por Lorenzo Fazzini
para Avvenire, jornal dos bispos italianos
O sucesso dos "novos ateus" nasceu de um déficit de capacidade apologética da teologia contemporânea? O desafio que os "novos ateus" apresentam ao pensamento crente não deve, talvez paradoxalmente, ser saudado favoravelmente? Em suma, citando o editorial da da revista Credere Oggi, é preciso mudar de perspectiva: "O novo ateísmo é um desafio, mas, ao mesmo tempo, uma oportunidade propícia para purificar as imagens correntes de Deus, colocando-as em confronto com o único e definitivo modelo que nos vem da revelação: Jesus Cristo".
A provocação da revista bimestral dirigida por Ugo Sartorio já está no título da contribuição que abre o fascículo dedicado ao "Novo ateísmo e fé em Deus" (www.credereoggi.it): "O novo ateísmo: desafio ou kairós [oportunidade] para os cristãos?".
Novo ateísmo
é desafio ou
oportunidade?
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"Ao longo do século XX, a teologia católica tomou distância das tentativas de demonstrar a existência de Deus elaboradas pela apologética dos séculos XIX e XX. Sob certos aspectos, essa mudança foi positiva: a velha apologética era muito condicionada pelo positivismo e não assumia suficientemente o valor convincente da própria fé. Mas é possível que tenha se exagerado no sentido contrário: hoje, os ateus se lamentam que os crentes não se dedicam o suficiente para responder às suas perguntas".
A opinião, bastante dura, é de alguém que entende do assunto: mons. Charles Morerod, dominicano suíço, novo bispo de Lausanne-Genebra-Friburgo, teólogo de valor: ele foi secretário da Comissão Teológica Internacional, braço direito do cardeal George Cottier, teólogo da Casa Pontifícia.
A opinião de Morerod vem da revista francesa Sedes Sapientiae, em uma contribuição dedicada à relação entre "São Tomás de Aquino e o ateísmo contemporâneo", no qual – surpresa! – o prelado reavalia as críticas de Paolo Flores d'Arcais: "Flores d'Arcais acusa os católicos de não se interessarem realmente pela questão de Deus".
Segundo Morerod, que parece concordar com o diretor da MicroMega, "a partir do momento em que os católicos renunciam de qualquer tentativa de argumentação para se refugiar na pura fé, eles renunciam totalmente a qualquer diálogo com os não crentes."
E Morerod põe sobre a mesa algumas questões concretas que o novo ateísmo repropõe para a teologia: o materialismo, a origem e a ordem do universo, o mal, o papel do desejo na fé... Portanto, é hora de levar a sério os novos ateus.
Andrea Toniolo, reitor da Faculdade Teológica de Triveneto, relança na Credere Oggi aquela "purificação, sempre necessária, da religião vivida", solicitada fortemente por Bento XVI em Assis em outubro passado: "A gênese do ateísmo contemporâneo – escreve o teólogo de Pádua – não é somente externa, mas também interno à religião e depende da imagem de Deus e da fé que uma tradição religiosa veicula".
"Cristãos são responsáveis pelo surgimento
do novo ateísmo por não se comprometerem
a compreender o tempo em que vivem"
E se o papa Ratzinger já atribuiu aos "agnósticos em busca" um status de maior proximidade com Deus do que os "crentes de rotina", há quem vá além: "Os cristãos (e as Igrejas) devem, em alguma medida, ser considerados responsáveis pelo 'novo ateísmo'".
Francesco Ghedini, professor de filosofia do ISSR de Pádua, acrescenta: "Os cristãos são responsáveis por ele se não se comprometem a compreender o tempo em que vivem, a entender as suas renovadas dinâmicas existenciais e comunicativas. Uma compreensão que implica, no espírito da Gaudium et Spes, uma aceitação de fundo, uma partilha simpática que afirme a acolhida das pessoas com quem nos encontramos".
Mas há mais: algumas notáveis vozes teológicas não veem nos neoateus o perigo mais premente para a fé. Ao contrário, as "espiritualidades sem Deus" de pensadores como André Comte-Sponville e de Luc Ferry, ou ainda o pensamento neognóstico atual são os verdadeiros atentados atuais contra o cristianismo na sua essência de proposta de verdade.
