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Escritor brasileiro ateu submete-se à eutanásia: 'Quem decide se minha vida vale a pena sou eu'

Com Alzheimer, Cícero estava angustiado por não se lembrar de amigos, além de não conseguir ler e escrever


Na quarta-feira, 23, amigos de Antonio Cícero recebeu do escritor mensagem de despedida. “Espero ter vivido com dignidade e espero morrer com dignidade”, escreveu.

Naquele momento, na Suíça, Cícero. 79. estava se submetendo a uma eutanásia.

Com Alzheimer, o escritor tomou a iniciativa antes que piorasse, perdendo o poder de decisão sobre sua própria vida.


A perda de memória, o
sintoma da doença,
estava deixando
aflito o escritor.  Não
conseguia lembra-se
de pessoas, perdendo
a concentração
para escrever e ler

Assim, ele optou pela morte assistida com alívio. "Como sou ateu desde a adolescência, tenho consciência de que quem decide se minha vida vale a pena ou não sou eu mesmo", escreveu aos amigos.

Em artigo que publicou na Folha de S.Paulo havia 16 anos, Cícero defendeu o direito à eutanásia.

“Os defensores da eutanásia são, por vezes, acusados ​​de integrar uma 'cultura da morte'. Trata-se de uma confusão lamentável e deliberada.

“A morte é, na prática, o processo de morrer. Esse processo pode ser rápido ou demorado. O direito à eutanásia é o direito de quem está morrendo de abreviar esse processo, caso ele se torne casualmente penoso. Abreviar a morte é torná-la mais breve, menos dolorosa. Seria mais justo, portanto, dizer que aqueles que impõem a todos a morte mais prolongada e pesada é que pertencem à verdadeira 'cultura da morte.'”

Cícero era membro da Academia Brasileira de Letras (ABL). Algumas de suas poesias foram cantadas por intérpretes como Lulu Santos, Adriana Calcanhotto e Marina Lima (vídeo abaixo), sua irmã.

No Brasil, há grande resistência à eutanásia, que nem sequer é objeto de debate.

Íntegra da mensagem de Cícero a amigos

“Queridos amigos,

Encontro-me na Suíça, propõe a praticar eutanásia. O que ocorre é que minha vida se tornou insuportável. Estou sofrendo de Alzheimer.

Assim, não me lembro apenas de algumas coisas que não ocorreram apenas no passado remoto, mas as mesmas coisas que ocorreram ontem.

Exceto os amigos mais íntimos, como vocês, não mais reconheço muitas pessoas que se encontram na rua e com as quais já convivem.

Não consigo mais escrever bons poemas nem bons ensaios de filosofia.

Não consigo me concentrar nem mesmo para ler, que era a coisa de que eu mais gostava no mundo.
Apesar de tudo isso, ainda estou bastante lúcido para considerar minha situação terrível.

A convivência com vocês, meus amigos, era uma das coisas – senão a coisa – mais importante da minha vida. Hoje, do jeito em que me encontro, fico até com vergonha de reencontrá-los.

Pois bem, como sou ateu desde a adolescência, tenho consciência de que quem decide se minha vida vale a pena ou não sou eu mesmo.

Espero ter vivido com dignidade e espero morrer com dignidade.

Eu os amo muito e lhes envio muitos beijos e abraços!”


Comentários

Robert Saint disse…
Fantástica a postura do Cícero. Concordo plenamente com ele. Muitos filósofos tratam bem essa questão, colocando de forma clara que devemos ter controle sobre nossa morte, ao invés de deixa-la à esmo, na mão de outrens.

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