Pular para o conteúdo principal

CNBB e Conselho de Medicina se unem contra a proteção de crianças estupradas. Que Estado laico é este?

nota conjunta divulgada no dia 14 pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), é mais do que uma manifestação de opinião sobre um procedimento médico: é um sintoma grave da erosão da laicidade do Estado e da captura religiosa de políticas públicas de saúde.


Tabata Pastore Tesser 
socióloga 

Portal Catarinas
plataforma de informações sobre feminismo e direitos humanos

Sob o pretexto de “defender a dignidade da vida humana desde a concepção até o fim natural”, as entidades se colocam contra a possibilidade de regulamentar a assistolia fetal no Brasil, procedimento seguro e recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS),.

Também é tema que está em debate no Supremo Tribunal Federal (STF) no âmbito da ADPF 1141.

O documento não é neutro. Repete argumentos teológicos moralizantes e descolados da realidade concreta de meninas, mulheres e pessoas que gestam que recorrem ao aborto legal no Brasil, especialmente em casos de estupro.

Ele ignora que a gravidez infantil é, por si só, uma violência e um risco à vida.


A série Meninas
Mães
, do Instituto
AzMina, trouxe
dados alarmantes:
entre 2014 e 2023,
todos os dias
nasceram, em
média, 57 bebês
filhos de meninas
de 10 a 14 anos,
mais de 200 mil
no total. Cerca
de 75% delas
eram negras.
Nesse mesmo
período, apenas
828 acessaram
o direito ao
aborto legal.

Ao se oporem à assistolia fetal, procedimento recomendado em gestações avançadas para evitar sofrimento fetal e complicações para as vítimas, a CNBB e o CFM reforçam estigmas e barreiras que já afastam meninas e mulheres dos serviços de saúde. 

A objeção de consciência, tratada de maneira equívoca na nota, é utilizada como ferramenta institucional de serviços católicos confessionais para negar direitos e impor crenças religiosas no espaço público.

Trata-se de um projeto coerente com a filantropia internacional de hospitais católicos e profissionais objetores, que busca consolidar “objeção de consciência institucional” e esvaziar protocolo de consentimento informado.

Essa aliança institucionaliza uma visão única e confessional no campo da saúde, desconsiderando que o Brasil é um Estado laico e que o SUS tem o dever constitucional de garantir atendimento universal, gratuito e baseado em evidências científicas.

Ao se aproximar de uma hierarquia religiosa para ditar normas e condutas médicas, o CFM abandona seu papel técnico e passa a atuar como braço político de um ativismo religioso contrário aos direitos sexuais e reprodutivos.

No Brasil, a CNBB encontra no CFM um aliado estratégico para legitimar a recusa a procedimentos previstos em lei e reconhecidos pela ciência, mesmo quando a vida e a saúde da paciente estão em risco.

O resultado é previsível: mais desigualdade, mais meninas forçadas a parir de seus agressores, mais sofrimento silencioso, mais injustiça reprodutiva. 

A laicidade do Estado não é uma formalidade, é a garantia de que nenhuma convicção religiosa será usada para negar direitos em políticas públicas. 

Quando a medicina se curva à doutrina religiosa, quem paga o preço são as crianças estupradas.

Comentários

EDUARDO BANKS disse…
Muitas dessas crianças são estupradas por PADRES, com o acobertamento dos seus BISPOS; então, a CNBB é interessada em jogar os estupros para debaixo do tapete, e o CFM se presta a ajudar a encobrir os crimes, mediante penalizar as vítimas.
CBTF disse…
Nenhuma surpresa, a CNBB é uma das instituições que patrocinam a pedofilia, inclusive agora seus deputados estão fazendo de tudo pra não votar a punição pra exploração de crianças nas redes sociais. Todo mundo sabe que as autoridades e políticos escondem os crimes cometidos pela maioria dos padres em troca de apoio político.

Post mais lidos nos últimos 7 dias

Vicente e Soraya falam do peso que é ter o nome Abdelmassih

Feliciano manda prender rapaz que o chamou de racista

Marcelo Pereira  foi colocado para fora pela polícia legislativa Na sessão de hoje da Comissão de Direitos Humanos e Minoria, o pastor e deputado Marco Feliciano (PSC-SP), na foto, mandou a polícia legislativa prender um manifestante por tê-lo chamado de racista sob a alegação de ter havido calúnia. Feliciano apontou o dedo para um rapaz: “Aquele senhor de barba, chama a segurança. Ele me chamou de racista. Racismo é crime. Ele vai sair preso daqui”. Marcelo Régis Pereira, o manifestante, protestou: “Isso [a detenção] é porque sou negro. Eu sou negro”. Depois que Pereira foi retirado da sala, Feliciano disse aos manifestantes: “Podem espernear, fui eleito com o voto do povo”. O deputado não conseguiu dar prosseguimento à sessão por causa dos apitos e das palavras de ordem cos manifestantes, como “Não, não me representa, não”; “Não respeita negros, não respeita homossexuais, não respeita mulheres, não vou te respeitar não”. Jovens evangélicos manifestaram apoio ao ...

