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É um absurdo o Brasil ficar sustentando Paraguai via Itaipu

Título original: Não existe almoço de graça

por Luiz Felipe Pondé para Folha

A Europa está em chamas pelo medo da dissolução da União Europeia. No Brasil, os defensores dos direitos dos imigrantes ilegais na Europa ainda se aferram à imagem adolescente de que o continente deve receber "todo mundo", numa conta infinita a ser paga pela colonização.

Não existe almoço de graça, mas tem muita gente, que normalmente não paga o almoço, que não sabe disso ou finge que não sabe.

A atitude é adolescente porque essa gente que grita contra a "direita" europeia (que cresce à medida que os países vão falindo) não pagaria um sanduíche para um estranho, mas acha que os europeus devem pagar comida, casa, hospital e escola até para os ilegais. A recusa em entender isso só piora as coisas.

O que me assusta é como gente grande pode ter sido contaminada por tamanha infantilidade em termos de análise política e social. O filósofo da vaidade, Rousseau (século 18), assim chamado por Burke (também do século 18), crítico dele e da revolução francesa, é muito responsável por esse absurdo, além do velho Marx.

Bleeding hearts é como são chamados pelos conservadores americanos esses teenagers da política.

O problema de países como Portugal, Espanha e Grécia é que não se pode ganhar como eles e gastar como franceses e alemães. Uma hora a casa cai.

Recentemente, conversando com um médico brasileiro que ficou um mês trabalhando num hospital importante em Bruxelas, especializado em câncer, fiquei sabendo dos absurdos do sistema de saúde da Bélgica.

A Bélgica deverá acabar em breve por conta do impasse de ser um país que reúne flamengos (etnicamente próximos dos holandeses) e belgas franceses e por isso não consegue formar um governo decente.

Lá, estrangeiros ilegais recebem mais direitos a tratamento médico do que cidadãos belgas. Funcionários belgas do hospital em questão falam disso com grande rancor. Quem aguenta isso?

Tudo bem que a Bélgica, dizem, foi o colonizador mais cruel da África (Joseph Conrad imortalizou a violência da colonização belga do Congo em seu monumental "Coração das Trevas"), mas até onde se pode pagar uma "conta" dessas?

Semelhante é o caso brasileiro e o absurdo do país ficar "sustentando" o Paraguai via Itaipu. Quando o governo brasileiro, por afinidade ideológica com o governo paraguaio, decide que deve aumentar a "contribuição" dada ao Paraguai por Itaipu, quem paga a conta é você através de seu trabalho e de suas agonias cotidianas. Legal, não? Você paga imposto para doar dinheiro para o Fernando Lugo, presidente do Paraguai, posar de "defensor de su pueblo".

Quando acordar de manhã, pense: "Opa, hoje tenho que correr de um lado para o outro pra mandar dinheiro para o Paraguai".

Claro que tem gente que diz que devemos muito ao Paraguai pelo que fizemos lá durante a Guerra do Paraguai, mas até onde essa história é verdadeira? Aconselho a leitura do "Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil" do Leandro Narloch (Ed. LeYa), para aprender um pouco mais sobre esse mito que destruímos uma nação que marchava para ser um país perfeito sob a batuta de seu ditador Solano Lopez.

Calma, não se trata de ser insensível com o sofrimento dos mais fracos. Sei que o coro dos humilhados e ofendidos gritará, mas não o temo. Trata-se sim de perceber que o mundo não é o que um centro acadêmico pensa que é.

Pensemos numa situação hipotética. Imagine que tivéssemos um número gigantesco de imigrantes de países pobres entre nós. Agora imagine que eles tivessem mais direitos a saúde pública que você, que trabalha como um cão e que paga impostos extorsivos, como é o caso no Brasil e na Europa.

O que você pensaria disso? Você aceitaria sustentar pessoas que se mudam para a sua casa a fim de lá viver às suas custas?

Alguém sempre paga a conta e quando se tenta fechar os olhos à sangria que é bancar o crescimento de imigrantes (ilegais ou não) na Europa, a tendência inevitável é que radicais de direita sejam eleitos.

Quando você se "revoltar" contra isso, doe uma parte da sua grana para a África.

Mundo é mais complexo do que o 'coração de estudante' imagina.
dezembro de 2010

Artigos de Luiz Felipe Pondé.

