A cineasta Lorena Luciano é a diretora do documentário “Freiras vs. o Vaticano”, que estreou no festival DOC NYC e será lançado inicialmente na Itália em 2026.
A obra expõe crimes sexuais atribuídos a Marko Rupnik. O ex-jesuíta ganhou fama mundial com mosaicos sacros.
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Rupnik recebeu o apelido de “Michelangelo” de João Paulo II. A Igreja o excomungou em 2020. O padre absolveu uma noviça de pecado sexual cometido com ele próprio. Um processo canônico analisa o caso.
A produção aponta o tratamento dado às mulheres pela instituição. Corpos femininos servem como mães ou pecadoras. Queixas de religiosas acabam ignoradas. A hierarquia remove essas mulheres do convívio e abafa os casos de exploração.
Denunciar exige coragem diante da total dependência das congregações. Freiras não recebem salário e devem obediência estrita. Romper o silêncio traz risco de isolamento ou expulsão da vida religiosa sem qualquer amparo financeiro.
Gloria Branciani e Mirjam Kovac protagonizam o documentário. Elas integraram a comunidade Loyola, na Eslovênia, fundada por Rupnik. As duas relatam aliciamento e violência sexual cometidos pelo padre no início da década de 1990.
O abusador usava a arte para justificar seus abusos. Ele defendia que a relação com Deus exigia contato físico, convencendo as religiosas a participar de atos sexuais em grupo. Ele alegava que a reprodução da Santíssima Trindade necessitava de três pessoas.
Lorena Luciano decidiu filmar após conhecer Gloria. A diretora sentiu o dever de expor o caso. Muitas histórias permanecem ocultas pelo medo. As freiras ocupam a base da estrutura católica e não possuem meios para enfrentar o poder masculino.
A equipe procurou o Vaticano durante a produção. Ninguém respondeu. Cardeais e jesuítas mantiveram sigilo total. O papa Francisco ouviu apenas Rupnik até agora o papa Leão XIV não nem deu nenhuma indicação de querer falar pessoalmente com as vítimas.
O Brasil abriga a maior obra de Rupnik no mundo. A fachada norte da Basílica de Nossa Senhora Aparecida exibe os mosaicos desde março de 2022. O padre esloveno participou da inauguração. O painel cobre quatro mil metros quadrados.
Pedras coloridas do Brasil e de outros quatro países compõem as figuras bíblicas inspiradas no Êxodo. O Santuário Nacional planejava instalar mosaicos semelhantes nas outras fachadas do templo. A administração do local não comenta o futuro do projeto.
Fiéis e vítimas pressionam igrejas no exterior para remover as obras de Rupnik. O debate sobre a retirada da arte do abusador ganha força em vários países. O custo e a logística dificultam a eliminação dos painéis instalados.
O cenário brasileiro difere do internacional. Ninguém discute a remoção dos mosaicos em Aparecida. Apagar o legado do padre exigiria descascar as paredes da basílica ou cobrir as imagens com tinta. A obra permanece intacta no santuário.
> Com informação de entrevista de Lorena Luciano em entrevista ao La Stampa e de outras fontes.

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