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Mortes por gripe suína passam de 1.000 sem poupar os jovens

Jonas-Figueiredo Alguém que sabe a senha do Orkut de Jonas Figueiredo escreveu por ele na página inicial do site de relacionamento: “Fui para o céu”. [reprodução ao lado]

Ele era professor da Banda do Colégio da Polícia Militar de Goiás. “Tocava trompete”, escreveu um ex-aluno. “Mas me ensinou muitas coisas no trombone.”

Aos 26 anos e aparentemente saudável, Jonas é uma das vítimas do vírus da gripe suína que já matou cerca de 1.000 brasileiros até este fim de semana, de acordo com levantamentos das secretarias estaduais de Saúde. Na quinta (17), o número oficial (defasado em alguns dias) do Ministério da Saúde era de 899 óbitos.

Além de atacar quem já está doente e as grávidas – pessoas, portanto, com com queda imunológica – o vírus H1N1 tem sido mortal entre as pessoas mais resistentes da população: os jovens.

A OMS (Organização Mundial da Saúde) informa que, das internações de pacientes em estado grave, metade tem sido de pessoas com menos de 20 anos. Do total das pessoas que morreram ou adoeceram, 40% estão na faixa de 25 a 49 anos.

Assim tem sido no Brasil desde meados do ano, quando ocorreram as primeiras mortes causadas pela gripe, como a da caixa Keila de Sales Souza. Ela tinha 25 anos e era saudável. A família reclama de erro de diagnóstico. Inicialmente, os médicos falaram que Keila estava com  úlcera nervosa e, depois, com Aids. A moça morreu de problema respiratório causado pelo vírus seguido por uma parada cardíaca.

vitimas-gripe Aline Magalhães, de 22 anos, foi a primeira grávida a morrer na região de Ribeirão Preto. Ela era de Itaú de Minas e estava de passagem pelo interior paulista. Na UTI, teve períodos de melhoras, mas não aguentou. O bebê sobreviveu.

No caso da morte de Gerusa Buzini, 31, grávida de seis meses, não foi possível salvar a criança. Ela morreu quando achava que sua vida ia melhorar por ter conseguido emprego com carteira assinada em uma indústria frigorífica de Passo Fundo (RS).

Aroldo Santos Almeida, com aproximadamente 25 anos, também tinha muitos planos. Recém-formado em odontologia, ele viajou para um congresso no Canadá. Quando voltou para Bauru (SP), morreu da gripe.

No perfil de Ana Paula Recaman no Orkut não nenhuma expectativa quanto ao futuro talvez porque ela, risonha, já estivesse feliz com o  presente. “Sou uma pessoa alegre, divertida, de bem com a vida.” Vida curta: morreu aos 26 anos em Rio Grande, cidade do Rio Grande do Sul.

Já para Victor Aguiar Procópio, 24, alguém disse no Orkut que ele tinha um  ‘futuro brilhante’. O rapaz era aluno do 5º ano de Engenharia de Computação. Fez uma viagem ao Rio Grande do Sul, onde pegou a doença, e morreu em pouco tempo. Tinha uma boa saúde: participava da equipe de natação da Universidade de Campinas.

Valquíria Melo de Carmo, 26, de Belo Horizonte, foi outra grávida derrubada pelo vírus.  Antes de ser internada em estado grave, ela procurou por três vezes o posto de saúde sem que a doença fosse diagnosticada. Nessas ocasiões, só deram para ela ‘remédio simples”, diz Marli Antônia, a mãe.

Vanessa Astrath, 26, de São Carlos do Avaí, no Pará, foi atendida seis vezes por médicos da região. Quando o sétimo suspeitou  que ela estava com a suína, já era tarde. Após o sepultamento, Fabiano Batista, o viúvo, queixou-se ao Ministério Público da negligência médica.

Mariana Malaspina, 20, também era saudável. “Não tinha nenhum problema de saúde”, disse Carlos, seu pai. No dia 25 de julho, ela começou a espirrar. Os médicos submeteram-na aos raios X. “O pulmão dela estava limpo. Não tinha nada”, diz o pai. Mas dias depois, 60% dos dois pulmões estavam  comprometidos. Mariana foi a primeira vítima da suína em Taboão da Serra (SP).