Comentários

Anônimo disse…
Cadê o cara do Schopenhauer?
Anônimo disse…
Os índios serem os primeiros habitantes da 'nossa terra' foi uma invenção dos românticos, para dizer aos habitantes que já estavam aqui, por volta de 1830 - 40, que já havia algo por aqui, e os portugueses foram intrusos.

Tudo porque a nossa 'independência' foi um acordo entre as nossas elites da época e as elites de lá. Assim, a população não sabia que, de um dia para outro haviam se tornado 'brasilienses', 'brasilianos', ou 'brasileiros' (houve uma votação na época para o gentílico que nos caracterizaria), de deixado de serem portugueses.
Anônimo disse…
Pondé é a reencarnação de Schopenhauer, nota -se perfeitamente a semelhança!
Anônimo disse…
Graças a Deus o Pondé "voltou"...os últimos artigos dele estavam uma fofurice. Mas falando desse assunto em relação ao povo brasileiro, francamente, aqui ninguém nunca irá fazer nada a respeito disso. Ninguém reclama, ninguém se importa com os próprios direitos. A única coisa que importa para o povo é o futebol, novela da globo, BBB e o churrasco na laje. Se essas coisas não faltam, outros "pequenos" incomodos como esse de Itaipu e politicos corruptos são "fichinha". Lembro muito de um imperador romano (esqueci o nome dele) que disse o seguinte: "Com pão e circo, o povo não é problema", ou seja, aqui temos "pão" e "circo" e os folgados farão o que quiserem conosco sem que nos incomodemos.
Unknown disse…
Por outro lado, ajudar o Paraguay ajuda o Brasil no sentido dos negócio possivel tendo em vista a relaçao dinheiro x estabilidade politica e ainda, se considerar as questões de fronteira, quanto pior as coisas lá, mas a saúde e a educação daqui serão requisitadas. desenvolvimento precisa ser dos dois lados da fronteira, na europa o caso é esse, se não desenvolverem os vizinho, os vizinho vão mudar para sua casa, de um jeito ou de outro....Itaipú é barato comparado com as outras possibilidades...

visite www.margemdafolha.blogspot.com
Caruê disse…
Ate quando deve pagar? Ate o dia em que seus vizinhos não passem fome ao ponto de terem de abandonar suas terras, seja com saúde educação ou policiamento na fronteira e nas cidades os países com melhor qualidade de vida vão acabar pagando.
Tsuki disse…
Cara,porque facilitar pro Paraguai?Porque agente acabou com o pais na Guerra?Que lógica ridicula.

Agora com relação aos imigrantes,eu acho que deve ter um limite.Tudo bem,que a Europa ferrou Africa,América e Ásia pra ficar rica.Eu tenho uma pontinha de ódio de Portugal,mesmo sendo descendente de portugueses(neto) mas pera lá.Isso não significa que os ex-colonizadores devem escancarar suas fronteira e servir champagne com caviar para os imigrantes.Primeiro vem o seu povo,depois os outros.
Tadeo Isidoro disse…
Eu acho que Brasil e Paraguai deviam se reunir para um jantarzinho inteligente. Que tal, Mr. Pônde? (supondo que esta seja a pronúncia de um cidadão do mundo anglófilo civilizado, que o Pondé tanto adora. Pois então, como deve ser chique ser chamado de Pônde pelos gringos, não é não é não?).
Tadeo Isidoro disse…
Quanto você acha que seria justo um cidadão (pessoa física) pagar pelo crime de latrocínio, ou estupro, hein Mr. Pônde? E porquê deveria ser diferente no que se refere a crimes cometidos por nações inteiras. Portugal (um paisinho europeu de quinta) viveu por séculos do espólio de suas colônias, agora está pagando o preço por ter vivido de crédito depois que suas colônias se livraram dele. FODA-SE Portugal, Grécia, Espanha e quem mais tiver que se foder por suas ações passadas.
O Brasil (depois de meio milênio) ainda paga o preço por ter sido uma colônia de um país periférico de merda de um continente explorador. Porquê eles deveriam ter alguma colher de chá? Eles, por acaso, nos dão alguma colher de chá, Mr. Pônde?
Caruê disse…
Desconfio muito de tal tratamento amável com os estrangeiros, é no mínimo suspeito o estado tratar tão bem os estrangeiros enquanto o povo é xenófobo. Prefiro que o Brasil invista no Paraguai, ter um vizinho minimamente desenvolvido traz varias vantagens econômicas e políticas. O Paraguai tem metade do rio e tem direitos sobre a hidreletrica, honestamente acho que o Brasil perde muito mais dinheiro com os pedágios abusivos só em São Paulo do que com o Paraguai que sim é um bom investimento.
Anônimo disse…
Na minha humilde opinião isso ocore ,em parte,porque o Brasil é conivente e faz vistas grossas aos paragaios e aos próprios brasileiros que vão lá fazer contrabando.
Anônimo disse…
O Paraguai é um país pobre, subdesenvolvido. Concordo em ajudarmos (com restrições) nossos vizinhos, em prol do desenvolvimento da região como um todo.
Melhor assim do que ser um país muito rico, como os EUA, que ganhavam dinheiro vendendo armas para os dois lados do conflito, na guerra Irã / Iraque, para exemplificar.
Anônimo disse…
Já que a intenção é "ajudar" o Paraguai,porque não se utilizar do Mercosul(economia)para isso?
Leiam estes textos:
Tratado de Itaipu prejudica os povos do Brasil e do Paraguai http://www.brasildefato.com.br/node/2716
Paraguaios comemoram revisão do Tratado de Itaipu pelo Brasil http://www.brasildefato.com.br/node/6304
Cartas Paraguaias 8: A dívida espúria que inflou o passivo de Itaipu http://www.brasildefato.com.br/node/3365
Com Itaipu de fundo, presidentes do Mercosul discutem integração
http://www.brasildefato.com.br/node/3263
Anônimo disse…
hahahahahahahaha


