'Sentia uma culpa horrível' |
Irritava-se com números que tivesse 3. Tinha necessidade de tocar na parede e maçaneta. Não suportava tapete torto no chão. A arrumação de seu quarto tinha de ser simétrica.
O diagnóstico da doença ocorreu quando tinha 14 anos e nessa época ela piorou.
As obsessões incluíram a religião.
Quando sua mãe saía para trabalhar, Karolyne repetia sem parar “Deus, não deixe nada acontecer”, machucando sua pele para aliviar a ansiedade.
“Eu achava que os meus rituais de orações eram poderosos e capazes de evitar o mal. [Em uma oportunidade], fiquei nesse processo durante seis horas e só parei quando minha mãe voltou para casa. Minha mente ficou completamente conturbada.”
Frequentar a igreja se tornou um tormento.
“[...] toda vez que eu ia à missa tinha pensamentos obscenos com o padre”, diz ela em depoimento ao portal Uol.
“Sentia uma culpa horrível, pedia perdão a Deus e fazia rituais repetitivos de orações para me livrar daquilo. Eu não suportava pensar aquelas coisas, me causava muita angústia e sofrimento, pois eu me considerava a maior pecadora.”
Ao padre, no confessionário, ela dizia que não conseguia se concentrar na missa.
“Ele [o padre] falava que meus pecados estavam perdoados e me dava a penitência. Eu chegava em casa e rezava muito, mas não era o suficiente. Me sentia impura.”
Karolyne deixou de ir à missa e só voltou quando se sentiu melhor.
A melhora tem sido o resultado de uma luta diária contra o TOC.
Submete-se a um tratamento médico há seis anos e toma medicamentos.
Ela tem obtido apoio, também, da ASTOC (Associação Solidária do TOC e Síndrome de Tourette).
“Hoje, estou muito melhor, eu ainda tenho alguns sintomas, mas falo para o meu TOC: ‘Você tinha o poder e controle sobre mim, agora eu controlo você’”.
Karolyne sabe que não é bom sinal se voltar a desejar muito a ajuda de Deus, com orações.
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