Pular para o conteúdo principal

Professora da USP põe a crença islâmica acima da liberdade de expressão

Para a acadêmica, jornal satírico francês não deveria fazer piada com o Corão, como se a liberdade de imprensa não valesse para criticar o extremismo religioso


PAULO LOPES
jornalista, trabalhou na
Folha de S.Paulo, Diário Popular,
Abril e em outras publicações

Ao comentar o ataque de terroristas da Al Qeda ao Charlie Hebdo, jornal francês de humor, Arlene Clemesha, professora de História Árabe na USP, colocou a crença islâmica acima da liberdade de expressão e de imprensa, um valor universal que faz parte da dignidade humana.

Clemesha disse ao Globo News que o jornal francês não deveria ter satirizado Maomé porque isso foi uma ofensa aos muçulmanos.

Ou seja, no entendimento da professora, o jornal de sátira não deveria fazer… sátira, pelo menos em relação ao profeta. "Não se deve fazer humor com o outro", afirmou.

Assim, a professora deixou subentendido que o Hebdo deveria se pautar pelo Corão, mesmo sendo um jornal de humor em cuja equipe há cartunistas e jornalistas sem religião, ateus e cristãos. Soma-se a isso ao fato de a França ser um país laico e ter uma história marcada pela luta por liberdade.

Ela ressaltou que não estava defendendo o ataque terrorista, mas, acrescentou, mesmo assim as pessoas devem “tentar entender” que a publicação de charges envolvendo Maomé é “coisa considerada muito ofensiva para qualquer muçulmano”.

Na lógica da professora, os defensores da liberdade têm de ser compreensivos para com os fanáticos do Islã, mas os muçulmanos radicais não precisam fazer esforço algum para entender o significado da liberdade de expressão e sobre como funciona um país laico, como a França, onde a religião não se mistura com a religião.

Clemesha é diretora do Centro de
Estudos Árabes da USP e integrante
do comitê de coordenação do
United Nations International
Coordinating Network on Palestine 
FOTO: REDE SOCIAL

Ela não é a única no meio acadêmico brasileiro que, em relação ao ataque assassino ao Charlie Hebdo, tem colocado o direito de livre expressão do pensamento sob o julgo do terror jihadista.

Para Salem Nasser, do departamento de Direito Internacional da FGV-SP, por exemplo, é preciso haver uma “reflexão” para distinguir uma sátira de uma mensagem de ódio, em uma islamofobia.

Obviamente, toda reflexão é desejável, mas isso também vale também para até que ponto os dogmas de crenças representam uma ameaça à liberdade de expressão.

Ele disse que, da mesma forma que no mundo muçulmano charges de Maomé são ofensas, uma sátira islâmica do ataque ao Charlie Hebdo seria considerada de mau gosto.

Sim, mas alguém deveria lembrar Nasser que no mundo democrático ninguém assassina o responsável por algo tido como de mau gosto.

De qualquer forma, Nasser ao menos disse que nada justifica o ataque ao jornal francês.

Para o professor Williams Gonçalves, de Relações Internacionais na Uerj, o que houve foi uma reação à “provocação” do Charlie Hebdo.

De fato, do ponto de vista jihadista, a liberdade de expressão é sempre uma “provocação”.

Gonçalves minimizou a morte de 12 pessoas e o ferimento em 11 afirmando que “era uma coisa previsível, quem faz uma provocação dessa não poderia esperar diferente”.

> Com informação da Globo News.

• Republicação de charges de Maomé marca 5 anos do atentado ao Charlie Hebdo 


Comentários

Post mais lidos nos últimos 7 dias

Vicente e Soraya falam do peso que é ter o nome Abdelmassih

90 trechos da Bíblia que são exemplos de ódio e atrocidade

Feliciano manda prender rapaz que o chamou de racista

Marcelo Pereira  foi colocado para fora pela polícia legislativa Na sessão de hoje da Comissão de Direitos Humanos e Minoria, o pastor e deputado Marco Feliciano (PSC-SP), na foto, mandou a polícia legislativa prender um manifestante por tê-lo chamado de racista sob a alegação de ter havido calúnia. Feliciano apontou o dedo para um rapaz: “Aquele senhor de barba, chama a segurança. Ele me chamou de racista. Racismo é crime. Ele vai sair preso daqui”. Marcelo Régis Pereira, o manifestante, protestou: “Isso [a detenção] é porque sou negro. Eu sou negro”. Depois que Pereira foi retirado da sala, Feliciano disse aos manifestantes: “Podem espernear, fui eleito com o voto do povo”. O deputado não conseguiu dar prosseguimento à sessão por causa dos apitos e das palavras de ordem cos manifestantes, como “Não, não me representa, não”; “Não respeita negros, não respeita homossexuais, não respeita mulheres, não vou te respeitar não”. Jovens evangélicos manifestaram apoio ao ...

