por Eduardo Banks
O Pontifex Maximus e Soberano da Cidade do Estado do Vaticano atualmente reinante, Francisco, ou antes Jorge Mario Bergoglio, demonstrou não saber como vivem os ateus ao dizer na Audiência Geral de 2 de janeiro de 2019 que “C’è gente che è capace di tessere preghiere atee, senza Dio e lo fanno per essere ammirati dagli uomini. E quante volte noi vediamo lo scandalo di quelle persone che vanno in chiesa e stanno lì tutta la giornata o vanno tutti i giorni e poi vivono odiando gli altri o parlando male della gente. Questo è uno scandalo! Meglio non andare in chiesa: vivi così, come fossi ateo.”[1]; a hipocrisia é um fenômeno estritamente religioso, em que o hipócrita intenta aparentar ser mais devoto aos preceitos da religião do que o comum dos fiéis, o que é impensável no ateísmo, como em qualquer via de pensamento livre: não é possível alguém ser mais ou menos descrente do que outrem, por isso que o ateísmo não tem gradações como na hierarquia de uma igreja, e todos os ateus são iguais na sua descrença (embora possam diferir no que descreiam, como na dicotomia entre ateus e agnósticos, que desaparece no plano prático).
Também é um fenômeno interno das religiões monoteístas o hábito, reprovado pelo Pontífice, de odiar e falar mal das outras pessoas, inerente a quem pretende ter a própria “salvação” garantida, e sente tanto orgulho de ser fiel de uma dessas religiões, que se julga no “direito” de recriminar inclusive aos que convivem na mesma igreja.
Dentro da teologia cristã, esse movimento interno é estudado na psicologia dos demônios, que, por se considerarem muito superiores na ordem da contingência, não quiseram servir ao Ser necessário em sua ordem de obsequiar aos humanos, o que melindrou o orgulho dos anjos que terminaram por cair. Veja-se que o ateísmo é impossível entre demônios [leia-se, a propósito, a “Suma Teológica” de Santo Tomás de Aquino, Pars Iᵃᵉ, q.56 a3.], e que a “fé dos demônios” é apenas uma contrapartida da própria fé seguida pelos “santos anjos” e pela Igreja, a qual não é capaz de superá-la.
Ao comparar esses cristãos que prestariam contra-testemunho de sua fé aos ateus, o próprio Francisco-Bergoglio emitiu um juízo negativo e, com isso, ele mesmo falou mal dos ateus, depreciando-os, e ainda revelou sua ignorância no assunto, porque os ateus não vivem odiando aos outros ou falando mal das pessoas.
Porque o ateísmo não reconhece nenhuma ética ou moral como “eterna”, nem admite “valores perenes”, não existe para ele uma bússola de mandamentos como a de que se arrogam os cristãos de seguir, e cujo ponteiro é usado não apenas para dar o Norte, mas também para se o apontar à face dos seus semelhantes como um dedo index perenemente enristado.
Se esses homens a que se refere o Soberano do Vaticano vivessem como ateus, não teriam um padrão com que julgar ou falar mal das outras pessoas, visto que os valores envolvidos nos juízos morais são informados pela própria necessidade de sobrevivência, tanto do indivíduo quanto do grupo social em que ele estiver inserido.
O dilema moral aparece, quando surde alguma colidência de interesses nas relações entre indivíduos ou entre os indivíduos e o grupo. A solução “moral” mais elevada é a que consegue mais eficazmente dirimir esses conflitos e permitir a sobrevivência do maior número, com o mínimo de intervenção do grupo sobre o indivíduo, ou dos indivíduos uns com os outros, ou de um indivíduo sobre o grupo, nas hipóteses de dominância de um sobre muitos, quanto nas de crime contra a sociedade. Não existe “lei moral”, mas apenas acordo entre interesses.
Assim, não existe nenhuma revelação moral que venha da parte de um Deus; não há um objetivo ou propósito a seguir, ou lei a obedecer, e é isso o que torna possíveis até mesmo as muitas religiões, pois se houvesse um único “mundo espiritual” além da vida, a exemplo do que vemos existir em nosso mundo físico idêntico para todos os homens, somente uma única religião poderia ser a verdadeira, excluindo às demais. É por vivermos em um mundo sem Deus, que existem as religiões.
Portanto, exatamente ao contrário do que recomenda o Soberano da Cidade do Estado do Vaticano, deve continuar frequentando a sua igreja quem crê em valores perenes e, em consequência, tem o costume de julgar e apontar o dedo para seus semelhantes, odeia, faz intrigas e fala mal, principalmente pelas costas; que ninguém se escandalize! A Igreja é o local certo para essas pessoas, que no ateísmo não teriam padrões com que erigir seus julgamentos, e sequer saberiam viver como ateus.
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A responsabilidade dos comentários é de seus autores.
