Dados foram extraídos de notificações registradas por mulheres de 18 a 59 anos de 2011 a 2020
Jovens de 18 a 39 anos, negras, casadas e de baixa escolaridade foram as principais vítimas de violência contra a mulher em contextos rurais entre os anos de 2011 e 2020.
As violências, em sua maioria físicas (77,6%), são cometidas principalmente em suas residências por companheiros do sexo masculino.
A análise, publicada na “Revista Brasileira de Epidemiologia” na sexta (13), foi conduzida por pesquisadoras da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
O artigo parte das 79.229 notificações registradas por mulheres de 18 a 59 anos no período. Foram utilizados dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), que apontaram para a violência física como predominante, seguida por psicológica/moral (36,5%) e sexual (6,2%). Enquanto 52,5% das ocorrências de violência física têm pretas e pardas como vítimas, 33% dizem respeito a mulheres brancas, 7,1%, a indígenas e 0,7%, a amarelas.
A maioria dos casos notificados de violência física (54,7%) e psicológica (59,6%) dizem respeito às mulheres casadas. Já as solteiras foram as principais vítimas de violência sexual — 48,5%, ante a 36,6% das ocorrências entre casadas, por exemplo. Neste grupo, também são as jovens negras que mais sofrem, mas os agressores são, em maioria, desconhecidos (32,9%).
O estudo também aponta para o aumento das notificações entre 2011 e 2020, atribuído principalmente ao aprimoramento da vigilância epidemiológica.
O artigo parte das 79.229 notificações registradas por mulheres de 18 a 59 anos no período. Foram utilizados dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), que apontaram para a violência física como predominante, seguida por psicológica/moral (36,5%) e sexual (6,2%). Enquanto 52,5% das ocorrências de violência física têm pretas e pardas como vítimas, 33% dizem respeito a mulheres brancas, 7,1%, a indígenas e 0,7%, a amarelas.
A maioria dos casos notificados de violência física (54,7%) e psicológica (59,6%) dizem respeito às mulheres casadas. Já as solteiras foram as principais vítimas de violência sexual — 48,5%, ante a 36,6% das ocorrências entre casadas, por exemplo. Neste grupo, também são as jovens negras que mais sofrem, mas os agressores são, em maioria, desconhecidos (32,9%).
Marcas no corpo são provas de variados tipos de violência física |
Em 2011, houve a universalização dos procedimentos de comunicação da violência no atendimento à vítima em serviços como os de saúde e de assistência social.
Ainda assim, há uma provável subnotificação das violências, especialmente psicológicas, dada a maior dificuldade de reconhecê-las, e sexuais, por medo de julgamento e sentimentos de culpa ou vergonha por parte da vítima.
A violência física é mais facilmente detectável por marcas no corpo, assim como por ocorrências que levam à busca de unidades de saúde — principal local de encaminhamento para mulheres no meio rural, que na maioria dos casos não conta com delegacias especializadas.
Características como essas refletem a importância de estudos epidemiológicos sobre a violência neste contexto específico — raros na ciência, como ressalta a pesquisadora da Fiocruz Luciane Stochero, uma das autoras do artigo. Assim, particularidades relevantes ao direcionamento de políticas públicas acabam ignoradas.
Características como essas refletem a importância de estudos epidemiológicos sobre a violência neste contexto específico — raros na ciência, como ressalta a pesquisadora da Fiocruz Luciane Stochero, uma das autoras do artigo. Assim, particularidades relevantes ao direcionamento de políticas públicas acabam ignoradas.
O isolamento geográfico é um exemplo, assim como a falta de transporte público e as longas distâncias até a zona urbana. “Às vezes os vizinhos moram longe, e pode ser que a mulher sofra violência e não seja ouvida. As campanhas pedem para que a mulher grite, chame e peça socorro, mas e se não tiver ninguém para te ouvir? Às vezes os problemas são os mesmos, mas o enfrentamento é diferente”, explica.
As autoras Luciane Stochero e Liana Wernersbach Pinto destacam a necessidade de mais estudos sobre o tema, inclusive, considerando a diversidade brasileira.
As autoras Luciane Stochero e Liana Wernersbach Pinto destacam a necessidade de mais estudos sobre o tema, inclusive, considerando a diversidade brasileira.
“Vamos ter um rural de sertão, um rural fluvial que é o Amazonas, um rural com grandes distâncias como Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, e outro rural, no Sudeste e Sul. Este artigo pretende trazer a discussão do rural para a pesquisa”, concluem as estudiosas.
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