Pular para o conteúdo principal

Ao se aposentar, ministro Barroso vota pela descriminalização do aborto

Gilmar Mendes interrompeu o julgamento logo após o voto de Barroso. A decisão agora depende do relator Flávio Dino e do presidente Edson Fachin para ser retomada.


Prestes a deixar o Supremo Tribunal Federal, o ministro Luís Roberto Barroso votou pela descriminalização do aborto até a 12ª semana de gestação. O voto foi apresentado em sessão extraordinária do plenário virtual.

Logo depois, o ministro Gilmar Mendes pediu destaque e suspendeu o julgamento. O relator, ministro Flávio Dino, determinou a retirada do caso da pauta. A retomada depende agora de nova liberação de Dino e da definição de data pelo presidente Edson Fachin.

Barroso escreveu que "a interrupção da gestação deve ser tratada como questão de saúde pública, não de direito penal". Para ele, o debate central é se a mulher que interrompe uma gravidez deve ser presa.

O ministro
defendeu
que a
criminalização
do aborto
atinge
principalmente
meninas e
mulheres
pobres, que
não têm
acesso
adequado
ao sistema
público de
saúde

Ele afirmou que países democráticos e desenvolvidos não mantêm o aborto como crime e que "as mulheres são seres livres e iguais, dotadas de autonomia e autodeterminação para fazerem suas escolhas existenciais".

Barroso determinou que unidades públicas de saúde não criem obstáculos não previstos em lei para a realização de abortos legais, como em casos de estupro.

Segundo o voto, não cabe impor limite de tempo de gestação para esse tipo de procedimento nem exigir boletim de ocorrência policial.

Fachin abriu duas sessões extraordinárias virtuais para analisar essas decisões. O julgamento começou na noite de sexta-feira e deve seguir até o dia 24.
O voto de Barroso soma-se ao da ministra Rosa Weber, que também defendeu a descriminalização antes de se aposentar, em 2023. Rosa afirmou que "a maternidade é escolha, não obrigação coercitiva" e classificou a criminalização como violência institucional.

Em 2023, Barroso havia retirado o caso do plenário virtual após o voto de Rosa. Os dois combinaram o movimento para garantir o registro da posição dela antes da aposentadoria.

Naquele momento, Barroso considerava que o debate social e político sobre o aborto ainda não estava pronto para julgamento. O contexto incluía pressões do Congresso sobre temas como drogas e terras indígenas.

Durante sua presidência no STF, Barroso declarou diversas vezes ser favorável à descriminalização, mas adiou o julgamento para evitar acirrar disputas políticas.

Nesta sexta-feira, ele cancelou o pedido de destaque, o que liberou o retorno do caso ao plenário virtual. Solicitou a Fachin a abertura de sessão extraordinária, iniciada às 20h do mesmo dia.
A ação em análise foi apresentada em 2017 pelo PSOL. O partido contesta dois artigos do Código Penal que tipificam o aborto provocado pela gestante ou por terceiro com o consentimento dela.

O PSOL sustenta que a criminalização fere a Constituição por violar a dignidade humana, a cidadania e o direito à saúde e ao planejamento familiar. Afirma ainda que a proibição afeta de forma desproporcional as mulheres pobres.

A tendência é que o caso seja retomado no plenário físico, mas sem previsão de data. A liberação depende de Flávio Dino, que herdou a relatoria após a aposentadoria de Rosa Weber.

Barroso encerra sua carreira no STF com um voto simbólico sobre o tema, reafirmando posição favorável à autonomia reprodutiva das mulheres.

O nome mais cotado para ocupar sua vaga é o do advogado-geral da União, Jorge Messias, ligado ao governo e de perfil conservador em temas morais. Caso fosse ele a votar, seria contra a descriminalização.

A posição de Barroso segue a linha adotada por Rosa Weber e mantém viva a discussão sobre o papel do Supremo na revisão de normas penais que impactam diretamente direitos reprodutivos.

Com o voto registrado, o ministro encerra sua trajetória na Corte com uma decisão alinhada ao entendimento de que a punição do aborto não reduz sua prática e agrava riscos à saúde das mulheres.

> Com informação do STF, Agência Brasil e de outras fontes.



Comentários

Post mais lidos nos últimos 7 dias

Vicente e Soraya falam do peso que é ter o nome Abdelmassih

90 trechos da Bíblia que são exemplos de ódio e atrocidade

Limpem a boca para falar do Drauzio Varella, cristãos hipócritas!

