Falta relatar a atuação de Sarney no caso Renan

Renan Calheiros deveria ter se afastado da presidência do Senado há muito tempo. Ele foi muito além da conta. Eu já não agüentava mais a novela das maracutaias dele, tanto que passei a ignorá-la aqui, no blog. A cara-de-pau do senador e o seu apego ao poder me dão engulhos. Além disso, com Renan, o Senado nunca foi tão avacalhado. Um triste espetáculo.

Também tem me causado ojeriza o senador José Sarney (foto). Contra Renan, há graves acusações, mas ao menos ele teve a coragem de encarar a imprensa, de sustentar suas desculpas esfarrapadas, expondo-se ao ridículo, ainda que tenha descido à sarjeta ao ameaçar jogar no ventilador os podres dos senadores que lhe fazem oposição –o que, aliás, seria bom para que caísse a máscara de políticos.

Aliado de Renan, Sarney atuou nas sombras. Nunca assumiu publicamente a defesa do seu colega de partido, o PMDB, embora desse assessoria a Renan como agir para se safar da crise do Senado. Até recentemente, Sarney garantiu a Renan o apoio de sua filha, a senadora Roseana, e o dos demais senadores ligados a ele.

O comprometimento de Sarney era tanto, que, quando o presidente do Senado conseguiu livrar-se da cassação naquela já histórica e vergonhosa sessão secreta, Renan foi comemorar sua vitória na casa da senadora Roseana. Lá estava Sarney.

A imprensa gastou rios de tinta e toneladas de papel na cobertura dos escândalos do Renan/Senado, mas pouco registrou sobre a movimentação nas sombras de Sarney. É preciso colocá-lo sob os holofotes.

A Folha parece disposta a isso. A edição de hoje do jornal informa que Francisco Escórcio, que é suspeito de espionar adversários de Renan, pertence à turma de Sarney, e de longa data. Além de ser assessor especial de Renan, Escórcio despacha no gabinete de Sarney. Por indicação de Sarney, Escórcio é membro do Conselho Fiscal da CEB (Companhia Energética de Brasília), o que lhe rende uma grana extra.

É preciso tirar Sarney das sombras e saber que tipo de serviço Escórcio vem prestando ao seu conterrâneo maranhense nestes anos todos.

Assessor suspeito de espionagem é ligado a Sarney. (Folha)
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