A Folha publica hoje resenha do livro de Engel Paschoal “A Trajetória de Octavio Frias de Oliveira” [Publifolha/ Mega Brasil], sobre o publischer do jornal. O resenhista Mario Sergio Conti observa que o livro não mistifica o Frias, tratando-se portanto de uma raridade “na literatura sobre os barões da imprensa nacional”.
"Não espere de ‘A Trajetória’ loas emboloradas à sagrada missão de bem informar, o registro engalanado das ações em prol do engrandecimento da pátria ou a ladainha das virtudes celestes da livre iniciativa. O livro está isento de toda a lorota ideológica que costuma fundamentar o exercício do jornalismo”, escreve Conti.
E assim parece, pelos exemplos pinçados por Conti. No livro, na boca do Frias, estão revelações como estas:
Se o negócio é ganhar dinheiro, eu vou ganhar mesmo. E eu era impiedoso. Aplicava dinheiro a juros, sim, senhor. Era usurário, cobrava 3% ao mês e não tinha conversa.
Com um cheque que só teria fundos dois dias depois, Frias e o seu sócio Carlos Caldeira Filho compraram em 1962 a Folha, então “um jornaleco”, diz Conti. Antes, Frias não dava importância a jornais, e só lia de vez em quando o “Estadão”. Uma semana depois do negócio, ele se arrependeu e tentou passar a Folha para frente, mas não encontrou nenhum desavisado que quisesse o abacaxi.
Frias teve uma granja que chegou a ter 1.700 funcionários. Ele a fechou nos anos 90 por causa da concorrência da Sadia e Perdigão. Como negócio, a granja Itambi lhe dava mais satisfação do que o jornal. Está no livro:
É muito bom para o empresário produzir coisas palpáveis, como leite, carne, frango. Jornal não é uma coisa palpável.
Trata-se de um livro de leitura obrigatória a quem deseja saber como se constituiu um dos três grandes jornais do país. Quando eu o ler, vou verificar se o livro, com o seu tom desmistificador, não acaba, paradoxalmente, mistificando o dono da Folha. Frias está com 94 anos.
xxx
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