90 trechos da Bíblia que são exemplos de ódio e atrocidade

Rabino da Congregação Israelita Paulista é acusado de abusar de mulheres

Orkut tem viciados em profiles de gente morta

Uma das comunidades do Orkut que mais desperta interesse é a PGM ( Profile de Gente Morta). Neste momento em que escrevo, ela está com mais de 49 mil participantes e uma infinidade de tópicos. Cada tópico contém o endereço do profile (perfil) no Orkut de uma pessoa morta e, se possível, o motivo da morte. Apesar do elevado número de participantes, os mais ativos não passam de uma centena, como, aliás, ocorre com a maior parte das grandes comunidades do Orkut. Há uma turma que abastece a PGM de informações a partir de notícias do jornal. E há quem registre na comunidade a morte de parentes, amigos e conhecidos. Exemplo de um tópico: "[de] Giovanna † Moisés † Assassinato Ano passado fizemos faculdade juntos, e hoje ao ler o jornal descubri (sic) que ele foi assassinado pois tentou reagir ao assalto na loja em que era gerente. Tinha 22 anos...” Seguem os endereços do profile do Moisés e da namorada dele. Quando o tópico não tem o motivo da morte, há sempre alguém que ...

Limpem a boca para falar do Drauzio Varella, cristãos hipócritas!

Varella presta serviço que nenhum médico cristão quer fazer LUÍS CARLOS BALREIRA / opinião Eu meto o pau na Rede Globo desde o começo da década de 1990, quando tinha uma página dominical inteira no "Diário do Amazonas", em Manaus/AM. Sempre me declarei radicalmente a favor da pena de morte para estupradores, assassinos, pedófilos, etc. A maioria dos formadores de opinião covardes da grande mídia não toca na pena de morte, não discutem, nada. Os entrevistados de Sikera Júnior e Augusto Nunes, o povo cristão da rua, também não perdoam o transexual que Drauzio, um ateu, abraçou . Então que tipo de país de maioria cristã, tão propalada por Bolsonaro, é este. Bolsonaro é paradoxal porque fala que Jesus perdoa qualquer crime, base haver arrependimento Drauzio Varella é um médico e é ateu e parece ser muito mais cristão do que aqueles dois hipócritas.  Drauzio passou a vida toda cuidando de monstros. Eu jamais faria isso, porque sou ateu e a favor da pena de mor...

Suécia corta subsídios das igrejas fundamentalistas e impõe novas restrições

Psicóloga defende Feliciano e afirma que monstro é a Xuxa

Marisa Lobo fez referência ao filme de Xuxa com garoto de 12 anos A “psicóloga cristã” Marisa Lobo (foto) gravou um vídeo [ver abaixo] de 2 minutos para defender o pastor e deputado Marco Feliciano (PSC-SP) da crítica da Xuxa segundo a qual ele é um “monstro” por propagar que a África é amaldiçoada e a Aids é uma “doença gay”. A apresentadora, em sua página no Facebook, pediu mobilização de seus fãs para que Feliciano seja destituído da presidência da Comissão de Direitos Humanos e das Minorias da Câmara. Lobo disse que “monstro é quem faz filme pornô com criança de 12 anos”. Foi uma referência ao filme “Amor Estranho Amor”, lançado em 1982, no qual Xuxa faz o papel de uma prostituta. Há uma cena em que a personagem, nua, seduz um garoto, filho de outra mulher do bordel. A psicóloga evangélica disse ter ficado “a-pa-vo-ra-da” por ter visto nas redes sociais que Xuxa, uma personalidade, ter incitado ódio contra um pastor. Ela disse que as filhas (adolescentes) do pastor são fãs...

Prefeito de São Paulo veta a lei que criou o Dia do Orgulho Heterossexual

Kassab inicialmente disse que lei não era homofóbica

Pastor da Frente Parlamentar quer ser presidente do Brasil

Feliciano sabe das 'estratégias do diabo' contra um presidente cristão O pastor Marco Feliciano (foto), 41, do Ministério Tempo de Avivamento, disse sonhar com um Brasil que tenha um presidente da República que abra o programa “Voz do Brasil” dizendo: “Eu cumprimento o povo brasileiro com a paz do Senhor”.  Esse presidente seria ele próprio, conforme desejo que revelou no começo deste ano. Feliciano também é deputado federal pelo PSC-SP e destacado membro da Frente Parlamentar Evangélica. Neste final de semana, após um encontro com José Serra (PSDB), candidato a prefeito de São Paulo, Feliciano falou durante um culto sobre “as estratégias do diabo” para dificultar o governo de um "presidente cristão":  "A militância dos gays, a militância do povo que luta pelo aborto, a militância dos que querem descriminalizar as drogas". Como parlamentar, Feliciano se comporta como se o Brasil fosse um imenso templo evangélico. Ele é autor, entre outros, do p...