Pular para o conteúdo principal

Testemunha de Jeová diz que congregação não maltrata desassociado. Quem ele quer enganar?

Sob pseudônimo, leitor nega que haja hostilidade da congregação com quem é desassociado (expulsão da religião por não seguir algum dogma)


Paulo Lopes
jornalista, trabalhou na Folha de S.Paulo, Diário Popular, Editora Abril e em outras publicações

Uma pessoa que defende aqui no espaço de leitores as Testemunhas de Jeová sob o pseudônimo de William of Baskerville afirma que os desassociados (os expulsos da religião) não são maltratados por ninguém. "Simplesmente é respeitada a sua decisão de cortar a convivência com a congregação."

O argumento de Baskerville é enganoso porque quem decide romper com a congregação não significa que quer romper também com seus integrantes, entre os quais parentes e amigos. Pais e filhos, nesse caso, não decidem cortar relacionamento entre si, irmãos não decidem romper com irmãos, amigos não decidem romper a amizade.

O rompimento é imposto pela intolerância religiosa. Os fiéis das TJs sofrem lavagem cerebral para colocar no ostracismo quem sai ou é expulso da religião. Isso é vingança. É discurso de ódio. É maltrato emocional e psicológico aos ex-fiéis e fiéis. E uma afronta aos direitos humanos, e somente uma seita exerce tal controle de seus seguidores.

Para o leitor, contudo, os inúmeros relatos de ostracismo são mentiras de ex-membros, porque, afirma ele, "a vida familiar é um dos valores mais prezados pelas Testemunhas de Jeová".

"Por isso, a desassociação não afeta a responsabilidade dos pais para com os filhos nem anula o casamento. Os laços familiares são permanentes."

A quem Baskerville quer enganar? Ele próprio? 

O leitor não faz jus ao pseudônimo que adota. William of Baskerville, do romance o Nome da Rosa, de Umberto Eco, é um personagem perspicaz, é monge franciscano, mas não fanático religioso.




• Testemunhas de Jeová removem vídeos em que filha rejeita mãe desassociada

'A vida familiar é um dos
 valores mais prezados
pelas Testemunhas de Jeová'

Segue a íntegra da mensagem do leitor

Tenho observado que os indivíduos preconceituosos optam por persistir em suas atitudes discriminatórias. Entretanto, dado o seu interesse contínuo, permita-me fornecer mais uma vez uma sucinta explicação sobre o processo de desassociação.

Primeiro, gostaria de frisar que, antes de alguém ingressar nas Testemunhas de Jeová, é necessário estudar a Bíblia à luz da compreensão dessa fé. Ao tornar-se "publicadora", a pessoa realiza regularmente palestras com diversos públicos, incluindo ateus, agnósticos e membros de outras religiões. Durante esse processo, que pode durar muitos meses ou alguns anos, a pessoa tem oportunidade de comparar os ensinamentos com outras filosofias de vida.

Após isso, se ela decide tornar-se testemunha de Jeová, a pessoa faz um juramento solene em uma assembleia ou congresso com milhares de pessoas presentes, seguido pelo batismo. Portanto, as consequências de viver em desacordo com esse juramento é exclusivamente responsabilidade da pessoa, incluindo ser desassociada.

Convém também esclarecer que uma pessoa desassociada não é maltratada por ninguém. Simplesmente, é respeitada a sua decisão de cortar a convivência com a congregação. Por outro lado, caso deseje regressar, poderá fazê-lo em questão de alguns meses.

A vida familiar é um dos valores mais prezados pelas Testemunhas de Jeová. Por isso, a desassociação não afeta a responsabilidade dos pais para com os filhos nem anula o casamento. Os laços familiares são permanentes.

Os ex-membros que inundam a internet com suas mentiras, não contam a história toda. Normalmente, escondem aspectos importantes, tais como a maldade que eles praticaram e que os levou à expulsão, ou a atitude violenta que têm para com a família. (Conheço casos em que os desassociados são de tal forma agressivos que tornam impossível a convivência pacífica da família. Depois, os mesmos vão para a comunicação social a fim de chorar e se fazer de vítimas. Aqui em Portugal, por exemplo, um deles traiu a esposa, abandonou os filhos, mas vai regularmente à rádio e à televisão dizer que a religião destruiu sua família.)

