por Luciana Vicária
para Época
O pesquisador britânico Richard Lynn (foto) dedicou mais de meio século à análise da inteligência humana. Nesse tempo, publicou quatro best-sellers e se tornou um dos maiores especialistas no assunto. Nos últimos 20 anos, passou a investigar as relações entre raça, religião e inteligência. Ao publicar um trabalho na revista científica Nature, que sugeria que os homens são mais inteligentes, um grupo feminista o recepcionou em casa com o que ele chamou de salva de ovos.
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"Os mais inteligentes são mais propensos a questionar os dogmas da crença" |
Por que o senhor diz que pessoas inteligentes não acreditam em Deus?
Os mais inteligentes são mais propensos a questionar dogmas religiosos. Em geral, o nível de educação também é maior entre as pessoas de Q.I. maior (um Q.I. médio varia de 91 a 110). Se a pessoa é mais educada, ela tem acesso a teorias alternativas de criação do mundo. Por isso, entendo que um Q.I. alto levará à falta de religiosidade. O estudo que será publicado reuniu dados de diversas pesquisas científicas. E posso afirmar que é o mais completo sobre o assunto.
Segundo seu estudo, há países em que a média de Q.I. é alta, assim como o número de pessoas religiosas.
Sim, mas são exceções. A média da população dos Estados Unidos, por exemplo, tem Q.I. 98, alto para o padrão mundial, e ao mesmo tempo cerca de 90% das pessoas acreditam em Deus. A explicação é que houve um grande fluxo de imigrantes de países católicos, como México, o que ajuda a manter índices altos de religiosidade nas pesquisas. Mas, se tirarmos as imigrações ao longo dos últimos anos, a população americana teria um índice bem maior de ateus, parecido com o de países como Inglaterra (41,5%) e Alemanha (42%).
Cuba é um país mais ateu que os Estados Unidos, mas o nível de Q.I. não é tão alto.
Lynn – Você tem razão. É outra exceção. Pela porcentagem de ateus (40%), o Q.I. (85) dos cubanos deveria ser mais alto que o dos americanos. Mas há também aí um fenômeno não natural que interferiu no resultado. Lá, o comunismo forçou a população a se converter. Houve uma propaganda forte contra a crença religiosa. Não se chegou ao ateísmo pela inteligência. A população cubana não se tornou atéia porque passou a questionar a religião. Foi uma imposição do sistema de governo.
Lynn – Você tem razão. É outra exceção. Pela porcentagem de ateus (40%), o Q.I. (85) dos cubanos deveria ser mais alto que o dos americanos. Mas há também aí um fenômeno não natural que interferiu no resultado. Lá, o comunismo forçou a população a se converter. Houve uma propaganda forte contra a crença religiosa. Não se chegou ao ateísmo pela inteligência. A população cubana não se tornou atéia porque passou a questionar a religião. Foi uma imposição do sistema de governo.
E o Brasil, como está?
Lynn – O Brasil segue a lógica, um porcentual baixíssimo de ateus (1%) e Q.I. mediano (87). É um país muito miscigenado e sofreu forte influência do catolicismo de Portugal e dos negros da África. Fica difícil mensurar a participação de cada raça no Q.I. atual. O que posso dizer é que a história do país se reflete em sua inteligência.
O senhor quer dizer que a miscigenação influenciou nosso Q.I.?
Lynn – Sim, é uma hipótese em análise ainda. Os japoneses são os indivíduos que na média têm o maior Q.I. (105) entre as raças estudadas. É mais alto que o dos europeus e dos americanos. Em negros da África Subsaariana, o resultado foi 70. Em negros americanos, esse valor é maior (85). Isso pode ser explicado pelos 25% dos genes da raça branca que os negros americanos possuem.
O senhor está sugerindo que índios, brancos e negros têm Q.I. diferente entre si?
Exatamente. Isso se explica pela história da humanidade. Quando os primeiros humanos migraram da África para a Eurásia, eles encontraram dificuldade para sobreviver em temperaturas tão frias. Esse problema se tornou especialmente ruim na era do gelo. As plantas usadas como alimento não estavam mais disponíveis o ano inteiro, o que os obrigou a caçar, confeccionar armas e roupas e fazer fogo. Ao exercitar o cérebro na solução desses problemas, tornaram-se mais inteligentes. Há também uma mutação genética que teria acontecido entre asiáticos e dado uma vantagem competitiva a essa raça.
O senhor chegou a alguma conclusão sobre a inteligência das raças?
Sim. Os asiáticos são os mais inteligentes. Chineses, japoneses e coreanos têm o Q.I. mais alto (105) da humanidade. E isso acontece onde quer que esses indivíduos estejam, seja no Brasil, nos Estados Unidos, na Europa ou em seu país de origem. Em seguida, vêm europeus (100) e nas últimas posições estão os aborígenes australianos (62) e os pigmeus do Congo (54).
Se fosse assim, seria mais fácil encontrar um gênio entre os japoneses ateus, não?
