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Geração Y é mais receptiva às formas alternativas de família

Pesquisa revela que jovens
aceitam casamento gay
por Itamar Melo
para Zero Hora

Três anos atrás, um grupo de pesquisadores da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) deu início a um projeto que levaria a uma revelação surpreendente: apesar de todas as mudanças comportamentais das últimas décadas, o jovem brasileiro ainda tinha entre suas grandes aspirações a formação de uma família.

O mesmo grupo acaba de concluir uma ampla pesquisa que confere contornos mais nítidos àquela descoberta: sim, a chamada geração Y continua a sonhar com uma família, mas o que ela entende por família é uma coisa bastante diferente do conceito tradicional.

– Houve um processo de transformação. Para essa geração, a família pode ter outros vieses e outros formatos – observa Ilton Teitelbaum, coordenador do núcleo de pesquisa do Espaço Experiência, ligado à Faculdade de Comunicação Social (Famecos), responsável pelo projeto.

A pesquisa Ideias e Aspirações do Jovem Brasileiro sobre Conceitos de Família foi realizada com 1,5 mil pessoas entre 18 e 34 anos, de todas as regiões do país. Os entrevistados foram selecionados de forma a refletir uma amostra representativa da sociedade. O retrato que emergiu daí evidencia que o Brasil está mudando.

Um primeiro dado que chama a atenção diz respeito à orientação sexual: chega a 28% a proporção de jovens que se declaram homossexuais ou bissexuais, o que Teitelbaum define como um “choque de gênero”. Outro choque é religioso. O Brasil pode ser considerado o maior país católico do mundo, mas entre os jovens essa opção é minoritária. Apenas um em cada três dizem seguir a igreja de Roma. Os ateus e agnósticos somam 25,5%.

No que diz respeito à família em si, a aceitação de formas alternativas é expressiva. A maior parte dos jovens não pretende casar na igreja, não rejeita nenhuma forma de organização familiar e acredita que os papéis de mãe e pai são unissex.

– Essa geração é permeável a várias formas de família. Entende que a vida é para ser vivida, não para ser ditada. Não se enquadra 100% nos padrões do passado. Para ela, as tarefas do lar podem ser exercidas tanto pelo homem quanto pela mulher – afirma Teitelbaum.

O pesquisador observa também que os jovens da atualidade são imediatistas e pensam primeiro no “eu” – antes de se casar, por exemplo, querem arrumar a vida. Eles também têm como característica um certo utilitarismo no que diz respeito à família: sua visão é de que o grupo familiar é algo prático e útil. E é, claro, uma geração superconectada, para a qual ter internet e wifi é algo muito mais importante do que possuir um freezer ou um carro.





Ateus já representam 19,4% da população de jovens brasileiros

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