Pular para o conteúdo principal

Ateus de Brasília saem do 'armário' e se organizam

por Luiz Calcagno
do Correio Braziliense

Glorinha se tornou ateia e passou a sofrer
preconceito de seus próprios filhos
Eles concluíram que não existem evidências fortes o suficiente para acreditarem em uma divindade, um sistema religioso ou mesmo em vida após a morte. Decidiram aparecer, assumir as convicções e exigir respeito pelas escolhas e liberdade para as próprias opiniões. E têm a falta de fé como sinônimo de liberdade. A moral, para pessoas como o estudante de direito Pedro Alcântara, 22 anos, e Glorinha Silva, 56, uma das fundadoras da Associação Ateísta do Planalto Central, nasce da empatia pelo próximo, das consequências dos próprios atos e das leis do homem. Eles são ateus.

Estudo da Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan), feito em 10 regiões administrativas, indicou que o número de pessoas que se declaram sem religião (ateias ou não) subiu de 3,8%, em 2011, para 6,9%, nos primeiros seis meses de 2013.

A população nessas localidades cresceu de 882.072 habitantes para 943.737 nos últimos dois anos. No mesmo levantamento, o órgão informa que, de 2000 a 2010, o número de pessoas sem religião aumentou de 14,5 milhões (7,4% da população) para 16,9 milhões (8,6%) nacionalmente.No DF, passou de 200 mil (8%) para 230 mil (9,2%).

Na visão do biólogo evolucionista Richard Dawkins, militante ateu internacional, a quantidade de descrentes parece menor porque as pessoas têm medo de se assumir.

Glorinha Silva (foto) precisou de coragem para tomar a decisão. Ela enfrentou a desaprovação dos próprios filhos quando se revelou descrente. Também perdeu namorados e viu pessoas próximas se distanciarem.

“As pessoas têm que nos reconhecer como ateus, com os mesmos direitos que os outros, inclusive para falarmos da nossa descrença. Na mente das pessoas, o ateu é ruim por não estar com Deus”, afirma.

Glorinha explica que é um equívoco pensar que “quem não está com Deus, está com o diabo”. “Precisamos informar a população sobre o ateísmo, desmanchar essa má impressão. O preconceito é velado, mas existe. A maioria dos políticos declaram uma fé. Um que se diga ateu dificilmente será eleito”, explica.

A professora era católica mas, ao questionar os dogmas da religião, nunca encontrou respostas satisfatória. Passou a olhar criticamente para as frustrações da vida sem atribuí-las a causas externas. “Sou responsável pelos meus atos. Não espero recompensas por ser boa. Criei os meus filhos dentro dos costumes católicos. Como o tempo, eles se acostumaram com minha postura”, lembra.

Moradora de Samambaia, a pedagoga Priscila Nascimento, 23, se descobriu ateia ao ler e estudar a Bíblia dentro de uma igreja evangélica. Supostas contradições no texto dito sagrado e respostas vazias de líderes teriam fundamentado a descrença da garota. Assumir-se, demandou força de espírito.

“Tive que enfrentar família e amigos. Na igreja, conversei com uma líder, expliquei minha posição, pedi para não ser evangelizada e não voltei mais. O desprendimento foi libertador. Eu me sentia muito oprimida. Hoje, sigo minha moral, o que eu acho certo.”

Mesmo não acreditando, ela demonstra respeito. “Meu namorado é evangélico e a família dele também. Ele vai a encontros ateus comigo e eu, em um evento religioso com ele. Não tenho interesse de ‘desconverter’ pessoas. Só que me respeitem”, sorri.

No Censo de 2010, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) calculou em 19.885 o número de ateus no DF. Também levantou em 4.150 os agnósticos da região. De acordo com a pesquisa, os descrentes estão em terceiro lugar no ranking da religiosidade na capital, atrás apenas de católicos (1,4 milhão) e evangélicos (670 mil). No Estado de São Paulo, o número de ateus é de 166.121, e 99.384 no Rio de Janeiro.

Visões do ateísmo
por Agnaldo Portugal, professor de Filosofia da Religião na Universidade de Brasília

O conceito de ateísmo inclui muitas visões. Depende, por exemplo, de qual deus a pessoa nega. Os cristãos eram acusados de ateísmo no império romano, e Sócrates, por sua vez, na Grécia.

Temos ateísmo em toda a história da humanidade e até algumas passagens bíblicas comprovam isso.

Hoje, ateu é aquele que nega qualquer tipo de ser sobrenatural e não tem nenhuma visão religiosa.

Em sua maioria, essas pessoas são de classes sociais mais elevadas ou com tem nível de escolaridade maior. Também é uma postura comum no meio acadêmico.

Nessas condições, o naturalismo, a visão científica do mundo é mais bem difundida. São uma minoria.

No Censo de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o número de ateus e agnósticos juntos não chega a um milhão no país.





