outras fontes.

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