Ricardo Kotscho é contestado com veemência pela própria filha

O jornalista Ricardo Kotscho (foto) escreveu uma crônica no site No Mínimo em que faz uma declaração de amor à cidade de São Paulo. “Quanto mais viajo, maior é a sensação de felicidade ao retornar para minha cidade”.

Ele criticou os jornalistas que só ressaltam as coisas ruins da cidade em reportagem feita por telefone ou pela internet, porque, diz, ninguém mais sai da redação. E quando ocorre um acidente como o do desmoronamento na linha 4 do metrô, esses jornalistas acabam sendo surpreendidos, escreveu.

Acrescentou:

De uns tempos para cá, estamos desenvolvendo esse péssimo hábito de denunciar, julgar e condenar, assumindo ao mesmo tempo o papel de delegados, juízes e promotores, que ninguém nomeou para isso. Precisamos acabar com essa paranóia de achar, a cada seis meses, a cada acidente de maiores proporções, enchente ou nova explosão de violência, que o mundo acabou.

O jornalista recebeu uma contundente resposta de sua própria filha, Mariana, também jornalista. Algo como um bate-boca em família durante o almoço de domingo.

Mariana foi dura com o pai:

Desculpe-me, mas a realidade que você vive no Jardim Paulista é completamente diferente da realidade que eu vejo diariamente em São Miguel Paulista, no Jardim Ângela, Capão Redondo. Há quanto tempo você não vai até estes lugares? A população está completamente abandonada. Você fala tanto dos repórteres que não saem da redação sendo que você mesmo já não sai do seu reduto há muito tempo! (a não ser para viajar para fora de São Paulo...).

Continuou:

Você tem ido até São Mateus? Tem andado de ônibus, de metrô? Perdeu tudo o que tinha em desabamentos, enchentes? Precisou ser atendido no PS do Hospital Heliópolis? Não, pai. Desculpe-me, só queria que você refletisse um pouco sobre esse seu lado do “contente”.

E foi em frente:

Volte porque a realidade hoje é de escolas abandonadas, hospitais públicos falidos, assaltos e violência. Além de obras irresponsáveis feitas a toque de caixa e custo baixo. Daí vem o jogo do contente para dizer o quanto é lindo o Pátio do Colégio e bela a Oscar Freire? E a Avenida Sapopemba você sabe como está? Lá os microônibus nem param nos pontos, não há sinalização...

Acompanho a trajetória profissional do Kotscho desde a época em que ele fez uma reportagem no Estadão sobre mordomias que teve grande repercussão. Isso faz muito tempo. E a impressão que tenho é que, hoje, o verdadeiro Kotscho é a Mariana.
xxx