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Ter medo faz parte da evolução humana, mas em excesso desencadeia transtorno

Em casos extremos, o susto pode até matar, principalmente quem tem problema de coração, alerta professora


Felipe Bueno
jornalista

Jornal da USP

Você já se perguntou o porquê de algumas pessoas se interessarem por histórias de terror, contos macabros ou esportes e aventuras radicais — às vezes por todos esses? Pois bem, esse tipo de passatempo, em geral, produz uma sensação de susto repentino e, logo em seguida, a sensação de “alívio pós-medo” domina o corpo humano.

A professora Leila Tardivo, do Departamento de Psicologia Clínica do Instituto de Psicologia (IP) da Universidade de São Paulo (USP), explica que esse sentimento é necessário para o indivíduo evoluir, uma vez que isso proporciona um impulso para vencer o medo e, dessa forma, ele se satisfaz. No entanto, ela alerta que aqueles com maior vulnerabilidade psíquica ou sensorial — como idosos, crianças ou pessoas no espectro autista — devem tomar cuidado.

Medo é uma reação herdada
dos humanos primitivos
quando se escondiam
em caverna de predadore
s

Sob outro ponto de vista, Adalberto Studart, pesquisador do Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP), desenvolve: “O desencadeamento da resposta do sistema nervoso autônomo simpático libera adrenalina, o hormônio da luta ou fuga, isso causa sensação de prazer”. 

Ele acrescenta que o susto é um estímulo transitório e, pouco tempo depois, o indivíduo tem a noção de que não possui risco para sua integridade de vida.

Quando o indivíduo sofre o susto, é automaticamente aumentada sua pressão arterial, frequência respiratória e sudorese, os pelos ficam arrepiados e sua pupila é dilatada — isso é uma ação do Sistema Nervoso Autônomo Simpático, que prepara a pessoa para uma possível fuga ou combate físico. 

“Seus órgãos sensoriais primeiro captam, você vê, sente e escuta. Esses órgãos sensoriais levam essa informação para a amígdala, que desencadeia o processo e leva à ativação do sistema nervoso autônomo simpático”, afirma.

Para Leila Tardivo, essa sensação é uma reação intensa de ameaça porque é algo que sai da rotina do dia-a-dia e remonta aos tempos dos seres humanos primitivos, quando tinham de se esconder dos predadores nas cavernas: “É uma reação de alerta, nós sempre buscamos o bem-estar, o equilíbrio, então é algo que rompe isso”.

Além disso, Studart alerta que existem casos de pessoas que, durante um estímulo ao susto, sofrem uma parada cardíaca — indivíduos que já possuem alguma doença no coração — pela resposta adrenérgica. Ou seja, a expressão “vou morrer de medo” pode ser literal.

Outro ponto indicado pela docente é para situações extremas, como nas experiências vividas nas guerras, em desastres naturais ou acidentes, nas quais os indivíduos sofrem com traumas tão fortes que tanto o corpo quanto o psicológico não dão conta. 

“A comunidade internacional que trabalha com saúde mental está muito preocupada com os efeitos do desenvolvimento das crianças, principalmente nesses locais com excesso de traumas”, afirma.

O medo

De acordo com Leila, o medo é uma reação natural e necessária para o indivíduo, que leva à sua proteção enquanto espécie, contudo, ela ressalta que o seu excesso, muitas vezes infundado, leva a uma patologia: transtorno do pânico. 


Ela diz que existe um desequilíbrio voltado a alguma situação vivida, que possui um aspecto bioquímico e necessita de tratamento — sejam consultas psicólogas ou, até mesmo, medicamentos: “Não há uma ameaça real, mas é vivido como um risco fantasioso e a reação é física. Não é necessariamente algo patológico, mas traz sofrimento”, conta.

A psicóloga ainda comenta que uma pessoa sem medo corre muitos riscos, entre eles a “onipotência exagerada”, na qual o indivíduo acredita poder fazer qualquer coisa sem possuir consequências negativas para si. 

Segundo ela, o que ajudou o ser humano na conformação do medo foi o desenvolvimento da inteligência e a união entre a espécie, isto é, a pessoa necessita de apoio para superar momentos difíceis.

Leila Tardivo garante ser necessário a coletividade humana para os indivíduos cuidarem um do outro: “As pessoas podem reconhecer os seus sintomas, seus sinais, saber procurar ajuda, não entrar em desespero e não achar que são a única pessoa no mundo com isso”.

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