Por fim, gostaria de frisar 2 pontos. Primeiro, ao contrário do que acontece na maioria das religiões, ninguém se torna testemunha de Jeová por emoção ou por tradição familiar. Logo, a responsabilidade é absolutamente da própria pessoa. Segundo, todas as pessoas, independentemente da religião, têm o direito de escolher o seu círculo de amigos. Nesse sentido, as testemunhas de Jeová não são diferentes. Portanto, não cabe aos tribunais interferir no direito alienável de escolher as amizades.

Com informação de carta de leitor.

• Justiça na Espanha decide que Testemunhas de Jeová podem ser chamadas de 'seita destrutiva'

• Ex-fiel diz por que as Testemunhas de Jeová são uma 'seita destrutiva'

• Revista das Testemunhas de Jeová afirma que ex-fiéis são 'doentes mentais'

Comentários

Já é habitual estes apologistas virem a público mentir descaradamente ou contar meias-verdades sobre a forma como as ex-Testemunhas de Jeová são tratadas. No meu livro "Apóstata! Porque abandonei as Testemunhas de Jeová", bem como nas minhas entrevistas tenho detalhado e exposto a morte social praticada por esta seita destrutiva, que à semelhança de outras, desumaniza os ex-membros e os trata como estando mortos impondo um regime totalitário contra eles.
CBTF disse…
Eles não enganam nem eles mesmos, só gente muito humilde vira TJ hoje em dia.
Bobagem!!! disse…
Entrar para uma religião não tem nenhuma diferença do que entrar em qualquer tipo de associação ou comunidade: você deve seguir regras de conduta ética e regulamentos internos, a diferença é que as TJs são muito mais organizadas e rigorosas do que a maioria das outras religiões. Quando você entra numa empresa, numa escola, num clube ou num condomínio sempre haverão regras p/ serem observadas. Se você não concordar, É SÓ NÃO ENTRAR - SIMPLES ASSIM! As pessoas sempre terão liberdade de escolha, ninguém jamais foi ou será enganado. Não adianta entrar e depois ficar questionando... Se um parente ou amigo seu entrou, lembre-se que ele também teve liberdade de escolha. Não me venha com esse papo furado, cheio de mi-mi-mi, de que fizeram "lavagem cerebral"! Simplesmente respeite e aceite a decisão de dele. Se quer tanto questionar ou criticar, então questione o seu parente ou amigo que tomou essa decisão de aceitar ou de se submeter a tais regras e não organização. Isso é mais ou menos como ser punido por violar uma regra de condomínio relacionada com horário para barulho, festas e até para receber visitas e depois ficar inconformado. Seja um pouco mais esperto antes de ficar falando tanta baboseira por ai. E só outros frustrados vem aqui para desabafar e apoiar este tipo de matéria, nada imparcial, totalmente tendenciosa, preconceituosa, intolerante e carregada de ódio.
Paulo Lopes disse…
Para sr. Bobagem, a culpa é da vítima. Bobagem, pare de dizer bobagens!
Bobagem!!! disse…
Antes de tudo, quero desculpar-me pelo "Sr. Bobagem", porque me atrapalhei na hora de postar. Queria dizer que o assunto parecia ser uma "Bobagem" desnecessária.

Meu nome é Sun Tzu.

Não sei como consertar isso agora.

Bem, esclarecido a questão do nome "ridículo" e voltado agora ao assunto principal...
Bobagem!!! disse…
Não postei o comentário anterior para fazer quaisquer apologia, seja da doutrina "A" ou da Doutrina "B". Quase sempre quando ouço ou leio expressões de alguém que argumenta usando o termo "lavagem cerebral", ironicamente parte justamente de quem demostra profunda intolerância e falta de respeito com o pensamento, crenças e decisões que são pessoais.

