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Comidas como o açaí e o cará são a base para educação sobre a alimentação saudável na Amazônia

Lançado nesta quarta (27), um livro inédito vai apoiar escolas e agentes de saúde em comunidades ribeirinhas, indígenas e quilombolas da Amazônia 


Agência Bori
serviço de apoio à imprensa na cobertura da ciência

O livro Educação Alimentar e Nutricional nas escolas da Amazônia: valorizando os saberes e sabores da floresta foi desenvolvido de forma colaborativa, com participação de 117 professores e agentes comunitários de saúde de comunidades ribeirinhas, indígenas e quilombolas, além de uma equipe multidisciplinar de especialistas do Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), da Universidade Federal do Pará e da Unicef.

A obra alia o conhecimento tradicional amazônico às informações científicas sobre a qualidade nutricional de frutos como açaí e tucumã, tubérculos como mandioca e cará, peixes e outros alimentos da floresta. 

     Foto: Daniel Tredgigo / Acervo pesquisadores

O livro propõe
que a Educação
Alimentar e
Nutricional
seja tratada
de forma
transversal
no ensino, e
não apenas
em aulas

de ciências.

O currículo pode englobar desde aulas sobre a origem histórica dos alimentos tradicionais até a aplicação de conceitos matemáticos como razão e proporção a receitas culinárias locais.

No dia 20 de agosto, o trabalho foi anunciado como um dos três finalistas do Prêmio Álvara Lopes de Mello e Silva 2025, concedido pelo Conselho Regional de Nutrição da 7ª Região (CRN-7). O resultado final será divulgado nesta quinta (28).

A região amazônica apresenta índices críticos de insegurança alimentar, com taxas de anemia infantil nas comunidades ribeirinhas seis vezes maiores que a média nacional, além de aumento do consumo de produtos ultraprocessados. 

Para o pesquisador Daniel Tregidgo, do Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, o conhecimento reunido no livro pode ajudar no combate à má nutrição ao permitir a escolha da população por alimentos saudáveis. 

“Precisamos melhorar a educação alimentar e nutricional em todas as regiões do Brasil, porém os professores amazônicos reclamam que a pouca informação que chega sobre alimentação não reflete a realidade das comunidades”, avalia.

A nutricionista e mestranda da UEA Jessica Cardoso Lopes conta que a motivação para a organização da obra partiu de sua experiência de oito anos em municípios, comunidades e aldeias do médio rio Solimões. 

“Muitas vezes, professores e agentes comunitários de saúde não tinham acesso a conteúdos que integrassem nutrição e cultura local, dificultando a prática da educação alimentar e nutricional prevista no currículo escolar”, diz. 

Esse intercâmbio possibilitou a criação de uma metodologia aplicável a diferentes comunidades. “Esse é um diferencial importante: superar a predominância de materiais didáticos baseados em alimentos de outras regiões, o que muitas vezes desvaloriza a cultura alimentar amazônica”, enfatiza Lopes.

O conteúdo inclui informações sobre alimentos, histórias e atividades regionais que se relacionam com as diretrizes da Base Nacional Comum Curricular. 

“No capítulo 2, usamos farinha de mandioca como um exemplo de carboidratos, cupuaçu como fonte de vitamina C, açaí para explicar compostos bioativos, a diferença entre pilotar ou remar uma canoa para explicar gastos energéticos, e o curupira (o protetor da floresta) nos ajuda a explicar micronutrientes (protetores do nosso corpo), revela Tregidgo.

“Os saberes das comunidades tradicionais foram incorporados nas sugestões de aulas no capítulo 3, que os professores e agentes comunitários de saúde apresentaram durante as oficinas nas comunidades, e que refletem a realidade local”.

Na visão dos profissionais, o livro é uma ferramenta pedagógica que reforça a valorização cultural dos povos da floresta e contribui para a melhoria da saúde nas comunidades. 

Embora voltada para a Amazônia, a metodologia pode ser adaptada a outras regiões do Brasil, respeitando as suas especificidades alimentares e culturais. 

O projeto contou com financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM) e da Conservation, Food and Health Foundation.

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