Orkut tem viciados em profiles de gente morta

Uma das comunidades do Orkut que mais desperta interesse é a PGM ( Profile de Gente Morta). Neste momento em que escrevo, ela está com mais de 49 mil participantes e uma infinidade de tópicos. Cada tópico contém o endereço do profile (perfil) no Orkut de uma pessoa morta e, se possível, o motivo da morte. Apesar do elevado número de participantes, os mais ativos não passam de uma centena, como, aliás, ocorre com a maior parte das grandes comunidades do Orkut. Há uma turma que abastece a PGM de informações a partir de notícias do jornal. E há quem registre na comunidade a morte de parentes, amigos e conhecidos. Exemplo de um tópico: "[de] Giovanna † Moisés † Assassinato Ano passado fizemos faculdade juntos, e hoje ao ler o jornal descubri (sic) que ele foi assassinado pois tentou reagir ao assalto na loja em que era gerente. Tinha 22 anos...” Seguem os endereços do profile do Moisés e da namorada dele. Quando o tópico não tem o motivo da morte, há sempre alguém que ...

Limpem a boca para falar do Drauzio Varella, cristãos hipócritas!

Varella presta serviço que nenhum médico cristão quer fazer LUÍS CARLOS BALREIRA / opinião Eu meto o pau na Rede Globo desde o começo da década de 1990, quando tinha uma página dominical inteira no "Diário do Amazonas", em Manaus/AM. Sempre me declarei radicalmente a favor da pena de morte para estupradores, assassinos, pedófilos, etc. A maioria dos formadores de opinião covardes da grande mídia não toca na pena de morte, não discutem, nada. Os entrevistados de Sikera Júnior e Augusto Nunes, o povo cristão da rua, também não perdoam o transexual que Drauzio, um ateu, abraçou . Então que tipo de país de maioria cristã, tão propalada por Bolsonaro, é este. Bolsonaro é paradoxal porque fala que Jesus perdoa qualquer crime, base haver arrependimento Drauzio Varella é um médico e é ateu e parece ser muito mais cristão do que aqueles dois hipócritas.  Drauzio passou a vida toda cuidando de monstros. Eu jamais faria isso, porque sou ateu e a favor da pena de mor...

Rabino da Congregação Israelita Paulista é acusado de abusar de mulheres

Prefeito de São Paulo veta a lei que criou o Dia do Orgulho Heterossexual

Kassab inicialmente disse que lei não era homofóbica

Drauzio Varella afirma por que ateus despertam a ira de religiosos

Físico afirma que cientistas só podem pensar na existência de Deus como hipótese

Pastor da Frente Parlamentar quer ser presidente do Brasil

Feliciano sabe das 'estratégias do diabo' contra um presidente cristão O pastor Marco Feliciano (foto), 41, do Ministério Tempo de Avivamento, disse sonhar com um Brasil que tenha um presidente da República que abra o programa “Voz do Brasil” dizendo: “Eu cumprimento o povo brasileiro com a paz do Senhor”.  Esse presidente seria ele próprio, conforme desejo que revelou no começo deste ano. Feliciano também é deputado federal pelo PSC-SP e destacado membro da Frente Parlamentar Evangélica. Neste final de semana, após um encontro com José Serra (PSDB), candidato a prefeito de São Paulo, Feliciano falou durante um culto sobre “as estratégias do diabo” para dificultar o governo de um "presidente cristão":  "A militância dos gays, a militância do povo que luta pelo aborto, a militância dos que querem descriminalizar as drogas". Como parlamentar, Feliciano se comporta como se o Brasil fosse um imenso templo evangélico. Ele é autor, entre outros, do p...