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Pescadoras artesanais relatam invisibilidade e vulnerabilidade às mudanças climáticas

Responsáveis por quase metade da força de trabalho na pesca artesanal, mulheres enfrentam desafios agravados pela desigualdade de gênero, falta de representação política e pela crise climática. É o que revela estudo publicado na revista Marine Policy, conduzido por pesquisadores das universidades federais de São Paulo (UNIFESP) e do Sul da Bahia (UFSB), em parceria com instituições nacionais e internacionais. 

O trabalho aponta que o conhecimento ecológico das pescadoras brasileiras — que percebem os impactos diretos das mudanças ambientais na atividade — pode apoiar a formulação de políticas públicas mais justas e também mais eficazes.


Cientistas
entrevistaram
nove mulheres
que atuam em
sete estados
de quatro
regiões da costa
brasileira. Elas
falaram sobre
suas motivações,
perspectivas
para o futuro
e os impactos
do clima em
suas atividades.
As entrevistas
aconteceram
em 2022.

O artigo aponta que as normas de gênero, moldadas por expectativas culturais e sociais, fazem com que a contribuição das mulheres no setor seja frequentemente vista como uma extensão das tarefas domésticas — inclusive por elas mesmas. 

“Mesmo as pescadoras sendo protagonistas na pesca artesanal e enfrentando diretamente os impactos das mudanças climáticas, elas permanecem invisíveis nas estatísticas e nas políticas públicas”, observa Caroline Fassina, primeira autora do estudo.

“Além disso, o estudo revelou a força do conhecimento ecológico local dessas mulheres como uma fonte valiosa de dados e percepções sobre as transformações ambientais”, completa.

Entre as motivações citadas para a pesca, estão alimentação e renda, mas também o bem-estar e a cultura, expressa em vínculos afetivos com o território, o mar e a comunidade. 

O legado familiar tem papel de destaque: oito das nove entrevistadas mencionaram o pai como influência na introdução à pesca. 

Leandra Gonçalves, coautora do estudo, avalia que esse aspecto pode ser incorporado a programas intergeracionais que estimulem o envolvimento de jovens na pesca artesanal. 

“Políticas públicas podem apoiar projetos de formação baseados em ‘educadores do mar’ — pessoas das comunidades que compartilham saberes tradicionais e vivências para fortalecer o sentimento de pertencimento e continuidade”, diz a pesquisadora, professora do Instituto do Mar da Universidade Federal de São Paulo e coordenadora do Grupo de Pesquisa em Gestão e Governança do Oceano.

Embora a televisão tenha sido apontada como uma das principais fontes de informação sobre mudanças climáticas, o estudo revelou que as experiências cotidianas das pescadoras são fontes de dados sobre o tema. 

Entre os efeitos mais preocupantes relatados estão perda de biodiversidade, calor excessivo e aumento das tempestades. Também foram citadas mudanças nas temporadas de pesca, períodos de seca e até impactos na saúde. 

Com isso em mente, Caroline Fassina defende que “é fundamental promover espaços de escuta e inclusão formal das mulheres nos conselhos de gestão e políticas públicas, além de registrar seus conhecimentos em plataformas acessíveis”.

Leandra Gonçalves destaca a importância de incentivar e abrir mais espaço para as lideranças femininas na pesca, investir em programas com foco em gênero, tendo em vista as desigualdades estruturais que invisibilizam a contribuição feminina na atividade. 

Estimular esse tipo de ação está entre os objetivos da equipe, que também ressalta o desejo de ampliar o alcance da pesquisa. 

Segundo as autoras, os próximos passos incluem a intenção de aplicar a estrutura metodológica em outras regiões do Atlântico Sul, inclusive na costa da África, incentivando as parcerias Sul-Sul.

Ainda está previsto saber como juventudes e identidades diversas, como mulheres trans e pessoas não-binárias, estão inseridas na pesca artesanal e pensam o futuro dessa profissão e do seu local de trabalho, o mar.

Com informação da revista Marine Policy.

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