Cadê o cara do Schopenhauer? (2)
Anônimo disse…
Ajude os pobres.
Anônimo disse…
Avis au Lecteur; este livro por ele citado, Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil de Leandro Narloch, é um despautério de livro, um lixo, uma fábula pindérica direitista da história do Brasil, repleta de manipulações e falsas verdades.

Dito isto, complemento que Pondé aponta algo interessante a ser debatido, até que ponto os colonizadores são devedores de países colonizados? Não sei, mas é certo que países de primeiro mundo europeus espoliaram e molestaram seus povos selvagens de modo no mínimo significativo. Creio que um europeu não queira tão fácil pagar a conta de um jantar africano, se este o faz, mais lógico que seja por interesse pessoal do que por 'remorso'.
Ora, Pondé sabe que o 'mundo não funciona assim, na base do sentimentalismo', é de meu interesse que meu vizinho tenha uma vida ao menos digna, deste modo não serei importunado por seus pedidos de dinheiro emprestado.
Reparo que Pondé utiliza bastante a Falácia do Espantalho (3 parágrafo nota-se claramente), isto empobrece muito um debate.

O comentário de Mr. Tadeo Isidoro sobre o jantarzinho inteligente fora pertinente! Muito bem! Hehe!

Montpellier
Existem ótimas razões para "sustentar o Paraguai". A primeira é que se nós o deixarmos à sua própria sorte ele rapidamente encontrará "amigos". Para quem não sabe, os EUA estão há anos tentando conseguir uma base militar em território paraguaio, junto à fronteira, com o pretexto de combater o "terrorismo islâmico" na região das três fronteiras. Acho uma ótima ideia termos relações cordiais com nossos vizinhos (que, diga-se de passagem, têm bem poucas razões para gostarem de nós, visto que todos os países sul-americanos independentes perderam território para o Brasil (inclusive o Equador, com quem nem fazemos mais fronteira, e exceto o Chile, com quem jamais fizemos). Não custa lembrar que Itaipu não existiria se o Paraguai não autorizasse. Não custa lembrar que o Paraguai tem outra usina binacional (Yaciretá, em parceria com a Argentina). Tampouco custa lembrar que a tendência é que a demanda de energia só aumente na região do Mercosul e países como Chile, Argentina e Bolívia podem se tornar fregueses da energia que nós não quisermos comprar. Se isso ocorrer, bastará uma redução de 20% no fornecimento para causar o caos em nosso país. Infelizmente o Tratado de Itaipu nos colocou em posição de igualdade com o pequeno Paraguai e, a menos que estejamos dispostos a bancar os ianques e usar nosso cacete grande (digo, nosso "big stick"), devemos negociar. E negociar envolve, muitas vezes, perder.
Anônimo disse…
O cara do Schopenhauer ta lá, bate cartão! rsrs!
Fernando disse…
Mas será que os governantes brasileiros são imbecís ao extremo? Certa vez vi um filme em que os ricaços não podiam circular com as suas Limusines fora dos portões de suas mansãos sem rodarem na lama ou serem atacados pela população faminta. Vemos em menor escala o caso dos bancos atualmente, colocaram muitos caixas eletrônicos em detrimento da mão de obra do ser humano em nome do progresso. Agora os ladrões estouram e arrebentam os caixas, e isso nunca irá parar. Sejamos ricos, mas não esqueçamos de deixar a migalha para os pobres.
Anônimo disse…
Queria que o Pondé também dissesse quem paga a conta dos incontáveis impréstimos que o Brasil fez ao FMI.
Anônimo disse…
Para o desinformado da 01:05: próprio Brasil pagou os empréstimos que tomou do FMI,honrando, inclusive, juros altíssimo e tendo de adotar uma política econômica que impôs sacrifício a todos nós. Se você for jovem, pergunte a alguém de mais idade.
Anônimo disse…
Ué, ô do 04:53, e QUEM fez esses empréstimos?

