Pular para o conteúdo principal

Ateus no Paquistão têm vida secreta para não serem mortos


Sair das sombras é fatal

por Mobeen Azhar
para BBC News

Ser ateu no Paquistão pode ser fatal. Mas, a portas fechadas, os descrentes estão se juntando para apoiar uns aos outros.
Como eles sobrevivem em uma nação onde a blasfêmia carrega uma sentença de morte?

Omar, que recebeu o nome de um dos califas mais venerados do Islã, rejeitou a fé de seus antepassados. Ele é um dos fundadores de um grupo online que serve como ponto de encontro para ateus de todo o país.

Mas até ali dentro ele tem que se proteger. Todos os membros do grupo usam identidades falsas.

"Você precisa tomar cuidado com as pessoas de quem se aproxima. Não dá pra se sentir seguro", diz ele.

No Paquistão, publicações online sobre ateísmo podem ter sérias conseqüências.

De acordo com uma lei de crimes cibernéticos aprovada recentemente, passou a ser ilegal publicar conteúdo na internet - mesmo em fóruns privados - que possa ser considerado blasfêmia.

Campanha para
denúncia de conteúdo
com blasfêmia

O governo divulgou anúncios em jornais pedindo que as pessoas denunciem qualquer conteúdo que acreditem ser blasfemo.

E a lei está sendo aplicada. Em junho de 2017, no primeiro caso do tipo, Taimoor Raza foi condenado à morte por uma publicação no Facebook.

Zahir [pseudônimo] é um ativista que usa as redes sociais para expressar suas ideias sobre ateísmo e comentar sobre a política paquistanesa.

A pedido da BBC, ele escreveu: "Eu tive quatro contas do Twitter em um ano. A última foi bloqueada na noite passada. Não importa quão vagos sejam meus detalhes ou se as fotos que uso são genéricas. É como se alguém estivesse me assistindo. Toda vez que isso acontece, eu sinto que eu deveria desistir. Eles querem me silenciar."

Casos como o de Zahir fazem com que ateus paquistaneses sintam que sua capacidade de questionar publicamente a existência de Deus está ameaçada.

Para Omar, o governo está em guerra com os blogueiros ateus.

"Um amigo meu costuma escrever contra o fundamentalismo religioso. Nós administrávamos o grupo (online) juntos. Eu fiquei sabendo que ele foi brutalmente torturado. Uma vez que você é sequestrado, há uma grande chance de seu corpo voltar em uma mala", diz.

Este ano, seis ativistas teriam sido sequestrados depois de publicar em fóruns que são pró-ateísmo e contrários ao governo.

Um deles falou com a BBC, mas não quis ser identificado. Ele afirma que o serviço de inteligência do Paquistão quer acabar não só com as críticas ao islamismo, mas também com as críticas ao Estado.

Na sua opinião, o governo está tentando impor a noção de que um bom cidadão tem que ser, obrigatoriamente, um bom muçulmano.

Falar em público
sobre o ateísmo
pode ser fatal

O Paquistão comemora neste ano seu 70º ano de independência. Desde 1956, é uma república islâmica. Muitos ateus, no entanto, sentem que a nação é mais monolítica do que nunca.

Nos últimos anos, eles dizem, a fé islâmica tornou-se mais visível na vida pública. O código de vestimenta saudita é aplicado cada vez mais entre homens e mulheres. Os evangelistas na televisão moldam a cultura pop e a identidade paquistanesa está cada vez mais ligada à muçulmana.

Embora o ateísmo não seja tecnicamente ilegal no Paquistão, a apostasia (renúncia de uma religião ou crença) é considerada passível de punição com a morte em algumas interpretações do Islã. Por isso, falar em público sobre o tema pode ser fatal.

Muitos ateus paquistaneses se encontram em reuniões secretas, para as quais é preciso ser convidado.

Os ateus de Lahore, no nordeste do país, têm encontros mensais em edifícios protegidos por seguranças ou em casas particulares.

Um dos presentes explica: "É como se fosse uma sociedade secreta. É uma bolha na qual podemos conversar. Não falamos apenas sobre ideias de Richard Dawkins ou de Sam Harris (críticos das religiões). Podemos falar apenas sobre como estão as coisas. É um lugar onde você pode relaxar e ser você mesmo."

Nesses encontros, os ateus são predominantemente pessoas urbanas, de classe alta e que falam inglês. O dinheiro concede algum grau de privilégio e proteção para aqueles que não acreditam em Deus. Mas muitos também vivem nas aldeias do Paquistão.

O título acima é de autoria deste site.




Paquistão censura Twitter por causa de caricaturas de Maomé


Comentários

Post mais lidos nos últimos 7 dias

Vicente e Soraya falam do peso que é ter o nome Abdelmassih

90 trechos da Bíblia que são exemplos de ódio e atrocidade

Limpem a boca para falar do Drauzio Varella, cristãos hipócritas!