Essa convicção, respectivamente, é do teólogo belga Jean-Marie Verlinde e Giandomenico Mucci, jesuíta escritor da La Civiltà Cattolica. Na prestigiada Nouvelle Revue Théologique de Bruxelas, Verlinde pontualiza: "O ateu contemporâneo não tenta mais tomar o lugar de um Deus inexistente. O problema mudou. Um filósofo como Comte-Sponville se propõe a construir 'uma sabedoria para os nossos tempos' baseada em uma 'metafísica materialista, em uma ética humanista e em uma espiritualidade sem Deus'"
Analisando o pensamento do pensador e ex-ministro da Cultura, Ferry, Verlinde conclui com um dado que faz refletir: "Essa espiritualidade sem Deus nos leva a espiritualidades sem sujeito pessoal. A pessoa humana paga o preço da abolição de Deus Negar o Interlocutor primeiro, original, leva a privar o ser humano das condições da sua humanização integral, ou seja, o acesso ao seu status de sujeito pessoal, criado capax Dei (Santo Agostinho)".
Por sua parte, o padre Mucci, ainda na Credere Oggi, volta os holofotes (citando um diálogo entre João Paulo II e Luigi Giussani) para a neognose, da qual eles são exemplos concretos: Paolo Rossi e Salvador de Madariaga.
Um desvio que Mucci considera muito mais inimigo do cristianismo do que o Novo Ateísmo: "O fenômeno neognóstico é de tal porte e periculosidade que coloca em segunda ordem a gravidade do ateísmo entendido no sentido clássico, e até mesmo nas suas expressões mais radicais e berrante. Hoje, a cultura dominante está comprometida em instaurar uma super-religião tranversal, um humanismo ético e espiritualista, de modo pacífico e subterrâneo, que não anula as culturas, as hierarquias, e aspira a se encarnar nelas".
Vem à mente o famoso romance de Robert H. Benson, Il padrone del mondo (Jaca Books), em que uma religião humanista sem Deus é proposta como solução para os males do mundo. É quase de chorar a provocativa dureza do neoateu Richard Dawkins que, em seu livro “Deus, um delírio”, pedia um novo pensar cristão: "Se a religião sutil e refinada de Tillich e Bonhoeffer predominasse, o mundo certamente seria um lugar melhor, e eu teria escrito um outro livro".
Com tradução é de Moisés Sbardelotto para IHU Online.
Agnósticos questionam a 'falsa certeza' dos ateus, afirma papa
Comentários
Forçar os religiosos a defender seu ponto de vista é uma oportunidade de demonstrar a fraqueza de suas bases publicamente. E também uma oportunidade de o grande público cristão, ignorante da história e da construção de sua religião, refinarem seu conhecimento. Estou farto de debater com cristãos que nunca abriram seu livro sagrado.
" "Essa espiritualidade sem Deus nos leva a espiritualidades sem sujeito pessoal. A pessoa humana paga o preço da abolição de Deus Negar o Interlocutor primeiro, original, leva a privar o ser humano das condições da sua humanização integral, ou seja, o acesso ao seu status de sujeito pessoal, criado capax Dei (Santo Agostinho)"."
De fato, os religiosos são os mais desinteressados da questão "Deus", que sequer assim se coloca para eles. Na verdade, Deus não é questão, é um verdade que deve ser protegida contra os ataques dos hereges, dos ímpios. Se os apologistas da religião se queixam da inabilidade argumentativa do público religioso, deveriam reconhecer que isso muito se deve lapidação ideológica operada por anos de doutrinação nas igrejas. A Igreja plantou o problema que alguns teólogos parecem reconhecer. Detendo-me no trecho citado, não acho que a supressão de Deus nos leve "a uma espiritualidade sem sujeito pessoal", tampouco à impossibilidade de uma humanização integral. Aqui, por um lado, pressupõe-se uma concepção de sujeito pessoal muito limitada, como se a pessoa do sujeito fosse tão só "uma pessoa com Deus"; se, por outro lado, "sujeito pessoal" se refere a Deus, aí nos envolvemos no terreno lodoso da ideologia, afinal, Deus não é pessoa, nem sujeito. Esses predicados só podem ser atribuídos a ele no plano ideológico. Quanto à privação da "humanização integral do homem", ela depende justamente da abolição de Deus, pois que Deus é a negação do homem no homem. Deus nega o humano no homem, este se aliena de si, ao projetar-se para adorar sua própria essência na forma de Deus. A ideia de Deus também impede a humanização integral porque os homens vêem a realidade de modo falseado, enviesado, não conseguindo olhar para o mundo e reconhecer as formas como ele é e funciona. A ideia de Deus os cega para os fatos (sociais, históricos, políticos, culturais). Entra no conceito de humanização também a capacidade de as pessoas se reconhecerem e atuarem como agentes da história, como sujeitos sociais participantes efetivamente da dialética social e não como "filhos de Deus" desejosos da Salvação, submissos a uma Lei absoluto e irrevogável.
e sim os escândalos e divisões que acontecem dentros dos seus átrios.