BBC Brasil destaca empenho da Atea na defesa da laicidade
fevereiro de 2013

Ateísmo


Comentários

Post mais lidos nos últimos 7 dias

90 trechos da Bíblia que são exemplos de ódio e atrocidade

Neymar paga por mês R$ 40 mil de dízimo à Igreja Batista

O incrível padre Meslier. Ateu enrustido, escreveu contundentes críticas ao cristianismo e a Jesus

Vicente e Soraya falam do peso que é ter o nome Abdelmassih

Origem da religião: ensinamentos dos nossos ancestrais monstruosos

Título original: Origem da religião na pré-história  por Luiz Felipe Pondé para Folha Muitos leitores me perguntaram o que aquela peça kafkiana cujo título era "Páscoa" queria dizer na coluna do dia 2/4/2012. O texto era simplesmente isto: a descrição de um ritual religioso muito próximo dos centenas de milhares que devem ter acontecido em nossa Pré-História. Horror puro, mas é assim que deve ter começado toda a gama de comportamentos que hoje assumimos como cheios de significados espirituais. Entender a origem de algo "darwinianamente", nada tem a ver com a "cara" que esse algo possui hoje. Vejamos o que nos diz um especialista. O evolucionista Stephen Jay Gould (1941-2002), num artigo de 1989 cujo título é The Creation Myths of Cooperstown , compara a origem mítica do beisebol (supostamente nascido em território americano e já "pronto") com a explicação evolucionaria do beisebol. Gould está fazendo no texto uma metáfora do...

Limpem a boca para falar do Drauzio Varella, cristãos hipócritas!

Varella presta serviço que nenhum médico cristão quer fazer LUÍS CARLOS BALREIRA / opinião Eu meto o pau na Rede Globo desde o começo da década de 1990, quando tinha uma página dominical inteira no "Diário do Amazonas", em Manaus/AM. Sempre me declarei radicalmente a favor da pena de morte para estupradores, assassinos, pedófilos, etc. A maioria dos formadores de opinião covardes da grande mídia não toca na pena de morte, não discutem, nada. Os entrevistados de Sikera Júnior e Augusto Nunes, o povo cristão da rua, também não perdoam o transexual que Drauzio, um ateu, abraçou . Então que tipo de país de maioria cristã, tão propalada por Bolsonaro, é este. Bolsonaro é paradoxal porque fala que Jesus perdoa qualquer crime, base haver arrependimento Drauzio Varella é um médico e é ateu e parece ser muito mais cristão do que aqueles dois hipócritas.  Drauzio passou a vida toda cuidando de monstros. Eu jamais faria isso, porque sou ateu e a favor da pena de mor...

'Pessoa sem fé se torna muito só', afirma Christiane Torloni

Atriz diz que segue  preceitos  do budismo Ao falar que é católica por formação e que segue os “preceitos” do budismo, a   atriz Christiane Torloni (foto) afirmou que “sem fé a pessoa se torna muito só”.  “Leio a palavra de Cristo e acredito que ele e o Buda são duas manifestações de muita luz para o ser humano”, disse à coluna de Sonia Racy, no Estadão. Torloni comparou a vida a uma gincana. “É como uma novela”, afirmou. “Os budistas têm um termo muito bom para isso: rigor de continuidade.” Aos 54 anos, a atriz disse que o envelhecimento “traz benefícios incríveis para a alma e a sabedoria”. Tweet ‘Energia espiritual’ tem ajudado Gianecchini, diz médium setembro de 2011

Pesquisadores cristãos submetem o poder de cura da oração ao método científico. E ficam decepcionados

Padre do Paraná se masturba diante de menina de 13 anos

A Polícia Rodoviária prendeu na quarta-feira (2) o padre Reginaldo Antonio Ghergolet (foto), 37, da Diocese de Jacarezinho (PR), por ter se masturbado diante de uma menina de 13 anos em Ribeirão do Pinhal.

Psicóloga defende Feliciano e afirma que monstro é a Xuxa

Marisa Lobo fez referência ao filme de Xuxa com garoto de 12 anos A “psicóloga cristã” Marisa Lobo (foto) gravou um vídeo [ver abaixo] de 2 minutos para defender o pastor e deputado Marco Feliciano (PSC-SP) da crítica da Xuxa segundo a qual ele é um “monstro” por propagar que a África é amaldiçoada e a Aids é uma “doença gay”. A apresentadora, em sua página no Facebook, pediu mobilização de seus fãs para que Feliciano seja destituído da presidência da Comissão de Direitos Humanos e das Minorias da Câmara. Lobo disse que “monstro é quem faz filme pornô com criança de 12 anos”. Foi uma referência ao filme “Amor Estranho Amor”, lançado em 1982, no qual Xuxa faz o papel de uma prostituta. Há uma cena em que a personagem, nua, seduz um garoto, filho de outra mulher do bordel. A psicóloga evangélica disse ter ficado “a-pa-vo-ra-da” por ter visto nas redes sociais que Xuxa, uma personalidade, ter incitado ódio contra um pastor. Ela disse que as filhas (adolescentes) do pastor são fãs...