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Ter pensamento crítico é se livrar de crenças em

O que o pensamento crítico de tanto se fala? É o processo de analisar informações para formar um julgamento confiável e baseado em evidências


Edzard Ernst
professor emérito da Escola de Medicina da Península, na Universidade de Exeter, Inglaterra

Continuando em outras palavras: em vez de aceitar as informações pelo seu valor aparente, o pensamento crítico envolve um processo mais profundo, rigoroso e racional. 

As principais características do pensamento crítico são: 


Investigação cética: fazer perguntas, não apenas aceitar respostas sem questionamentos. Um pensador crítico busca constantemente clareza e evidências, desafiando suposições e o status quo.

Avaliação analítica: dividir informações complexas em partes menores para entender como elas se relacionam, avaliar a credibilidade das fontes, identificar vieses e avaliar a força das evidências.

Objetividade de mente aberta: busca deixar de lado crenças e preconceitos pessoais, considerando diferentes pontos de vista e ajustando uma posição a evidências convincentes.

Reflexão proposital: ter como objetivo chegar a uma conclusão fundamentada, tomar uma decisão informada, refletir sobre os próprios processos de pensamento e corrigir falhas nos próprios argumentos.

Como o pensamento crítico difere do pensamento regular?

O pensamento regular tende a ser automático, desestruturado, influenciado pela intuição, crenças, emoções, hábitos, experiências, etc. É útil para coisas mundanas, como decidir o que vestir ou o que jantar. É semelhante ao que Daniel Kahneman chamou de “pensamento rápido”.

O pensamento crítico é um processo mais deliberado, sistemático e racional. É mais lento e exige esforço consciente. É útil para analisar um artigo de pesquisa, resolver problemas difíceis ou tomar uma decisão importante na vida. É semelhante ao que Daniel Kahneman chamou de “pensamento lento”.

Em essência, o pensamento crítico é uma forma refinada e disciplinada de contemplação que busca clareza, precisão e justiça, enquanto o pensamento comum se concentra nas coisas óbvias da vida cotidiana. 

Em outras palavras, a maioria das pessoas tem ambas as formas de pensamento à disposição, e cada uma serve a um conjunto diferente de propósitos.

Credulidade

Mas e quanto às muitas pessoas que são incapazes de pensar criticamente e empregam o pensamento convencional de forma equivocada? Há pessoas, por exemplo, pessoas que acreditam em tratamentos refutados como a homeopatia, que estão convencidas de que a teoria microbiana da doença é falsa ou pessoas que aderem a mitos antivacinação. 

Elas tendem a ser apaixonadas por suas crenças e parecem cair facilmente até mesmo nas desinformações mais óbvias. 

Essas pessoas são incapazes de entender a ciência e não estão dispostas a mudar de ideia. 

Quando confrontadas com evidências convincentes, concluem que se trata de uma conspiração. Essas pessoas jamais terão acesso ao mundo do pensamento crítico — mas, olhando pelo lado positivo, elas cumprem um propósito importante: aprimoram significativamente as habilidades de pensamento crítico do restante de nós.

> Esse texto foi publicado originalmente com o título Critical thinking … [and a praise of gullibility].

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