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Ser ateu nunca foi problema no Brasil, diz Reinaldo Azevedo



Em novembro de 1985, em debate na Rede Globo de candidatos à prefeitura de São Paulo, o jornalista Boris Casoy perguntou a Fernando Henrique Cardoso (PMDB) se acreditava em Deus. O candidato gaguejou uma resposta, sem expressar “sim” ou “não”. A campanha de Jânio Quadros, o candidato do PTB, martelou que FHC era ateu — e o então peemedebista despencou nas pesquisas e perdeu as eleições.

Em artigo, 
jornalista dá
opinião equivocada
De lá para cá — faz quase 30 anos —, o preconceito no Brasil contra ateus permanece inabalável. Tanto que, nesse período, nenhum candidato presidencial ousou defender essa minoria, incluindo o próprio FHC, que posteriormente se elegeu presidente da República.
Apesar disso, o jornalista Reinaldo Azevedo publicou na Folha de S.Paulo artigo onde, às tantas, afirma que “acreditar em Deus nunca foi um problema no Brasil", tanto quanto “não acreditar em Deus nunca foi um problema no Brasil”.

Como Azevedo não é desinformado, a sua afirmação em relação a quem não crê em Deus pode ser creditada à ligeira do seu texto. Mas se lhe faltar informação, basta ele acessar o site da Atea (Associação Brasileira de Ateus e Agnósticos) para saber de alguns casos de perseguição a descrentes, principalmente em escolas públicas. Ou então ele pode ter uma conversinha com algum amigo ateu.

No artigo, entre críticas e elogios à Marina Silva (PSB), ele afirma que adversários da candidata têm procurado desmerecê-la por ser evangélica. Talvez nem tanto, porque se critica o fato de a Marina estar se curvando ao pensamento retrógrado de lideranças evangélicas, como Silas Malafaia. Bastou o pastor dar um estrilo no Twitter para que Marina se apressasse a tirar da proposta de seu programa de governo o apoio à legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo.

Marina, Dilma e Aécio têm defendido a laicidade do Estado, o que, a rigor, soa estranho: ninguém deveria perder tempo com algo inquestionável.

A explicação é que, de fato, o Estado laico tem se enfraquecido nos últimos anos por causa de persistente tentativas de religiosos (principalmente, sim, de evangélicos neopentecostais) de impor os dogmas que seguem a toda sociedade brasileira. E nenhum dos três candidatos, em sua trajetória política até agora, moveu uma palha para evitar essa interferência, eis a verdade. Eles defendem a laicidade do Estado, mas só de boca para fora.

Em seu artigo, Reinaldo Azevedo escreve que “só a democracia” [...] “pode salvar crentes e ateus das tentações do demônio do autoritarismo”.

Talvez aqui também seja o caso de ressaltar o óbvio: sem Estado laico, sem o respeito aos ateus , não há democracia.



Ateus 'saem do armário' para enfrentar o preconceito

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