Pular para o conteúdo principal

O incrível padre Meslier. Ateu enrustido, escreveu contundentes críticas ao cristianismo e a Jesus

Após sua morte, descobriu-se que o padre Jean Meslier escreveu um testamento secreto com críticas à religião e defesa aberta do ateísmo.


Jean Meslier (1664-1729) foi um padre discreto em Champagne, França, que ficou famoso após a sua morte, com a descoberta e publicação do seu “Meu Testamento” — um texto em defesa do ateísmo.

Ninguém suspeitava do que ele secretamente pensava e colocava no papel.

Ele viveu como um mendigo. Doava aos pobres de seu salário.

Em seu testamento, desafia a saúde mental de Jesus, insinuando que se tratava "realmente um louco, um fanático”.
 
Ele fez observações apontando as grandes diferenças nas genealogias de Mateus e Lucas, e questionando como isso se deveria ser possível se ambas tivessem sido escritas por Deus. Por que ambas terminam com José, que logo seria dispensado de gerar Jesus? Por que o Filho de Deus deveria ser elogiado por ser filho de Davi, um adúltero errante e bandido? 

Ele ressaltou que, de acordo com alguns teístas fervorosos, como Calvino, a vasta maioria estava condenada ao inferno, então o céu é improvável para a maioria e, aparentemente, o diabo venceu, e Deus inexplicavelmente se sacrificou a si mesmo para nos salvar de si mesmo em troca de nada. 

Meslier:
“Como
poderia
uma
pessoa
civilizada
acreditar
em um
deus que
condena
suas criaturas
ao inferno
eterno?


Ele ponderou se alguma vez existiu um deus mais estranho do que este, que por milhares de anos se manteve oculto e ouviu, sem nenhuma resposta clara e visível, as orações e louvores de bilhões de pessoas. Ele é supostamente infinitamente sábio, mas seu império está tomado pela desordem e destruição. 

Deus — prossegue Meslier  — é supostamente bom, mas pune como um demônio desumano. Ele é supostamente justo, mas permite que os ímpios prosperem e seus santos sejam torturados até a morte.

O texto denuncia a “falsidade e vaidade de todas as divindades e de todas as religiões do mundo”.

Nas 633 páginas de seu manuscritos ele denuncia que a religião organizada não passa de um “simplesmente um castelo no ar” e a teologia como “somente a ignorância sobre as causas naturais reduzida a um sistema”.

“Todas as crianças são ateias”, escreve ele, “elas não têm ideia de Deus”. “Muito poucas pessoas teriam um deus se não tivessem tomado o cuidado de lhes dar um.” 

Sobre Jesus, ele escreve: “Vemos nele um fanático que, pregando aos miseráveis, os aconselha a serem pobres, a combater e extinguir a natureza, a odiar o prazer, a buscar o sofrimento, a desprezar a si mesmos. Ele os aconselha a deixar a família, todos os laços da vida, para segui-lo. Que bela moralidade! Deve ser divina porque é impraticável para os homens.”
 
Em seu Testamento, Meslier repudia não apenas o Deus do cristianismo convencional, mas também o Deus genérico da religião natural dos deístas. 

Para Meslier, a existência do mal é incompatível com a ideia de um Deus bom e sábio.Nega que qualquer valor espiritual possa ser obtido do sofrimento, e usa o argumento deísta do desígnio contra deus, mostrando os males que ele havia permitido neste mundo.

Para Meslier, as religiões são invenções fomentadas pelas elites dominantes; embora os primeiros cristãos tenham sido exemplares na partilha de seus bens, o cristianismo há muito degenerou em encorajar a aceitação do sofrimento e a submissão à tirania como praticada pelos reis da França: a injustiça é explicada a vontade de um ser onisciente.

Os argumentos usados ​​por Meslier contra a existência de Deus deriva de livros escritos por teólogos ortodoxos no debate entre os jesuítas, cartesianos e jansenistas. Sua incapacidade de concordar com uma prova da existência de Deus é vista por Meslier como uma boa razão para não presumir que haja motivos persuasivos que justifiquem a crença em Deus.

Meslier formulou um argumento que se tornou um tema comum do Iluminismo: sacerdotes e reis formaram uma aliança profana para manter as pessoas sob um domínio absoluto, opressor e obediente através do medo.

Ele pergunta: “A quem a ideia de Deus subjuga?” Homens fracos, decepcionados e enojados com o mundo, pessoas cujas paixões já se extinguiram pela idade, enfermidades ou reveses da fortuna. 

Até hoje repercute as afirmações dele de querer ver “todos os Grandes da Terra enforcados e estrangulados com as tripas dos padres”.

> Com informação de Church and State e de outras fontes.