O Pontifex Maximus e Soberano da Cidade do Estado do Vaticano atualmente reinante, Francisco, ou antes Jorge Mario Bergoglio, demonstrou não saber como vivem os ateus ao dizer na Audiência Geral de 2 de janeiro de 2019 que “C’è gente che è capace di tessere preghiere atee, senza Dio e lo fanno per essere ammirati dagli uomini. E quante volte noi vediamo lo scandalo di quelle persone che vanno in chiesa e stanno lì tutta la giornata o vanno tutti i giorni e poi vivono odiando gli altri o parlando male della gente. Questo è uno scandalo! Meglio non andare in chiesa: vivi così, come fossi ateo.”[1]; a hipocrisia é um fenômeno estritamente religioso, em que o hipócrita intenta aparentar ser mais devoto aos preceitos da religião do que o comum dos fiéis, o que é impensável no ateísmo, como em qualquer via de pensamento livre: não é possível alguém ser mais ou menos descrente do que outrem, por isso que o ateísmo não tem gradações como na hierarquia de uma igreja, e todos os ateus são iguais na sua descrença (embora possam diferir no que descreiam, como na dicotomia entre ateus e agnósticos, que desaparece no plano prático).
Também é um fenômeno interno das religiões monoteístas o hábito, reprovado pelo Pontífice, de odiar e falar mal das outras pessoas, inerente a quem pretende ter a própria “salvação” garantida, e sente tanto orgulho de ser fiel de uma dessas religiões, que se julga no “direito” de recriminar inclusive aos que convivem na mesma igreja.
Francisco-Bergoglio emitiu juízo negativo sobre os ateus |
Dentro da teologia cristã, esse movimento interno é estudado na psicologia dos demônios, que, por se considerarem muito superiores na ordem da contingência, não quiseram servir ao Ser necessário em sua ordem de obsequiar aos humanos, o que melindrou o orgulho dos anjos que terminaram por cair. Veja-se que o ateísmo é impossível entre demônios [leia-se, a propósito, a “Suma Teológica” de Santo Tomás de Aquino, Pars Iᵃᵉ, q.56 a3.], e que a “fé dos demônios” é apenas uma contrapartida da própria fé seguida pelos “santos anjos” e pela Igreja, a qual não é capaz de superá-la.
Ao comparar esses cristãos que prestariam contra-testemunho de sua fé aos ateus, o próprio Francisco-Bergoglio emitiu um juízo negativo e, com isso, ele mesmo falou mal dos ateus, depreciando-os, e ainda revelou sua ignorância no assunto, porque os ateus não vivem odiando aos outros ou falando mal das pessoas.
Porque o ateísmo não reconhece nenhuma ética ou moral como “eterna”, nem admite “valores perenes”, não existe para ele uma bússola de mandamentos como a de que se arrogam os cristãos de seguir, e cujo ponteiro é usado não apenas para dar o Norte, mas também para se o apontar à face dos seus semelhantes como um dedo index perenemente enristado.
Se esses homens a que se refere o Soberano do Vaticano vivessem como ateus, não teriam um padrão com que julgar ou falar mal das outras pessoas, visto que os valores envolvidos nos juízos morais são informados pela própria necessidade de sobrevivência, tanto do indivíduo quanto do grupo social em que ele estiver inserido.
O dilema moral aparece, quando surde alguma colidência de interesses nas relações entre indivíduos ou entre os indivíduos e o grupo. A solução “moral” mais elevada é a que consegue mais eficazmente dirimir esses conflitos e permitir a sobrevivência do maior número, com o mínimo de intervenção do grupo sobre o indivíduo, ou dos indivíduos uns com os outros, ou de um indivíduo sobre o grupo, nas hipóteses de dominância de um sobre muitos, quanto nas de crime contra a sociedade. Não existe “lei moral”, mas apenas acordo entre interesses.
Assim, não existe nenhuma revelação moral que venha da parte de um Deus; não há um objetivo ou propósito a seguir, ou lei a obedecer, e é isso o que torna possíveis até mesmo as muitas religiões, pois se houvesse um único “mundo espiritual” além da vida, a exemplo do que vemos existir em nosso mundo físico idêntico para todos os homens, somente uma única religião poderia ser a verdadeira, excluindo às demais. É por vivermos em um mundo sem Deus, que existem as religiões.
Portanto, exatamente ao contrário do que recomenda o Soberano da Cidade do Estado do Vaticano, deve continuar frequentando a sua igreja quem crê em valores perenes e, em consequência, tem o costume de julgar e apontar o dedo para seus semelhantes, odeia, faz intrigas e fala mal, principalmente pelas costas; que ninguém se escandalize! A Igreja é o local certo para essas pessoas, que no ateísmo não teriam padrões com que erigir seus julgamentos, e sequer saberiam viver como ateus.
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