Varella presta serviço que nenhum médico cristão quer fazer LUÍS CARLOS BALREIRA / opinião Eu meto o pau na Rede Globo desde o começo da década de 1990, quando tinha uma página dominical inteira no "Diário do Amazonas", em Manaus/AM. Sempre me declarei radicalmente a favor da pena de morte para estupradores, assassinos, pedófilos, etc. A maioria dos formadores de opinião covardes da grande mídia não toca na pena de morte, não discutem, nada. Os entrevistados de Sikera Júnior e Augusto Nunes, o povo cristão da rua, também não perdoam o transexual que Drauzio, um ateu, abraçou . Então que tipo de país de maioria cristã, tão propalada por Bolsonaro, é este. Bolsonaro é paradoxal porque fala que Jesus perdoa qualquer crime, base haver arrependimento Drauzio Varella é um médico e é ateu e parece ser muito mais cristão do que aqueles dois hipócritas.  Drauzio passou a vida toda cuidando de monstros. Eu jamais faria isso, porque sou ateu e a favor da pena de mor...

Feliciano manda prender rapaz que o chamou de racista

Marcelo Pereira  foi colocado para fora pela polícia legislativa Na sessão de hoje da Comissão de Direitos Humanos e Minoria, o pastor e deputado Marco Feliciano (PSC-SP), na foto, mandou a polícia legislativa prender um manifestante por tê-lo chamado de racista sob a alegação de ter havido calúnia. Feliciano apontou o dedo para um rapaz: “Aquele senhor de barba, chama a segurança. Ele me chamou de racista. Racismo é crime. Ele vai sair preso daqui”. Marcelo Régis Pereira, o manifestante, protestou: “Isso [a detenção] é porque sou negro. Eu sou negro”. Depois que Pereira foi retirado da sala, Feliciano disse aos manifestantes: “Podem espernear, fui eleito com o voto do povo”. O deputado não conseguiu dar prosseguimento à sessão por causa dos apitos e das palavras de ordem cos manifestantes, como “Não, não me representa, não”; “Não respeita negros, não respeita homossexuais, não respeita mulheres, não vou te respeitar não”. Jovens evangélicos manifestaram apoio ao ...

Prefeito de São Paulo veta a lei que criou o Dia do Orgulho Heterossexual

Kassab inicialmente disse que lei não era homofóbica

Físico afirma que cientistas só podem pensar na existência de Deus como hipótese

Deputado gay é ameaçado de morte no Twitter por supostos evangélicos

Resposta do deputado Jean Wyllys O militante gay e deputado Jean Wyllys (PSOL) recebeu hoje (18) pelo Twitter três ameaças de morte de supostos evangélicos. Diz uma delas: "É por ofender a bondade de Deus que você deve morrer". Outra: "Cuidado ao sair de casa, você pode não voltar". A terceira: “"A morte chega, você não tarda por esperar".  O deputado acredita que as ameaças tenham partido de fanáticos religiosos. “Esses religiosos homofóbicos, fundamentalistas, racistas e enganadores de pobres pensam que me assustam com ameaças de morte!”, escreveu ele no Twitter. Wyllys responsabilizou os pastores por essas “pessoas doentes” porque “eles as conduzem demonizando minorias”. Informou que vai acionar as autoridades para que os autores da ameaça seja penalizados. Escreveu: "Vou recorrer à Justiça toda vez que alguém disseminar o ódio racista, misógino e homofóbico no Twitter, mesmo que seja em nome de seu deus". Defensor da união civi...

Drauzio Varella afirma por que ateus despertam a ira de religiosos

Promotor nega ter se apaixonado por Suzane, mas foi suspenso

Gonçalves, hoje com 45 anos, e Suzane quando foi presa, 23 No dia 15 de janeiro de 2007, o promotor Eliseu José Berardo Gonçalves (foto), 45, em seu gabinete no Ministério Público em Ribeirão Preto e ao som de músicas românticas de João Gilberto, disse a Suzane Louise Freifrau von Richthofen (foto), 27, estar apaixonado por ela. Essa é a versão dela. Condenada a 38 anos de prisão pela morte de seus pais em outubro de 2002, a moça foi levada até lá para relatar supostas ameaças de detentas do presídio da cidade. Depois daquele encontro com o promotor, ela contou para uma juíza ter sido cortejadar.  Gonçalves, que é casado, negou com veemência: “Não me apaixonei por ela”. Aparentemente, Gonçalves não conseguiu convencer sequer o Ministério Público, porque foi suspenso 22 dias de suas atividades por “conduta inadequada” e por também por ter dispensado uma testemunha importante em outro caso. Ele não receberá o salário correspondente a esse período. O Fantástico de ontem apre...

Cinco deuses filhos de virgens morreram e ressuscitam. E nenhum deles é Jesus