Varella presta serviço que nenhum médico cristão quer fazer LUÍS CARLOS BALREIRA / opinião Eu meto o pau na Rede Globo desde o começo da década de 1990, quando tinha uma página dominical inteira no "Diário do Amazonas", em Manaus/AM. Sempre me declarei radicalmente a favor da pena de morte para estupradores, assassinos, pedófilos, etc. A maioria dos formadores de opinião covardes da grande mídia não toca na pena de morte, não discutem, nada. Os entrevistados de Sikera Júnior e Augusto Nunes, o povo cristão da rua, também não perdoam o transexual que Drauzio, um ateu, abraçou . Então que tipo de país de maioria cristã, tão propalada por Bolsonaro, é este. Bolsonaro é paradoxal porque fala que Jesus perdoa qualquer crime, base haver arrependimento Drauzio Varella é um médico e é ateu e parece ser muito mais cristão do que aqueles dois hipócritas.  Drauzio passou a vida toda cuidando de monstros. Eu jamais faria isso, porque sou ateu e a favor da pena de mor...

Feliciano manda prender rapaz que o chamou de racista

Marcelo Pereira  foi colocado para fora pela polícia legislativa Na sessão de hoje da Comissão de Direitos Humanos e Minoria, o pastor e deputado Marco Feliciano (PSC-SP), na foto, mandou a polícia legislativa prender um manifestante por tê-lo chamado de racista sob a alegação de ter havido calúnia. Feliciano apontou o dedo para um rapaz: “Aquele senhor de barba, chama a segurança. Ele me chamou de racista. Racismo é crime. Ele vai sair preso daqui”. Marcelo Régis Pereira, o manifestante, protestou: “Isso [a detenção] é porque sou negro. Eu sou negro”. Depois que Pereira foi retirado da sala, Feliciano disse aos manifestantes: “Podem espernear, fui eleito com o voto do povo”. O deputado não conseguiu dar prosseguimento à sessão por causa dos apitos e das palavras de ordem cos manifestantes, como “Não, não me representa, não”; “Não respeita negros, não respeita homossexuais, não respeita mulheres, não vou te respeitar não”. Jovens evangélicos manifestaram apoio ao ...

Prefeito de São Paulo veta a lei que criou o Dia do Orgulho Heterossexual

Kassab inicialmente disse que lei não era homofóbica

Físico afirma que cientistas só podem pensar na existência de Deus como hipótese

Deputado gay é ameaçado de morte no Twitter por supostos evangélicos

Resposta do deputado Jean Wyllys O militante gay e deputado Jean Wyllys (PSOL) recebeu hoje (18) pelo Twitter três ameaças de morte de supostos evangélicos. Diz uma delas: "É por ofender a bondade de Deus que você deve morrer". Outra: "Cuidado ao sair de casa, você pode não voltar". A terceira: “"A morte chega, você não tarda por esperar".  O deputado acredita que as ameaças tenham partido de fanáticos religiosos. “Esses religiosos homofóbicos, fundamentalistas, racistas e enganadores de pobres pensam que me assustam com ameaças de morte!”, escreveu ele no Twitter. Wyllys responsabilizou os pastores por essas “pessoas doentes” porque “eles as conduzem demonizando minorias”. Informou que vai acionar as autoridades para que os autores da ameaça seja penalizados. Escreveu: "Vou recorrer à Justiça toda vez que alguém disseminar o ódio racista, misógino e homofóbico no Twitter, mesmo que seja em nome de seu deus". Defensor da união civi...

Drauzio Varella afirma por que ateus despertam a ira de religiosos

Promotor nega ter se apaixonado por Suzane, mas foi suspenso

Gonçalves, hoje com 45 anos, e Suzane quando foi presa, 23 No dia 15 de janeiro de 2007, o promotor Eliseu José Berardo Gonçalves (foto), 45, em seu gabinete no Ministério Público em Ribeirão Preto e ao som de músicas românticas de João Gilberto, disse a Suzane Louise Freifrau von Richthofen (foto), 27, estar apaixonado por ela. Essa é a versão dela. Condenada a 38 anos de prisão pela morte de seus pais em outubro de 2002, a moça foi levada até lá para relatar supostas ameaças de detentas do presídio da cidade. Depois daquele encontro com o promotor, ela contou para uma juíza ter sido cortejadar.  Gonçalves, que é casado, negou com veemência: “Não me apaixonei por ela”. Aparentemente, Gonçalves não conseguiu convencer sequer o Ministério Público, porque foi suspenso 22 dias de suas atividades por “conduta inadequada” e por também por ter dispensado uma testemunha importante em outro caso. Ele não receberá o salário correspondente a esse período. O Fantástico de ontem apre...

Cinco deuses filhos de virgens morreram e ressuscitam. E nenhum deles é Jesus