É a elite que ele tanto elogia.
Anônimo disse…
Pondé já não é filósofo há muito.

É militante de direita. Fascista, até.
xDDDre disse…
O legal é que esse Pondé se acha aristocrata europeu, aí um dia vai tentar entrar na Europa e vai passar horas sendo revistado no aeroposto e depois mal-encarado pelos nativos como um imigrante invasor.

No final, o cara não percebe que é preconceituoso consigo mesmo.
Ricardo Gerin disse…
Toda a direita brasileira é risível. Vamos nomeá-la: Olavo de Carvalho (dispensa comentários), Reinaldo Azevedo (Hey!Ho! para o Tio Rei), Diogo Mainardi (Paulo Francis wannabe). O Pondé me parece o mais esclarecido de todos, mas tem seus momentos de fraqueza. Ainda assim, continuo achando que ele pode superar todas as deficiências da tchurminha acima citada, pois ele é, defitivamente, mais esclarecido do que eles. Ou mais cuidadoso. Tanto faz. Mas eu prefiro ler o que ele escreve do que o resto da "tchurma direitista".

Obs: A oposição é necessária e saudáuvel num país democrático. Mas eu tenho sérias dúvidas quando à oposição de meu país. Qual é o papel dela? Apenas "por ser do contra". Isto, pra mim, não é suficiente.

Waaaaal, como diria Paulo Francis, vamos ver no que esssa "mess" vai dar. "Understande me?" Paulopes? I'm sure you do.
Anônimo disse…
Concordo com Ricardo, vejo em Pondé um algo que vale a pena, em deferência deste, o leio, e por vez ou outra me saio satisfeita. Os direitistas citados também não me interessam, suas falas apresentam-se inundadas em despautérios, coloquialismo reles, falácias e ataques incoerentes, supostamente políticos, claramente pessoais.
A postura direitista é necessária em um país, de fato, mas o que fazem estes indivíduos se chama sustentar a tocha do detrator néscio, que se revolta com qualquer que seja "o movimento", causando outro movimento, quase sempre infanto, rancoroso, carente de seriedade.

Aponto um texto interessante que trata sobre mesmo tema:
http://paginacultural.com.br/autores/pitbulls-da-direita/

Cordialmente
Montpellier
Anônimo disse…
Parabens Pondé. Vc irritou os "intelectuais", de esquerda, se é que existem.
Anônimo disse…
Pondé, vc foi bastante feliz quando tocou no problema de Itaipú (contezia do Lula, com nosso dinheiro, em sua megalomania e complexo de inferioridade, paradóxo em sua etílica mente). O Paraguai é que nos deve pelas mortes de milhares de brasileiros que combateram o tirano Lopez.
Jorge Gomes disse…
Pondé o filósofo que ama as câmeras e por elas é amado, encontrou seu nicho de mercado entre a direita mais boçal, xenófoba, racista e "anônima".Não farei outro comentário pois outros já o fizeram com mais capacidade do que eu. Sobre o Pondé eu escrevi umas linhas no meu blog alguns dias atrás.
Mariangela disse…
Este comentário foi removido pelo autor.
Mariangela disse…
Não se enganem, ninguém faz caridade sem esperar nada em troca! Esse também é o caso do Brasil! Se está investindo no Paraguai, não é pra pagar dívidas morais antigas, é pra recolher no futuro! em tempo: adoro esse blog! esse foi o primeiro texto que achei os argumentos um absurdo total! pois bem, me taxem de adolescente!

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