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Mulheres barram o avanço da extrema direita no Brasil e em outros países

Em várias regiões, votos dos homens tendem a fortalecer a onda ultraconservadora


JOSÉ EUSTÁQUIO DINIZ
doutor em demografia

ECODEBATE
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“O grau de emancipação das mulheres é o termômetro através do qual se mede a emancipação de toda a sociedade”. Charles Fourier (1772-1837)

Na maioria dos países, as mulheres conquistaram o direito de voto no século XX, mas continuaram excluídas dos espaços de poder e permaneceram minoria do eleitorado. Mas o quadro mudou no século XXI. 

De modo geral, as mulheres avançaram na educação, no mercado de trabalho e na política, conquistando maiores graus de empoderamento em grande parte do mundo.

Diante da onda de extrema direita que atinge diversos países, as mulheres têm sido uma barreira à maré ultraconservadora

O gráfico abaixo, do jornal El País (27/10/2023), apresenta os dados de intenção de voto, por sexo, em 12 eleições recentes ao redor do mundo e mostra que as mulheres foram decisivas para impedir a chegada da ultradireita ao poder ou impediram a reeleição de candidatos ultradireitistas.

Verifica-se que, na maioria dos países, uma maior proporção de homens declara voto em partidos e candidatos populistas e de extrema direita, enquanto uma menor proporção de mulheres acompanha a onda conservadora.

Número de homens e mulheres no
eleitorado brasileiro (1974-2022)

FONTE: EL PAÍS

O caso do Brasil é exemplar. As mulheres brasileiras são maioria da população desde a década de 1940, mas continuaram minoria do eleitorado até o final do século XX. 

Somente no século XXI as mulheres passaram a ser maioria do eleitorado e ampliaram a vantagem rapidamente e, em 2022, já havia mais de 8 milhões de mulheres a mais do que homens no eleitorado, conforme mostra o gráfico abaixo.

Intenção de votos de homens e mulheres em
 candidatos ou partidos de extrema direita

FONTE: EL PAÍS

As intenções de voto indicaram que os homens eram maioria entre os eleitores do candidato Jair Bolsonaro e as mulheres eram maioria entre os eleitores do candidato Luiz Inácio Lula da Silva. Como a diferença final das urnas no segundo turno foi em torno de 2 milhões de votos, não resta dúvidas de que as mulheres brasileiras foram fundamentais para barrar a reeleição do candidato ultraconservador no Brasil em 2022.

Tudo indica que as mulheres serão decisivas no segundo turno das eleições presidenciais argentinas em 19 de novembro de 2023. O eleitorado argentino consta com 18,2 milhões de mulheres aptas a votar e 17,6 milhões de homens. As mulheres são maioria, mas com uma diferença bem menor do que no Brasil.

As pesquisas eleitorais da Argentina indicam resultados contraditórios e uma pequena diferença na intenção de voto entre Javier Milei e Sérgio Massa. 

As mulheres argentinas podem ser decisivas, uma vez que estão se mobilizando em defesa dos direitos sexuais e reprodutivos e pela ampliação dos direitos de cidadania e a favor de maior equidade de gênero.

Neste sentido, as argentinas colocaram um freio às propostas conservadoras e super neoliberais do candidato autodenominado anarcocapitalista no primeiro turno das eleições presidenciais ocorridas em outubro. 

Apesar da falta de alternativas e de uma situação de crise econômica severa, pode ser que as mulheres consigam barrar os avanços da onda de ultradireita em 19 de novembro na Argentina.

Com informação do El País e de outras fontes.

• Mulheres são 80% das pessoas forçadas a migrar por mudança climática, informa a ONU

• Censo 2022 revela que mulheres são maioria em todas as regiões pela primeira vez

• As mulheres deveriam ficar longe do cristianismo. Oito razões

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