Comentários

Post mais lidos nos últimos 7 dias

90 trechos da Bíblia que são exemplos de ódio e atrocidade

Santuário Nossa Senhora Aparecida fatura R$ 100 milhões por ano

Origem da religião: ensinamentos dos nossos ancestrais monstruosos

Título original: Origem da religião na pré-história  por Luiz Felipe Pondé para Folha Muitos leitores me perguntaram o que aquela peça kafkiana cujo título era "Páscoa" queria dizer na coluna do dia 2/4/2012. O texto era simplesmente isto: a descrição de um ritual religioso muito próximo dos centenas de milhares que devem ter acontecido em nossa Pré-História. Horror puro, mas é assim que deve ter começado toda a gama de comportamentos que hoje assumimos como cheios de significados espirituais. Entender a origem de algo "darwinianamente", nada tem a ver com a "cara" que esse algo possui hoje. Vejamos o que nos diz um especialista. O evolucionista Stephen Jay Gould (1941-2002), num artigo de 1989 cujo título é The Creation Myths of Cooperstown , compara a origem mítica do beisebol (supostamente nascido em território americano e já "pronto") com a explicação evolucionaria do beisebol. Gould está fazendo no texto uma metáfora do...

Vicente e Soraya falam do peso que é ter o nome Abdelmassih

Neymar paga por mês R$ 40 mil de dízimo à Igreja Batista

Limpem a boca para falar do Drauzio Varella, cristãos hipócritas!

Varella presta serviço que nenhum médico cristão quer fazer LUÍS CARLOS BALREIRA / opinião Eu meto o pau na Rede Globo desde o começo da década de 1990, quando tinha uma página dominical inteira no "Diário do Amazonas", em Manaus/AM. Sempre me declarei radicalmente a favor da pena de morte para estupradores, assassinos, pedófilos, etc. A maioria dos formadores de opinião covardes da grande mídia não toca na pena de morte, não discutem, nada. Os entrevistados de Sikera Júnior e Augusto Nunes, o povo cristão da rua, também não perdoam o transexual que Drauzio, um ateu, abraçou . Então que tipo de país de maioria cristã, tão propalada por Bolsonaro, é este. Bolsonaro é paradoxal porque fala que Jesus perdoa qualquer crime, base haver arrependimento Drauzio Varella é um médico e é ateu e parece ser muito mais cristão do que aqueles dois hipócritas.  Drauzio passou a vida toda cuidando de monstros. Eu jamais faria isso, porque sou ateu e a favor da pena de mor...

É impossível livrar poder público da eligião, afirma jornalista

Título original: O nome de Deus por Hélio Schwartsman para Folha "'Deus seja louvado' no real não causa aborrecimento grave" Num ponto eu e a CNBB estamos de acordo: há coisas mais essenciais com as quais se preocupar do que o dito "Deus seja louvado" nas cédulas de real. Ainda assim, vejo com simpatia o pedido do Ministério Público para que a expressão seja retirada das notas. Sou ateu, mas convivo bem com diferenças. Se a religião torna um sujeito feliz, minha recomendação para ele é que se entregue de corpo e alma. O mesmo vale para quem curte esportes, meditação e literatura. Cada qual deve procurar aquilo que o satisfaz, seja no plano físico ou espiritual. Desde que a busca não cause mal a terceiros, tudo é permitido. Isso dito, esclareço que não acompanho inteiramente a tese do procurador Jefferson Aparecido Dias de que o "Deus seja louvado" constrange os que cultuam outras divindades ou não creem. Em teoria, isso pode ocorrer...

Universidade planeja criar curso de pós-graduação em psicologia cristã

com atualização O UDF (Centro Universitário do Distrito Federal) planeja criar um curso de três meses de pós-gradução em psicologia cristã, que será destinado aos graduados em psicologia.  O CFP (Conselho Federal de Psicologia) já se manifestou contra o novo curso porque entende que a psicologia, por ser uma ciência, não tem nada a ver com o cristianismo ou com qualquer outra crença religiosa. Informou que, caso se confirme a criação do curso, vai recorrer às instâncias competentes contra o que considera ser uma afronta da universidade à ética profissional. Criado em 1967, o UDF é privado e não tem vínculo com igreja ou entidade religiosa. Na graduação, oferece, entre outros cursos, ciências biológicas, enfermagem, engenharia mecânica e direito. Na pós-graduação, tem mais de 30 cursos em diversas áreas. As aulas de alguns deles são pela internet. O UDF faz parte do Grupo Cruzeiro do Sul Educacional, que também congrega o Colégio Cruzeiro do Sul, Universidade Cruzeiro...

MP estuda pedir demolição de templo da Mundial que roubou rua

O Ministério Público do Estado de São Paulo poderá enviar à Justiça um pedido para a demolição do templo que a Igreja Mundial está construindo em São Paulo, no bairro Santo Amaro, zona sul. Com a conivência de autoridades municipais, a construção roubou 137 metros de um terreno previsto em lei para ser o prolongamento da rua Bruges, até a Benedito Fernandes, conforme mostra o mapa acima.   Hussain Aref Saab, que foi diretor do Aprov (Departamento de Aprovação de Edificação), da Prefeitura, teria participado de manobras ilegais para permitir que a igreja de Valdemiro Santiago assumisse um pedaço da rua. A informação é de Diego Zanchetta e Rodrigo Burgarelli, do Estado de S.Paulo. Saab se afastou do Aprov após denúncias de que ele se tornou proprietário de 125 apartamentos em 7 anos, levantando a suspeita de enriquecimento ilícito. As obras começaram em março de 2011 sem alvará, apenas com documento provisório chamado “direito de protocolo”. Os vizinhos alertaram as autoridade...