Assim como aquelas pessoas, na sua maioria muito simples e humildes que doam até o que não têm para as tais igrejas também conhecidas por suas "Teologias da Prosperidade". Por mais que possa parecer algum tipo de exploração, são manifestações legítimas, concientes e voluntárias de fé! E devem ser respeitadas. Temos que parar de julgar as escolhas alheias.

Você optou pelo adjetivo "VITIMA", eu certamente usaria outro muito diferente. Mas vou encerrar por aqui com as seguintes frases para reflexão ("para um bom entendedor, pingo é letra"):

● Falar da vida alheia não é notícia, é fofoca!
● Falar da vida alheia nada mais é que uma tentativa de esquecer um pouco que a própria vida é uma porcaria.
● Viver em função da vida alheia, é suicidar a própria existência.
● Vida alheia é igual boleto de vizinho. Não é da nossa conta.
Leonardo disse…
As testemunhas de jeová nem precisam desassociar um membro pra começar a tratá-lo mal, basta essa pessoa começar a demonstrar divergência de ideias e entendimentos e, logo, será excluída dos grupelhos, ser mal vista, tratada como estranha, ser pressionada pela família.

Post mais lidos nos últimos 7 dias

90 trechos da Bíblia que são exemplos de ódio e atrocidade

Ateu usa coador de macarrão como chapéu 'religioso' em foto oficial

Fundamentalismo de Feliciano é ‘opinião pessoal’, diz jornalista

Sheherazade não disse quais seriam as 'opiniões não pessoais' do deputado Rachel Sheherazade (foto), apresentadora do telejornal SBT Brasil, destacou na quarta-feira (20) que as afirmações de Marco Feliciano tidas como homofóbicas e racistas são apenas “opiniões pessoais”, o que pareceu ser, da parte da jornalista,  uma tentativa de atenuar o fundamentalismo cristão do pastor e deputado. Ficou subentendido, no comentário, que Feliciano tem também “opiniões não pessoais”, e seriam essas, e não aquelas, que valem quando o deputado preside a Comissão de Direitos Humanos e Minorias, da Câmara. Se assim for, Sheherazade deveria ter citado algumas das opiniões “não pessoais” do pastor-deputado, porque ninguém as conhece e seria interessante saber o que esse “outro” Feliciano pensa, por exemplo, do casamento gay. Em referência às críticas que Feliciano vem recebendo, ela disse que “não se pode confundir o pastor com o parlamentar”. A jornalista deveria mandar esse recado...

PMs de Cristo combatem violência com oração e jejum

Violência se agrava em SP, e os PMs evangélicos oram Houve um recrudescimento da violência na Grande São Paulo. Os homicídios cresceram e em menos de 24 horas, de anteontem para ontem, ocorreram pelo menos 20 assassinatos (incluindo o de policiais), o triplo da média diária de seis mortes por violência. Um grupo de PMs acredita que pode ajudar a combater a violência pedindo a intercessão divina. A Associação dos Policiais Militares Evangélicos do Estado de São Paulo, que é mais conhecida como PMs de Cristo, iniciou no dia 25 de outubro uma campanha de “52 dias de oração e jejum pela polícia e pela paz na cidade”, conforme diz o site da entidade. “Essa é a nossa nobre e divina missão. Vamos avante!” Um representante do comando da corporação participou do lançamento da campanha. Com o objetivo de dar assistência espiritual aos policiais, a associação PMs de Cristo foi fundada em 1992 sob a inspiração de Neemias, o personagem bíblico que teria sido o responsável por uma mobili...

