por Estêvão Bertoni, da Folha
Ele foi pioneiro dos planos de saúde no Brasil, ao fundar nos anos 1950 a primeira empresa de medicina de grupo do país. Polonês, médico pela USP e com mais de meio século dedicado à área, Juljan Czapski (foto) morreu na semana passada, aos 84 anos, em desavença com o plano que o atendia.
Médicos, familiares e até amigos tentaram convencer a Bradesco Saúde, seu plano, a conceder-lhe o home care, atendimento personalizado em casa, que não estava em contrato. O benefício não saiu, e a família alega nunca ter recebido sequer uma resposta formal.
A seguradora diz que prestou a cobertura prevista contratualmente.
Czapski, que morreu na última terça em decorrência de um tumor no cérebro diagnosticado no meio do ano passado, tinha o plano pago pelo Sindhosp (sindicato dos hospitais paulistas), do qual era diretor.
Em novembro, ele foi internado no hospital Nove de Julho. No início de dezembro, o médico responsável pelo seu tratamento solicitou ao plano que o paciente tivesse o home care -foi um dos vários pedidos feitos pela equipe médica. O benefício não foi dado.
A partir de então, a família diz ter contatado diversas vezes a Bradesco Saúde, para pedir o serviço.
Segundo a filha Silvia, os funcionários da empresa evitaram responder por escrito. As conversas eram por telefone.
Até um amigo da família, o economista André Médici, consultor nos EUA do Banco Mundial na área de saúde, chegou a telefonar e enviar e-mails ao Bradesco, antes do Natal, na esperança de que concedessem o benefício. Não teve resposta.
Czapski não conseguia mais andar, tinha dificuldades para movimentar os braços e para falar. A família, então, custeou e montou em casa "um esquema tosco de home care", como descreve o filho Cláudio, que também é consultor de saúde.
"A curto prazo, eventualmente se economiza um trabalho de home care, mas o fato de ele ser negado acaba agravando a condição de vida do paciente e ele retorna ao sistema numa situação mais grave, que gera custos muito maiores", diz.
Segundo a ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar), que controla os planos, não há a obrigatoriedade de que o home care esteja em contratos, mas, por livre negociação com os clientes, eles podem oferecê-lo.
Bancário gago será indenizado por ter sido humilhado no Bradesco.
dezembro de 2009
Ele foi pioneiro dos planos de saúde no Brasil, ao fundar nos anos 1950 a primeira empresa de medicina de grupo do país. Polonês, médico pela USP e com mais de meio século dedicado à área, Juljan Czapski (foto) morreu na semana passada, aos 84 anos, em desavença com o plano que o atendia.
![]() |
Plano não o socorreu |
A seguradora diz que prestou a cobertura prevista contratualmente.
Czapski, que morreu na última terça em decorrência de um tumor no cérebro diagnosticado no meio do ano passado, tinha o plano pago pelo Sindhosp (sindicato dos hospitais paulistas), do qual era diretor.
Em novembro, ele foi internado no hospital Nove de Julho. No início de dezembro, o médico responsável pelo seu tratamento solicitou ao plano que o paciente tivesse o home care -foi um dos vários pedidos feitos pela equipe médica. O benefício não foi dado.
A partir de então, a família diz ter contatado diversas vezes a Bradesco Saúde, para pedir o serviço.
Segundo a filha Silvia, os funcionários da empresa evitaram responder por escrito. As conversas eram por telefone.
Até um amigo da família, o economista André Médici, consultor nos EUA do Banco Mundial na área de saúde, chegou a telefonar e enviar e-mails ao Bradesco, antes do Natal, na esperança de que concedessem o benefício. Não teve resposta.
Czapski não conseguia mais andar, tinha dificuldades para movimentar os braços e para falar. A família, então, custeou e montou em casa "um esquema tosco de home care", como descreve o filho Cláudio, que também é consultor de saúde.
"A curto prazo, eventualmente se economiza um trabalho de home care, mas o fato de ele ser negado acaba agravando a condição de vida do paciente e ele retorna ao sistema numa situação mais grave, que gera custos muito maiores", diz.
Segundo a ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar), que controla os planos, não há a obrigatoriedade de que o home care esteja em contratos, mas, por livre negociação com os clientes, eles podem oferecê-lo.
Bancário gago será indenizado por ter sido humilhado no Bradesco.
dezembro de 2009
Comentários
Bradesco diz que prestou assistência prevista
Em nota, a Bradesco Saúde afirma que prestou "toda a cobertura médica e hospitalar prevista contratualmente" durante o período em que o médico Juljan Czapski esteve doente e em tratamento.
"Todas as informações sobre o seguro de saúde do senhor Juljan Czapski foram prestadas ao seu médico assistente e à sua família, na pessoa da sua filha, Silvia Czapski, em reiterados contatos mantidos com a Bradesco Saúde", diz a nota.
A seguradora informa que uma internação foi solicitada no dia 6 de novembro de 2009, no hospital Nove de Julho, com duração até o dia 7 de dezembro, quando o paciente recebeu alta do médico assistente.
Já no dia 12 de janeiro, continua a nota, "o senhor Juljan voltou a internar-se, no Hospital Nove de Julho, condição esta que prevaleceu até o óbito, na mesma data".
A Folha teve acesso a um pedido, feito em 7 de dezembro, por um dos médicos responsáveis pelo tratamento, em que se reforça a necessidade do home care. A avaliação médica dizia: "Trata-se de um paciente que se encontra afásico [enfraquecido] e incapacitado para a marcha [caminhar] e totalmente dependente de cuidados e enfermagens médicas".
A Bradesco Saúde não comentou sobre o pedido negado do home care e, questionada se já concedeu o serviço mesmo em casos não previstos em contrato, nada respondeu.
No Brasil ficamos entre a cruz e a espada quando precisamos acionar o setor da saúde: de um lado ficamos sob o domínio inescrupuloso das seguradoras, do outro sob o desleixo do SUS. O adoecimento é uma experiência trágica para os brasileiros. Que Deus tenha piedade da nossa alma!
Postar um comentário