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Degradação da Caatinga ameaça macaco que só ocorre no Brasil

Expansão agrícola, degradação florestal e outras mudanças no uso da terra podem estar colocando em risco a sobrevivência do guigó-da-Caatinga — um macaco nativo e exclusivo do Brasil. 



O alerta vem de um estudo publicado na terça (30) na revista Regional Environmental Change, conduzido em parceria pelas Universidades Federais do Rio Grande do Norte (UFRN) e de Sergipe (UFS), além do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Primatas Brasileiros (CPB) e do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). 

Os achados reforçam a urgência de ações de planejamento e conservação para evitar a extinção da espécie, já classificada como Criticamente em Perigo de extinção.
                                                        Foto: Niall Perrins / iNaturalist / CC BY-NC 4.0

Para entender
como o ambiente do
guigó-da-Caatinga
se transformou
ao longo do tempo,
os pesquisadores
analisaram 84
paisagens distintas,
que indicavam
tanto locais onde
a espécie foi
registrada (46)
quanto áreas em
que ela não
estava presente (38).


Essas paisagens foram definidas a partir de registros de ocorrência compilados para a espécie e cruzadas com mapas de uso e cobertura do solo gerados pela plataforma MapBiomas. 

Esses mapas revelaram, ano a ano, se as regiões eram formadas por florestas, pastagem ou agricultura, por exemplo. Com isso, a equipe comparou mudanças na vegetação durante 37 anos e avaliou como o avanço no uso da terra afetou as áreas investigadas e a presença do macaco.

Um quarto das áreas de floresta na distribuição do guigó-da-Caatinga foi convertido em pastagens. Como resultado, esse bioma perdeu cerca de 17% de florestas no período analisado, sendo que aproximadamente 10% dessa área existente em 1985 foi convertida em pastos. 

Para a pesquisadora Bianca Guerreiro, principal autora do estudo, esses números são preocupantes. “Os guigós precisam das matas e árvores para obter recursos, como alimentação e abrigo, e também para se locomoverem”, exemplifica.

Atualmente, cerca de 54% da região habitada pelo guigó-da-Caatinga está tomada por agricultura ou terrenos sem vegetação. As pastagens, que ocupavam 30% da área em 1985, passaram a cobrir 42% em 2021, um salto de 40%. 

Segundo os autores, esse aumento representa diversos riscos para os guigós. Além de fragmentar o habitat em pequenas manchas isoladas, expõe a espécie à pressão humana e à presença do gado, que torna o solo mais compacto, prejudicando a infiltração de água e o crescimento de novas plantas. 

Os autores também destacam que, ao caminhar sobre pequenas mudas de árvores, o gado contribui para limitar a regeneração e a manutenção das florestas em longo prazo.

Essa fragmentação do habitat pode estar limitando a dispersão da espécie. Em um estudo adicional já submetido, os autores verificaram que em regiões mais desmatadas inseridas em áreas agrícolas, há maior densidade populacional de guigós — ou seja, mais indivíduos concentrados em menos espaço. “Isso sugere que os grupos estão adensados em fragmentos isolados, provavelmente em função da baixa conectividade da paisagem”, explica Guerreiro.

 “Esse confinamento traz várias consequências, como o aumento da competição por recursos, a redução da variabilidade genética e maior vulnerabilidade a distúrbios, como um incêndio, um surto de doença ou mesmo a expansão de atividades humanas em um fragmento”, ressalta.

Em 2021, menos de 9% do bioma Caatinga contava com áreas protegidas. Entre 2021 e 2022, o guigó-da-Caatinga, nativo e restrito a essa região, foi reconhecido como Criticamente em Perigo de extinção na Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza e pelo governo brasileiro.

Guerreiro defende que pesquisas como esta podem auxiliar órgãos governamentais e não governamentais na identificação de locais críticos para monitoramento e ações de mitigação de perda de biodiversidade, guiando a recuperação florestal e a criação de áreas protegidas. 

“Os resultados também reforçam a importância de conciliar produção e conservação, o que pode ser incentivado por programas de formação técnica e subsídios específicos e direcionados”, conclui a autora, acrescentando que a equipe já conduz novas pesquisas para continuar contribuindo com o conhecimento sobre o guigó e seu habitat.

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