O livro Direto à Memória e à Verdade está disponível na internet, em arquivo pdf. Elaborado ao longo de 11 anos pela Comissão Especial de Mortos e Desaparecidos Políticos, ele documenta centenas de casos de pessoas que foram torturadas, estupradas e assassinadas pela ditadura militar. Pessoas cuja maioria pegou nas armas contra o regime autoritário, mas nada justifica a barbárie, seja a de Estado, que foi o caso, ou de quem quer que seja. (Sim, eu sei que digo o óbvio, mas ele se faz necessário por causa da reação que houve ao lançamento do livro por parte dos comandantes militares.)
Abre o livro um texto de Sófocles:
Antígona julgava que não haveria suplício maior do que aquele: ver os dois irmãos matarem um ao outro. Mas enganava-se. Um garrote de dor estrangulou seu peito já ferido ao ouvir do novo soberano, Creonte, que apenas um deles, Etéocles, seria enterrado com honras, enquanto Polinice deveria ficar onde caiu, para servir de banquete aos abutres. Desafiando a ordem real, quebrou as unhas e rasgou a pele dos dedos cavando a terra com as próprias mãos. Depois de sepultar o corpo, suspirou. A alma daquele que amara não seria mais obrigada a vagar impenitente durante um século às margens do Rio dos Mortos.
Íntegra do livro. (Link do Estadão)
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