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Lápis da Faber Castell eleva o risco de ferimento dos olhos


Leitor, repare nesta caixa de lápis aí do lado, da Faber Castell. São lápis com duas pontas. O site da Faber informa que se trata do lápis de “cor bicolor”. Nome redundante: bastava dizer que é um lápis bicolor. Mas isso é o de menos, como vai se ver.

Quando as minhas duas primeiras filhas estavam no ensino fundamental, a minha querida tia Bebel, professora de cegos no Instituto Padre Chico, ficava preocupadíssima ao flagrar no estojo das meninas lápis apontados nos dois extremos. A Bebel pegava esses lápis e dava sumiço neles. É que por ela passavam crianças que tiveram o olho perfurado por ponta de lápis.

Acidentes acontecem, mas devemos tomar precauções para que ocorram o menos possível, não é mesmo?

Por isso não entendo como a Faber Castell pôde lançar uma linha de lápis que potencializa o risco de ferimento nos olhos.

Basta que uma criança faça um movimento brusco para baixo com a cabeça e ela ficará marcada pelo resto da vida por uma desgraça. Não estou dramatizando. Sei de casos contados pela Bebel.

Suponho que o consumo do lápis bicolor seja maior do que o do tradicional, porque afinal as possibilidades de quebra de ponta dobram.

Gostaria de acreditar que a Faber não é do tipo de empresa que procura elevar seus lucros oferecendo ao consumidor produtos potencialmente mais perigosos. Seria uma irresponsabilidade, e ela poderia ser levada à Justiça por pais de crianças que tiverem ferimento com o bicolor.

Mas lamento que a Faber utilize o argumento esfarrapado de que o lápis de 2 cores em 1 representa “criatividade em dobro”, conforme diz em seu site. Isso é uma enganação. A criatividade não depende disso, como a Faber sabe muito bem.

Não sei se tem havido acidentes com o lápis bicolor. Procurei na internet e não achei nada. O Brasil, como se sabe, é pobre em estatísticas, principalmente daquelas que são mais do interesse dos consumidores do que das empresas.

Mas mesmo que não tenha ocorrido até agora sequer um único acidente, isso não diminui o perigo que representa o bicolor.

A Bebel afirma que é uma temeridade o uso de lápis com ponta nos dois extremos. Ela sabe o que diz – trabalhou a vida toda com cegos.

Para mim, isso é mais do que suficiente para pedir à Faber Castell que tire do mercado esse tipo de lápis.

Mandei um e-mail para a Faber (tive de preencher um longo cadastro – pra que complicar?) e espero que ela se manifeste. Enquanto isso, continuo na caça de informações sobre cegueira causada por lápis. O leitor pode me ajudar.

Voltarei ao assunto.

> Faber Castell diz não ter conhecimento de um único acidente com lápis de duas pontas.
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Comentários

Unknown disse…
O que penso:

Cuidado, garfos também são perigosos, assim como aquele jogo de palitinhos de antigamente. Praças também oferecem risco, já que galhos perigosamente pontiagudos estão espalhados.

Olha, não acho tanto problema assim. Vi milhares de lápis apontados dos dois lados na minha vida, e nenhuma ocorrência de acidente. E já vi muitos acidentes com o olho, e nenhum com lápis...

Sou a favor de novas apresentações de produtos que estimulem lados importantes da criança, como coordenação motora, criatividade, visão artística, etc.
Prefiro lançamentos da Faber, por exemplo, do que um novo mouse para computador com carinha de bicho, que não trazem nenhum beneficio à criança.

Quanto a criatividade em dobro, porque não?! Basta ser uma criança e dar algo que ela gosta para sua criatividade dobrar. A não ser que apareçam comentários como esse: ''criatividade não depende disso...'' isso bloqueia a criança e diminui a criatividade pela metade.

Na minha opinião, as reclamações são superficiais e sem embasamento concreto. Soam até ranzinzas.