O ateísmo é mais uma ideologia, e assim como todas as
outras, passível de questionamentos, como qualquer religião.
Quanto aos cristãos a própria duvida em relação a Deus pode ser tida como heresia, suas fabulas valorizam mais um pai que esta disposto a matar o filho sobre ordem de Deus do que a busca de conhecimento que Adão e Eva tentaram obter ao comer a maça.
Quanto aos gnósticos virou moda, eles misturam religiões antigas e formam novas aberrações em suas mentes. São uma religião como qualquer outra a única diferença é o nome que significa conhecimento.
"Essa espiritualidade sem Deus nos leva a espiritualidades sem sujeito pessoal. A pessoa humana paga o preço da abolição de Deus Negar o Interlocutor primeiro, original, leva a privar o ser humano das condições da sua humanização integral, ou seja, o acesso ao seu status de sujeito pessoal, criado capax Dei (Santo Agostinho)"
Isso é ad hominem,nem vale apena comentar.
Ontem minha mãe me obrigou a ir para a igreja, fui contrariado, mas quando cheguei lá, senti uma paz que não sentia faz tanto tempo. Estou passando por tantas dificuldades. Os pessoas oraram por mim lá, e depois de muito tempo, eu chorei. Deus estava comigo de novo.
Agora, eu quero deixar o homossexualismo, não quero mais isso para mim, agora eu sei que é pecado.
Espero que Deus me perdoe por tudo que eu fiz contra ele. Também espero que todos que eu ofendi neste blog me perdoem também.
Eu me rendo.
Cristãos e Islâmicos, especialmente as dissidências mais virulentas como as neopentecostais. Sempre achei que o NEO-ateísmo é uma força reacionária. Num mundo onde cada vez mais se ve o avanço de crenças que invadem a liberdade pessoal dos outros, era de se esperar um movimento contrário. Mas o ateísmo como um todo, tende a crescer também.
O desafio cristão foi sustentar as asneiras bíblicas por 2000 anos, mantendo encobertos os escandalos e incoerências, e remando contra a maré da ciência e do secularismo. Bravo!
Leia isso:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Dia_da_mentira
Pelo menos peguei um otário. Não acredito que o Paulo realmente acreditou na minha estórinha chorosa. Cara, ri demais! Ele é muito lerdo!
Continuo ateu, bebê! Eu te enganei, hoje é dia do troll! Helloooo! Caiu a ficha agora?
Desculpa por ter pego sua ideia, Baphomet, mas não resisti. Adoro o 1º de Abril.
Como diria o Aguinaldo Silva: eu só quis causar, e causei. Fom fom! (trollface)
Luan, muito bom Luan^^
Paz de Cristo.
Acredite, eu aprendi Mandarim mais facilmente, portanto não posso te ajudar muito, lamento.
"Quando eu comecei a ler o post do Luan eu gelei: "Preciso confessar uma coisa... não sou mais ateu."
Percebi que ambos como muitos não são inocentes, mas entendem perfeitamente a vontade de Deus.
L
O desafio dos cristãos é explicar as trapalhadas(imoralidades) da Icar e o crescimento ASSUSTADOR dessas seitas caça-dízimo e seus pastores,bispos,apóstolos, ungidos e salafras de todos calibres
Deus é fiel, crente? Claro que ele vai dizer que sim, e, como sempre, não vai querer seguir com a conversa. Porque a conversa acabaria por revelar que ele está equivocado. Equivocado no seu entendimento do que seja ser fiel, ou equivocado no que venha a ser o Deus que ele diz que ama. Na verdade, na verdade, o crente só é crente porque ele ignora um sem-número de coisas, dentre elas, sua própria divindade.
Se eu dissesse, crente, que ser fiel é ser leal, eu poderia perguntar: Deus é/foi leal a quem exatamente? Eu sei que você pode tirar alguns bons exemplos do seu livrinho de fábulas, mas, ainda assim, a coisa fica feia pro seu lado, porque você vai precisar admitir que Deus foi leal a certas pessoas, e a outras não. Se ele apoiou um lado num campo de batalha, porque era o lado cujo comandante babava seu ovo sagrado, não demonstrou um pingo de lealdade para com Jó, por exemplo, que também era seu devoto. Se Deus é leal, às vezes, quando lhe convém, você não pode transformar isso num tipo de “descrição” dele. A menos que queira aumentar aquela frase campeã de imbecilidade para “Deus é fiel, quando quer”.
