Pular para o conteúdo principal

Pires admite que censurou artigo de Casoy


O ministro Waldir Pires (foto), da Defesa, admitiu que vetou na “Informe Defesa”, revista da assessoria do ministério, um artigo de Boris Casoy sobre o levante comunista de 1935. A censura foi divulgada ontem na coluna da Folha de Elio Gaspari. Em nota, Pires afirma que o texto do jornalista é “inadequado” para “conteúdo de um informe oficial”.

O artigo do Casoy começa fazendo referência justamente ao romance “1984”, onde George Orwell critica a censura e o autoritarismo.

Segue o texto censurado por Pires.

Em sua obra "1984", o notável escritor inglês George Orwell trilha os caminhos de um regime autoritário num futuro remoto. Nessa ditadura predomina a figura de "Grande Irmão", na verdade uma imagem crítica do ditador soviético Stálin. Num cenário sombrio, o autor faz desfilar os instrumentos utilizados pelo regime para sufocar as liberdades. Um deles é o Ministério da Verdade, cuja função, entre outras "nobres" tarefas, é apagar ou reescrever a história ao talante do regime.

Há fatos deste imenso país que nos remetem a Orwell; por exemplo, a tentativa de relegar ao esquecimento a Intentona Comunista. Sob os mais diversos pretextos, a história é reescrita. A evocação do episódio de novembro de 1935 é tida como meio de buscar a cizânia entre brasileiros. Ai de quem evoca as vítimas da fracassada tentativa comunista de tomada do poder! Imediatamente sofre a censura e os ataques das "patrulhas", dispostas a levar adiante seus propósitos que, apesar dos fracassos, agora sob nova roupagem ainda motivam -por volúpia de poder ou ignorância- parcelas de nossa sociedade. E mais: há todo um movimento pela deificação do executor da Intentona, Luiz Carlos Prestes.

Com o desmantelamento do socialismo real, os documentos dos arquivos soviéticos gritaram a verdade: a tentativa de golpe foi urdida e coordenada pela 3ª Internacional, de cuja Comissão Executiva Prestes era membro. No Brasil, preparando a revolução estavam 22 estrangeiros pertencentes ao Serviço de Relações Internacionais do Komintern, como mostra o livro "Camaradas", do jornalista William Waak, que pesquisou os arquivos do Komintern. E mais: o livro -que derrubou diversos mitos históricos- comprova que a ordem para a eclosão do movimento não partiu do PCB ou de Prestes, mas sim foi mandada de Moscou por telegrama, pelo Komintern.

A ação comunista produziu 33 vítimas, cujas famílias nunca reivindicaram nada do governo brasileiro!

A história é a grande mestra da política. A Intentona de novembro de 1935 não pode ser esquecida sob nenhum pretexto. É um exemplo.

Comentários

Post mais lidos nos últimos 7 dias

90 trechos da Bíblia que são exemplos de ódio e atrocidade

Veja 14 proibições das Testemunhas de Jeová a seus seguidores

'Sou a Teresa, fui pastora da Metodista e agora sou ateia'

Pereio defende a implosão do Cristo Redentor

Ateu, Dawkins aposta no cristianismo cultural contra avanço do Islã. É um equívoco

Música gravada pelo papa Francisco tem acordes de rock progressivo. Ouça

Comissão aprova projeto que torna a Bíblia patrimônio imaterial. Teocracia evangélica?

Historiador católico critica Dawkins por usar o 'cristianismo cultural' para deter o Islã

Misterioso cantor de trilha de novela é filho de Edir Macedo

Baleias e pinguins faziam parte da cultura de povos do litoral Sul há 4,2 mil anos