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Ex-TJ escreve livro sobre abuso que sofreu de sacerdote


O norte-americana Bo Juel esperou chegar a meia-idade para escrever algo que ocorreu em sua adolescência e que o atormenta até hoje. Ele sofreu abuso sexual de um ancião, que é como se chama pastor da igreja fundamentalista Testemunhas de Jeová.

Em The Least of God’s Priorities, ele conta que se casou aos 18 anos e decidiu sair da igreja aos 23, após saber que o seu algoz, que tinha sido afastado, estava de volta aos cultos.

Com ocorre com todos que saem ou são expulsos das TJs, Juel passou a ser ignorado por sua família. Ele reclama de não poder ver seus dois filhos e netos.

Anos depois de ter deixado a igreja, ele ligou para seu avô e ouviu isto: “Bo, se tivesse vivido há dois mil anos, você seria apedrejado e eu teria jogado a primeira pedra”.

Chegou a tentar o suicídio.

Juel se tornou um ativista com o objetivo de alertar as pessoas sobre os sacerdotes pedófilos e os riscos de frequentar uma religião.

No trecho do livro abaixo, com tradução de Marcos Souza, Juel fala sobre o dia em que contou a sua família sobre o abuso.




"Eu não podia falar com
ninguém sobre isso..."


Igreja abafou
estupro cometido
por ancião
Eu não podia contar a ninguém sobre o que estava acontecendo. Eu não podia dizer nada a ninguém. Eu assisti esse homem mau ficar em pé na frente de um Salão do Reino e pregar sobre moralidade, sobre homens que fazem sexo com homens e outros pecados que pessoas cometeram, agindo como se ele estivesse cheio de justiça. Ele falou à congregação sobre tudo isso ao mesmo tempo em que eu estava sentado lá na plateia, sabendo que tipo de monstro doente ele era.

Eu sabia, e eu sentia que estava sozinho. Eu não podia falar com ninguém sobre isso porque eu sabia o que ele faria para mim se eu dissesse. Eu tinha passado muitas horas naquele pequeno quarto, sabendo que, se ele quisesse, ele poderia me jogar lá e sumir com a chave, e ninguém jamais me encontraria. Ratos iriam me comer. Eu sabia que aquilo era o que aconteceria se eu contasse a alguém alguma coisa do que estava acontecendo.

O abuso continuou por muitos anos. Eu mal posso me lembrar de alguma coisa desse período da minha vida. Eu tenho todas essas lembranças terríveis e nada mais. Nada bom. Nada agradável, apenas dor e sofrimento e um espírito que quase morreu. Eu lutei para permanecer vivo e são nesses anos, algo que nenhuma criança dessa idade deve ter que fazer. Eu estava sempre com medo.

Ao mesmo tempo, eu comecei a entender o que acreditávamos como Testemunhas de Jeová, e essas crenças me assustaram ainda mais. Acreditávamos sem compaixão que Deus iria matar 99,9% dos seres humanos que vivem. Acreditávamos que fomos escolhidos para sobreviver, e que nós seríamos os únicos sobreviventes. Nós acreditávamos que estávamos melhor do que o resto da humanidade. 

Nós acreditávamos que Deus tinha escolhido a Watchtower Bible and Tract Society of New York para ser sua única organização aqui na terra, que estávamos no caminho certo, e que todo mundo estava errado. Todo o mundo. Nós ainda acreditávamos que Deus pode ler seus pensamentos, e se você peca em sua mente, então você está condenado.

Fico doente ao pensar em todas as noites em que eu estava orando para este deus, pedindo que ele me preservasse vivo. Eu prometi em minhas orações que eu nunca mais teria sequer um único pensamento mau novamente. No entanto, eu nunca lhe pedi para me salvar do abuso. Que razão eu teria para isso? Era um dos anciãos de nossa congregação que estava fazendo isso comigo. Um dos anciãos de Deus, que havia sido nomeado pelo Espírito Santo de Deus para liderar a congregação. Como eu poderia pedir a Deus que fizesse um de seus anciãos parar o que estava fazendo? Isso seria como dizer que o Espírito Santo tinha cometido um erro. O Espírito santo de Deus não comete erros, de modo que quem estava errado era eu, certo? Essa foi minha forma de pensar enquanto garoto, então eu apenas me entreguei ao meu destino e vivi lidando com o abuso todos esses anos. Eu fiquei quieto, até que em algum momento em 1981 toda a barragem dentro de mim simplesmente quebrou.


Posteriormente, contei a minha família sobre que o ancião me  fez e disse que não queria mais ir para as reuniões. Minha mãe arranjou que eu falasse com um policial, o que não pareceu adiantar de muita coisa.

Mais ou menos um mês depois que o policial esteve em nossa casa, perguntei a minha mãe o que iria acontecer com o homem que fez isso comigo. Ela evitou uma resposta direta, o que significa geralmente que a pessoa está escondendo alguma coisa ou não quer responder. Em vez disso, ela apenas me pediu para perguntar ao meu pai.

Foi o que eu fiz. Meu pai olhou para mim e disse: "Você sabe que, se isso se torna um caso em tribunal, você vai ter que sentar e dizer tudo na frente de um monte de gente, certo?" Eu não respondi. Ele continuou: "Se isto for a tribunal, haverá lá jornalistas com câmeras e eles vão tirar foto de você e colocá-la na primeira página do jornal. Todos os seus colegas vão ver o que aconteceu com você, e você não quer isso, não é? Eu balancei minha cabeça concordando.

Ele continuou: "Eu achei que não. É por isso que não haverá nenhum processo judicial, não haverá jornalistas, e não haverá mais conversa sobre isso, nunca mais. O homem que fez isso com você será desassociado da organização de Jeová. Isso é castigo suficiente. Ele vai morrer se o Armagedom vier amanhã, e você sabe o que acontece com aqueles que morrem no Armagedom, não é? "

Eu apenas balancei a cabeça. Eu sabia muito bem o que aconteceria com aqueles que fossem mortos no Armagedom; eles não teriam segunda chance. Eles iriam morrer pela mão do próprio Deus. Não há retorno para eles. "Então, não haverá julgamento e ele não vai pagar qualquer preço pelo que ele me fez?", perguntei.

"Ah, ele paga quando ele é desassociado do povo de Jeová. Aliás, eu disse que não haveria mais conversa sobre isso." Ele sugeriu com seu corpo que eu desse o fora dali, e foi o que eu fiz.




TJs da Austrália acobertaram mais de mil casos de pedofilia


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