Garoto de 8 anos passa em vestibular da Unip

O fato de um menino de 8 anos ter sido aprovado no vestibular da Faculdade de Direito da Unip de Goiás revela a que ponto chegou a degradação do ensino superior no país.

É bom que se diga logo que o menino João Victor Portellinha não é nenhum superdotado. É um menino igual a muitos, comum. Disse que passou no vestibular sem ter estudado matemática, química e física. Ele faz a quarta série do ensino fundamental.

Incomum é o pai do garoto, o empresário Willian Ribeiro, desejar que o filho se torne advogado aos 12 anos. Aos 13 ou 14, quem sabe, ele possa se tornar um juiz.

Mais incomum ainda é a Unip (Universidade Paulista) ter aceitado que um menino de 8 anos fizesse o vestibular, fosse aprovado e matriculado no curso.

Agora, com o vazamento do caso para a imprensa, a universidade afirma que o garoto não pode freqüentar o curso, porque ele não tem o certificado de conclusão do segundo grau. Diz que vai devolver o dinheiro da matricula.

Mas antes, veja só, a escola elogiou a redação do menino, que tem uma “boa capacidade de expressão”. Não, a Unip não liberou a redação do garoto à imprensa. Talvez ela seja boa demais para isso, não é mesmo?

A qualidade do ensino brasileiro é uma vergonha faz tempo, como se sabe. Agora, como este episódio, envergonhados também devem ficar os alunos de Direito da Unip, os advogados e todos nós, enfim.

Como sempre, as autoridades garantem que vão tomar "as devidas providências".

Leio na Folha que o ministro Fernando Haddad (Educação) diz estar preocupado com o que houve em Goiás. Afirma que abrirá um processo para investigar o que houve na Unip.

Parodiano James Carville, assessor do presidente Clinton, seria o caso de dizer a Haddad que não é a Unip que tem problema, é todo o ensino, estúpido!

> Garotinho diz que desistiu de cursar direito. (Uol)