Abraços.
Anônimo disse…
Cara, conheci esse blog hoje, e até tava gostando, achei meio sensacionalista e talz (porra, pq tanta matéria a respeito do caso isabela??), mas isso não vem ao caso

Até o momento que eu li a respeito dos lápis. Meu, se a criança nunca pegar uma coisa "perigosa", como ela vai aprender a tornar "não-perigoso"???
Se ela nunca usar um fogão, usar uma faca, soltar fogos, quando ela crescer, garanto que vai fazer babaquice!

Claro, todas essas experimentações devem ser feitas com a supervisão dos pais, mas não deve ser inibida. Quando eu era pequeno (uns 8 anos) eu adorava fazer trilhas. Uma das primeiras coisas que meu pai me deu foi um canivete! (nossa, que pai maluco!). A lâmina era cega, e ele me orientou a não levá-lo pra escola. Poxa vida, eu poderia ter me matado com essa faca! Mas não, eu usava ele para limpar gravetos, montar lanças, arco e flecha... isso ajudou muito a desenvolver minha criatividade, tanto que eu posso montar uma gambiarra pra quase qualquer problema que de em casa, no qual a maioria dos babacas chamaria um "técnico".
Moral da história: criança pasteurizada emburrece e quando crece gasta dinheiro a toa. É sério.

Além do mais, criança q se machuca com alguma coisa, se repetir o erro é porque merece. Com mais de 5 anos já sabe oque ta fazendo! – isso não quer dizer que os pais não devem se preocupar com os filhos, mas sim dar espaço pra que eles mostrem suas habilidades (Ai menino, desce daí que vc vai se machucar!)

Claro que eu já me machuquei com as minhas "invenções", mas garanto que serviram de aprendizado. Se a criança ficar cega, vai ser muito triste, mas remover um produto do mercado por causa disso?? Cada um tem o seu jeito de educar seus filhos, mas querer que uma empresa tire seus produtos de circulação não vai resolver o problema! Basta o pai (ou a professora, no caso) alertar o risco, e se isso não for o suficiente, basta apenas que os pais que acreditam na incompetência de seus filhos deixem de comprar os “materiais perigosos”, facilitando ainda mais o sucesso dos menos incompetentes!

No mais, um abraço de Scattone VI (se quiser, me add no msn, scattonevi666@gmail.com)
Paulo Lopes disse…
Scattone, escrevi sobre o lápis que sai de fábrica com ponta nos dois extremos com base nos relatos de minha tia que por 30 anos foi professora de cegos. Ela não se refere especificamente à mencionada linha de lápis da Faber, mas ao costume de crianças de apontar os dois extremos -- um perigo, assegura. Ainda assim consultei o fabricante, para que ficasse registrado o "outro lado" da informação. E a Faber disse não ter conhecimento sobre acidente com o seu lápis de duas pontas. A íntegra da nota da empresa está no link no pé do post. Como as informações de minha tia e as da Faber de certa forma se confrontam entre si, o leitor que tire suas conclusões. Quanto ao assassinato de Isabella, dei-lhe bastante espaço porque o caso me sensibilizou muito. E não só por causa da Isabella, mas devido às agressões das quais as crianças são vítimas dentro de sua própria casa. É um problema mais grave do que se imagina. Anotei o seu e-mail. Um abraço.
Anônimo disse…
eu nao compro lapis a faber castolo por isso.
Anônimo disse…
Existem pessoas que enviam comentários só para contrariar o que alguém escreve sobre qualquer assunto. Vejo que existem pessoas que gostam de opinar sem fundamento ou com o que sua cabeça diz.
Sou Técnico em Segurança e sei dos males que lesões causam nas pessoas, principalmente em crianças, e este assunto tratado por que escreveu é de extrema necessidade que seja divulgado pois as lesões nos olhos são em grande parte irreversíveis.
Tem pessoas que falam que é preciso passar por situações em que "pequenas lesões" precisam acontecer para as crianças poderem aprender, e quando é que saberemos que as lesões serão pequenas? E se estas lesões pequenas que nossos filhos tiverem forem as últimas da vida dele?
Se analisarmos que alguém poderá empurrar a cabeça de alguma criança enquanto este estiver usando este tipo de lápis, até onde será a perfuração?
Vamos ensinar as nossas crianças de outra forma a ter a sua criatividade mostrada.
Redação disse…
Este comentário foi removido pelo autor.

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