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Do Estadão

Estratégia do PT é eleger
um culpado e abreviar crise

Partido quer desfecho rápido para estancar desgaste de Lula

Carlos Marchi

Uma estratégia de sete pilares busca circunscrever a Jorge Lorenzetti a culpa máxima pelo falso dossiê Vedoin, para evitar que ela se espraie e atinja o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O pilar nº 1 prevê a entrega rápida de cabeças: os já implicados assumem suas culpas, ajudando a apressar o desfecho do caso ou a limitar os seus efeitos danosos. Ganham, em troca, como as 'vítimas' do mensalão, a gratidão do partido, a garantia de uma boa defesa criminal e defesa política posterior.

O pilar nº 2 prevê uma blindagem em torno do presidente Lula, para eximi-lo de qualquer culpa, protegendo também o presidente do PT, Ricardo Berzoini, cuja culpabilização respingaria em Lula. O primeiro sinal foi condenar duramente a trama. 'Sou o maior interessado na apuração dos fatos. De onde vem esse dinheiro?', indagou Lula ontem. Mas ele foi ambíguo ao condenar os acusados: ora rotulou-os de 'bandidos', ora de 'imbecis, loucos e insanos', ora chamou-os de 'pouco inteligentes', ora tratou-os afetuosamente como 'meninos'.

'Quem quer vender (dossiê) é bandido', disse o presidente ontem. Pouco depois, amenizou a linguagem: 'Quem fez isso não era da inteligência.' Na véspera, usou palavras bem mais macias, em entrevista ao Bom Dia Brasil: 'Isso que aconteceu com esses meninos hoje pode acontecer com qualquer outra pessoa amanhã.'

O pilar nº 3 prevê acusar os acusadores de 'golpistas' vinculados 'às elites'. 'É preciso ficar de olho', advertiu ontem Lula, 'porque tem gente neste País que ainda não aprendeu a conviver com a democracia. Deixaram um operário chegar ao poder e disseram: 'A gente, depois, tira ele à força, ele não vai dar certo e a gente volta com toda a força'.'

O pilar nº 4 pretende desqualificar continuamente os veementes ataques da oposição, dando aparência de exagero às cobranças de apuração. Ontem Lula desfiou esse discurso: 'Eles (a oposição) estão ansiosos, porque nós demos muito mais certo do que eles. Eles estão ansiosos para ver que existem outros meios para evitar que a gente dirija este País (sic).'

O pilar nº 5 prevê tirar a culpa da campanha de Lula e jogá-la sobre a campanha de Aloizio Mercadante, que seria o maior beneficiário da propalada desmoralização de José Serra. Mas jogar a culpa em São Paulo redunda em deixar uma pergunta sem resposta: se a trama foi paulista e visava a ajudar Mercadante, por que a operação foi 'federalizada', ou seja, foi planejada, dirigida e executada por assessores da campanha de Lula?

O pilar nº 6 tenta resolver o problema mais difícil de explicar - de onde veio o dinheiro supostamente ilegal apreendido pela Polícia Federal com os assessores petistas Gedimar Passos e Valdebran Padilha. A aparente solução foi induzir Lorenzetti a posar de sonso, transferindo a explicação - e a culpa específica - para Gedimar e Valdebran. Lorenzetti ensaiou isso ontem, quando disse à Polícia Federal que arquitetou tudo, mas seus planos não envolviam dinheiro.

O pilar nº 7 forja uma desculpa para o caso de Lula não vencer a eleição no primeiro turno, como todas as pesquisas sugerem. 'Tenho certeza de que vou ganhar as eleições, ainda que não seja no primeiro turno', antecipou ele ontem, com humildade. O pilar complementa-se aparentando e pregando calma perante a situação explosiva, como Lula fez ontem: 'Não tenho razão para ficar nervoso. Certamente, meus adversários é que têm.'

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