Em Três Lagoas (MT), o primeiro óbito também foi de uma jovem, a professora Ana Elias Guinda. Tinha 24 anos.

A dona de casa Marinalva Ferreira Apolinário, de Sorocaba (SP), reclama até hoje de ter sido impedida de acariciar o corpo de sua filha, a Daniele, 19, porque o caixão foi lacrado. A onda da gripe suína no Brasil ainda estava no começo, e as pessoas temiam a contaminação do vírus mais do que hoje.

Em seu perfil no site de relacionamento, a estudante de psicologia Josymara Calor, 24, diz do que gosta (músicas, livros, pessoas cultas) e reclama que por vezes a vida não tem sido justa com ela. Josy estava certa. O seu corpo foi sepultado no cemitério de sua cidade, em São Gonçalo, Rio. Ela foi mais uma grávida vítima do H1N1. Estava no quinto mês da gestação.  O bebê também morreu.

O bebê de Graziela de Oliveira Selau, 21, teve sorte. Alguns dias depois de ter nascido, em Torres (RS), a sua mãe morreu de pneumonia por causa do vírus.

Sophia, bebê de poucos dias, também escapou. A sua mãe Rafaela, com a idade em torno de 25, contraiu o vírus e morreu logo, no Rio.

A morte de Antonio Welton da Silva Andrade, 19,  veio rápida. Ele chegou a procurar por três vezes o hospital na Barra da Tijuca, Rio, sempre saindo de lá com a receita de dipirona, segunda sua família, e não com do Tamiflu, o único remédio que combate a gripe e assim mesmo apenas nas primeiras 48 horas após a contaminação do vírus.

De uma lista de 30 nomes pegos na internet sem nenhum critério, a esmo, a maioria, coincidência ou não, é de jovens. Também impressiona a quantidade de grávidas. Uma das exceções é Solange Aparecida Domingues Gaborim que morreu aos 50 anos em Campinas.

Parece que, ao menos por esta temporada de gripe, o pior já passou. Nas últimas semanas, desacelerou-se a ocorrência de mortes. Além disso, o Brasil está providenciado a vacina para imunizar a população mais vulnerável e o Tamiflu será liberado no próximo ano para a venda em farmácias.

Mas nada, evidentemente, servirá de consolo para quem teve parentes e amigos emboscados pelo vírus da gripe do porco. Nem sequer para aqueles que, como os familiares de Jonas, têm a certeza de que seus entes queridos foram para o céu.

Comentários

Anônimo disse…
Mil pessoas morrem com gripe suina morrem todo mundo entra em alerta,milhoes morrem com AIDS todos os anos e ninguem usa camisinho e passa a doença para outrem...
Anônimo disse…
A gripe suina matou muitas pessoas eu mesmo tive pneumonia em julho provavelmante gripe suina nã fizeram nenhum exame para detecta~la somente o rx fui tratado com antibiotico e melhorei até hoje não sei se tive a mesma....
Emerson disse…
Engraçado como munda quando passa de estatísca para pessoas como nós. Meus sentimentos para Jonas e todas as pessoas que faleceram por causa desta gripe.

Ótimo post.

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As Ações da VeriChip Disparam Após Ganhar Exclusividade nas Patentes De Chips Para Detectar o H1N1
http://tinyurl.com/l4mwjt
Anônimo disse…
Só para postar... que Anna Paula Recaman da Silva não faleceu em virtude desta gripe A. O que acontece é apenas mais uma prova de discriminação aos seres humanos e, principalmente, aos familiares da mesma, pois somos todos vítimas, mas de comentários feitos por pessoas sem idoneidade, que falam sem saber o que realmente aconteceu, pelo simples prazer de falar, covitar a vida dos outros. Ela realmente foi vítima, mas de uma pneumonia forte, e não dessa gripe A. Mas também, agora tanto importa os comentários.. nós a perdemos de qualquer forma. Só gostaríamos de mais humanidade e respeito para com os próximos da mesma...

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