Outra: ser fiel é ser constante. E taí uma coisa que o Deus bíblico não é. Muito ao contrário, ele é bastante volúvel, para não dizer bipolar. Se não acredita em mim, faça uma coisa que você nunca fez (embora sua alma eterna dependa disso): leia a sua Bíblia. Você vai ver que Jesus e Deus têm personalidades bem diferentes. Só pra não me estender, lembro que Deus queria ser o deus dos hebreus, seu povo escolhido — e só. Jesus queria ser o deus de todo mundo.
Outras definições de fiel? Seguro. Que não falha. Você acha que Deus se encaixa? O mesmo Deus que vem tentando há milênios ser o único deus digno de adoração? Que criou a humanidade e se arrependeu? Que veio à Terra em carne e osso deixar uma mensagem que explicasse como a gente poderia se salvar de sua fúria e só complicou tudo mais ainda?
Quando alguém, inadvertidamente, me diz que Deus é amor, eu invariavelmente respondo “Ou você não entende porra nenhuma de Deus, ou não entende porra nenhuma de amor”. Já quando um religioso me diz que Deus é fiel, eu pego mais pesado ainda.
Eu pergunto “Por quê? Por que você acha que Deus é fiel?”. E termino por fazer um crente infeliz.
Porque, por um segundo, eu o obrigo a perceber a imbecilidade que acabou de proferir.
Valmidênio Barros (Deusilusão
Cristão que é cristão costuma dizer frases imbecis a torto e a direito, simplesmente porque faz parte da sua rotina não racionalizar nada referente à sua própria fé. Ele ouve e repete; lê e acredita; ora e espera. É assim que funciona e sempre funcionou. Mas de todas as frases imbecis que se pode ouvir de um religioso, “Deus é fiel” ganha o primeiro lugar, à frente até da surrada “Jesus te ama”, segunda colocada, e “Deus é amor”, a terceira.
Deus é fiel, crente? Claro que ele vai dizer que sim, e, como sempre, não vai querer seguir com a conversa. Porque a conversa acabaria por revelar que ele está equivocado. Equivocado no seu entendimento do que seja ser fiel, ou equivocado no que venha a ser o Deus que ele diz que ama. Na verdade, na verdade, o crente só é crente porque ele ignora um sem-número de coisas, dentre elas, sua própria divindade.
Se eu dissesse, crente, que ser fiel é ser leal, eu poderia perguntar: Deus é/foi leal a quem exatamente? Eu sei que você pode tirar alguns bons exemplos do seu livrinho de fábulas, mas, ainda assim, a coisa fica feia pro seu lado, porque você vai precisar admitir que Deus foi leal a certas pessoas, e a outras não. Se ele apoiou um lado num campo de batalha, porque era o lado cujo comandante babava seu ovo sagrado, não demonstrou um pingo de lealdade para com Jó, por exemplo, que também era seu devoto. Se Deus é leal, às vezes, quando lhe convém, você não pode transformar isso num tipo de “descrição” dele. A menos que queira aumentar aquela frase campeã de imbecilidade para “Deus é fiel, quando quer”.
Outra: ser fiel é ser constante. E taí uma coisa que o Deus bíblico não é. Muito ao contrário, ele é bastante volúvel, para não dizer bipolar. Se não acredita em mim, faça uma coisa que você nunca fez (embora sua alma eterna dependa disso): leia a sua Bíblia. Você vai ver que Jesus e Deus têm personalidades bem diferentes. Só pra não me estender, lembro que Deus queria ser o deus dos hebreus, seu povo escolhido — e só. Jesus queria ser o deus de todo mundo.
Outras definições de fiel? Seguro. Que não falha. Você acha que Deus se encaixa? O mesmo Deus que vem tentando há milênios ser o único deus digno de adoração? Que criou a humanidade e se arrependeu? Que veio à Terra em carne e osso deixar uma mensagem que explicasse como a gente poderia se salvar de sua fúria e só complicou tudo mais ainda?
Quando alguém, inadvertidamente, me diz que Deus é amor, eu invariavelmente respondo “Ou você não entende porra nenhuma de Deus, ou não entende porra nenhuma de amor”. Já quando um religioso me diz que Deus é fiel, eu pego mais pesado ainda.
Eu pergunto “Por quê? Por que você acha que Deus é fiel?”. E termino por fazer um crente infeliz.
Porque, por um segundo, eu o obrigo a perceber a imbecilidade que acabou de proferir.
A questão do livre arbitrio.
Diante de uma escolha, assombrado pela duvida.
Orando o devoto sera inspirado pelo divino.
Se der errado quem leva a culpa ?
Não vejo ser necessário convencer ninguém a ser ateu ou religioso. Só quero que me respeitem. O melhor convencimento se faz com boas ações.
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