Deputada diz que assessora estava possuída pelo demônio

O relacionamento entre a jornalista Marly de Paulla, 57, e a deputada estadual Odete de Jesus Prestes do Nascimento (foto), do PRB de Santa Catarina, não estava bem havia tempo. Marly tinha sido contratada pela parlamentar como assessora de imprensa. Ela já tinha sido demitida uma vez e agora estava tendo uma segunda chance. A jornalista tinha decidido se submeter por mais um tempo às arbitrariedades da deputada para poder pagar as contas, diria ela depois.

No dia 18 de novembro, Marly achou que o assédio moral já tinha passado do limite e foi se queixar com o chefe de gabinete da deputada. E surgiu a Odete. Começou uma discussão.

A assessora se descontrolou, chorou e sua pressão subiu. A deputada então berrou: “Você está possuída por um demônio”. E tentou exorcizá-la ali mesmo, na marra, em nome de Jesus. “Você não tem fé, Marly!”

Odete é pastora da Igreja Universal do Reino de Deus (Iurd).

Quando conseguiu se libertar da deputada exorcista, a jornalista foi atendida por médicos da Assembléia Legislativa de Santa Catarina.

A pressão dela estava 26 por 19. Ela podia ter um enfarto ou um AVC (Acidente Vascular Cerebral).

Marly pediu licença médica de 15 dias e foi demitida antes da volta ao trabalho. Ela registrou queixa na polícia e agora move ação contra a deputada por assédio moral e danos morais.

Marly contou ao Portal Imprensa que nos onze meses em que trabalhou como assessora de Odete foi submetida com frequência a humilhações. Como no dia em que ouviu da deputada que o fato dela, Marly, ser gorda (tem 120 quilos) atrapalhava o rendimento do seu trabalho.

A jornalista afirma que é mentira, porque era como se ela fosse uma escrava. “Trabalhava 18 horas por dia, numa rotina que começava às 7h30.”

Em comunicado, Odete disse que tudo não passa de calúnia. "Trata-se de uma ex-funcionária tentando obter vantagens.”

Em seus discursos, Odete diz ser defensora das mulheres.

> Casos de assédio moral.