Wyllys vai processar Feliciano por difamação em vídeo

Wyllys afirmou que pastor faz 'campanha nojenta' contra ele O deputado Jean Wyllys (PSOL-RJ), na foto, vai dar entrada na Justiça a uma representação criminal contra o pastor e deputado Marco Feliciano (PSC-SP) por causa de um vídeo com ataques aos defensores dos homossexuais.  O vídeo “Marco Feliciano Renuncia” de oito minutos (ver abaixo) foi postado na segunda-feira (18) por um assessor de Feliciano e rapidamente se espalhou pela rede social por dar a entender que o deputado tinha saído da presidência da Comissão dos Direitos Humanos e Minorias, da Câmara. Mas a “renúncia” do pastor, no caso, diz o vídeo em referência aos protestos contra o deputado, é à “privacidade” e às “noites de paz e sono tranquilo”, para cuidar dos direitos humanos. O vídeo termina com o pastor com cara de choro, colocando-se como vítima. Feliciano admitiu que o responsável pelo vídeo é um assessor seu, mas acrescentou que desconhecia o conteúdo. Wyllys afirmou que o vídeo faz parte de uma...

Embrião tem alma, dizem antiabortistas. Mas existe alma?

por Hélio Schwartsman para Folha  Se a alma existe, ela se instala  logo após a fecundação? Depois do festival de hipocrisia que foi a última campanha presidencial, com os principais candidatos se esforçando para posar de coroinhas, é quase um bálsamo ver uma autoridade pública assumindo claramente posição pró-aborto, como o fez a nova ministra das Mulheres, Eleonora Menicucci. E, como ela própria defende que a questão seja debatida, dou hoje minha modesta contribuição. O argumento central dos antiabortistas é o de que a vida tem início na concepção e deve desde então ser protegida. Para essa posição tornar-se coerente, é necessário introduzir um dogma de fé: o homem é composto de corpo e alma. E a Igreja Católica inclina-se a afirmar que esta é instilada no novo ser no momento da concepção. Sem isso, a vida humana não seria diferente da de um animal e o instante da fusão dos gametas não teria nada de especial. O problema é que ninguém jamais demonstrou que ...

Defensores do Estado laico são ‘intolerantes’, diz apresentadora

Evangélico quebrou centro espírita para desafiar o diabo

"Peguei aquelas imagens e comei a quebrar" O evangélico Afonso Henrique Alves , 25, da Igreja Geração Jesus Cristo, postou vídeo [ver abaixo] no Youtube no qual diz que depredou um centro espírita em junho do ano passado para desafiar o diabo. “Eu peguei todas aquelas imagens e comecei a quebrar...” [foto acima] Na sexta (19), ele foi preso por intolerância religiosa e por apologia do ódio. “Ele é um criminoso que usa a internet para obter discípulos”, disse a delegada Helen Sardenberg, depois de prendê-lo ao término de um culto no Morro do Pinto, na Zona Portuária do Rio. Também foi preso o pastor Tupirani da Hora Lores, 43. Foi a primeira prisão no país por causa de intolerância religiosa, segundo a delegada. Como 'discípulo da verdade', Alves afirma no vídeo coisas como: centro espírito é lugar de invocação do diabo, todo pai de santo é homossexual, a imprensa e a polícia estão a serviço do demônio, na Rede Globo existe um monte de macumbeiros, etc. A...

Físico afirma que cientistas só podem pensar na existência de Deus como hipótese

Apoio de âncora a Feliciano constrange jornalistas do SBT

Opiniões da jornalista são rejeitadas pelos seus colegas O apoio velado que a âncora Rachel Sheherazade (foto) manifestou ao pastor-deputado Marco Feliciano (PSC-SP)  deixou jornalistas e funcionários do "SBT Brasil" constrangidos. O clima na redação do telejornal é de “indignação”, segundo a Folha de S.Paulo. Na semana passada, Sheherazade minimizou a importância das afirmações tidas como homofóbicas e racistas de Feliciano, embora ele seja o presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, dizendo tratar-se apenas de “opinião pessoal”. A Folha informou que os funcionários do telejornal estariam elaborando um abaixo assinado intitulado “Rachel não nos representa” para ser encaminhado à direção da emissora. Marcelo Parada, diretor de jornalismo do SBT, afirmou não saber nada sobre o abaixo assinado e acrescentou que os âncoras têm liberdade para manifestar sua opinião. Apesar da rejeição de seus colegas, Sheherazade se sente segura no cargo porque ela cont...