Não. Os asiáticos têm Q.I. alto, mas são um grupo mais homogêneo. Há menos extremos positivos e negativos. Eu não diria que é mais fácil nem mais difícil. Na verdade, não sei. Os gênios aparecem em todos os povos, em todos os países, mas é difícil medi-los. E não é porque se é religioso que se é menos inteligente. Mas há uma tendência de encontrar Q.I. mais alto em pessoas não-religiosas. Em minha opinião, isso acontece porque a inteligência aprimorada leva ao questionamento da religião.
Há outras habilidades relacionadas ao sucesso profissional e à felicidade, além do Q.I.?
Os testes de Q.I. não devem ser tomados como a coisa mais importante da vida. Há muito de cultural nesses testes. E isso se reflete no mau desempenho de tribos rurais. Há também a tão alardeada inteligência emocional e uma série de características sociais que geram vantagem nos tempos modernos. Mas insisto que o Q.I. é um item fundamental para medir a inteligência de uma pessoa.
Que outras conclusões podemos tirar a partir do teste de Q.I.?
Inúmeras. É uma área de estudos muito produtiva hoje em dia. Acredita-se que pessoas com Q.I. elevado tenham menores índices de mortalidade e menos doenças genéticas. Aparentemente, há uma relação forte entre saúde e Q.I. alto. Os indivíduos mais inteligentes também apresentam menos risco de sofrer de depressão, estresse pós-traumático e esquizofrenia.
Qual é seu Q.I.?
Meu Q.I. é 145 (Lynn seria superdotado de acordo com a escala mais popular de Q.I. ). É um número alto, eu sei, mas não destoa entre os colegas da academia. Há Q.I.s mais altos que o meu na Academia de Ciências dos EUA. Mas lá também vale a regra. O número de ateus chega a 70%.
Como o senhor vê o papel da religião na sociedade?
A religião é um instinto, o homem primitivo tem crença religiosa e isso, por algumas razões, se manteve até hoje. Mas, acredito, somos capazes de superar isso com a razão.
Comentários
Na verdade AS adversidades selecionaram os mais aptos e portanto mais inteligentes, que tiveram seus genes perpetuados ao longo do tempo...
E o estudo não é racista nem elitista, apenas uma constatação de fatos, se os brancos capitalistas dominam o mundo deve ser por que, de fato, são mais aptos.
não conhecer ou não querer conhecer outras civilizações não é sinônimo que não existir
lembrando que a China ficou no topo das civilizações mais desenvolvidas na maior parte da história
inclusive, mais do que os estados unidos
E conheço é claro, "crentes"(sentido de crer em alguma religião) muito inteligentes, até mais do que alguns ateis a quem admiro.
A parte mais "errada" ou mal expressada seria o uso da palavra raça. A ciência moderna define que não exitem diferentes raças humanas (tanto nas ciências humanas quanto biológicas) existe somente uma "raça" ou o termo biológico correto a "espécie" humana. As diferenças físicas e culturais estariam ligadas ao ambiente e história da região dos povos em questão. Sendo assim a cor da pele, abertura dos olhos, cor do cabelo, etc não são critérios para se separar nossa espécie por "raças" como fazemos com cachorros, cavalos, vacas,etc. Por isso na biologia se aposentou o termo raça (pelo menos se tratando de humanos) e na antropologia moderna se usa o termo etnia.
O segundo "erro" estaria na interpretação dele a respeito sobre o porque, para a diferença de QI entre as etnias (raças). A hipótese apresentada por ele explica o por que de os povos do hemisfério norte, terem se desenvolvido mais tecnologicamente do que os povos do sul. Por exemplo se compararmos dois homens pré-históricos um vivendo no norte e outro no sul, no norte faz muito frio então o homem do norte precisa desenvolver proteção(roupas) no sul faz muito calor então o uso de roupas somente atrapalharia, por isso nossos índios andavam pelados e os índios norte americanos usavam roupas. Isso vale para todas as atividades do dia a dia, ou seja o ambiente hostil obrigou os europeus por exemplo a terem um desenvolvimento técnico maior para que pudessem sobreviver.
Só que durante a história não existe nenhuma prova que brancos europeus são mais inteligentes do que africanos, por exemplo os egípcios eram excelentes matemáticos e arquitetos milênios antes dos europeus, o mesmo vale para árabes e indianos.
Ou seja a necessidade de evolução tecnológica não fez que os brancos europeus evoluíssem e se tornassem naturalmente mais inteligentes que africanos. O que causa a diferença de inteligencia atual é basicamente a educação que existem em cada região do mundo. É natural que países pobre que passaram os últimos 500 anos sendo "massacrados" pela "elite" global, e hoje não possuem dinheiro para investir em educação tenha QIs abaixo da média. Do mesmo jeito a educação no Japão, Korea do Sul, Europa e EUA são muito melhores por isso a população tem uma média de QI acima da média. E o Brasil se você estudou em escolas públicas sabe que elas não ajudam em nada alguém a se torna superdotado.
Então é isso ou ele se expressou de forma errada, ou é um racista distorcendo fatos científicos para apoiarem suas "crenças". Em todo caso a culpa não é da ciência.
Vitor Hugo.
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