O Censo Demográfico de 2022 confirmou uma tendência global: o aumento do número de pessoas que se declaram sem religião
Especialistas apontam que o crescimento desse grupo de “não filiados a crenças” é um fenômeno social complexo.
O aumento de pessoas sem religião é um fenômeno global. Dados da Pew Research mostram que, entre 2010 e 2020, países como Estados Unidos, Reino Unido e Canadá registraram um crescimento superior a dez pontos percentuais nesse grupo.
A antropóloga Regina Novaes categoriza o grupo dos sem religião em três perfis distintos:
Em trânsito religioso: pessoas que estão em busca de uma crença, trocando de religião ao longo da vida.
Religiosidade do “eu”: indivíduos que mantêm a fé, mas sintetizam elementos de diversas religiões para criar uma crença própria, sem se associar a uma igreja.
Em busca de amparo: aqueles que, apesar de não pertencerem a uma religião específica, recorrem a instituições religiosas em momentos de aflição.
Para a socióloga Christina Vital, essa busca por liberdade é uma característica do grupo. “Trata-se de pessoas que querem a liberdade de estar em uma e outra comunidade religiosa sem vínculos”.
No Brasil, essa parcela da população cresceu de 7,9% para 9,3%, um movimento que, embora notável, não altera a posição do país como uma das nações mais cristãs do planeta, somando-se as populações católica e evangélica.
Especialistas apontam que o crescimento desse grupo de “não filiados a crenças” é um fenômeno social complexo.
Christina Vital, professora de Sociologia da UFF, destaca que a maioria dessas pessoas não se identifica como ateia ou agnóstica.
Essas pessoas vivenciam a fé de forma desinstitucionalizada, o que representa um desafio para as organizações religiosas, que perdem o controle sobre a manutenção e reprodução social e econômica desses fiéis.
Fenômeno Global
Fenômeno Global
O aumento de pessoas sem religião é um fenômeno global. Dados da Pew Research mostram que, entre 2010 e 2020, países como Estados Unidos, Reino Unido e Canadá registraram um crescimento superior a dez pontos percentuais nesse grupo.
A antropóloga Regina Novaes, do Instituto de Estudos da Religião (Iser), explica que esse movimento ganhou força a partir da década de 1990, com a ascensão do Movimento Nova Era, sendo impulsionado pela globalização e pelo avanço tecnológico.
Segundo ela, as novas tecnologias “ligam coisas que nunca foram ligadas antes”, abrindo um leque de possibilidades religiosas para as pessoas.
Apesar de o Brasil atingir um patamar semelhante ao de outros países latino-americanos, como México e Argentina, há peculiaridades nacionais.
Apesar de o Brasil atingir um patamar semelhante ao de outros países latino-americanos, como México e Argentina, há peculiaridades nacionais.
Novaes aponta que os jovens brasileiros trocam de religião duas vezes mais do que os argentinos. Ela atribui essa alta mobilidade religiosa à existência de famílias multirreligiosas.
Hoje é comum encontrar famílias com membros de diferentes credos, como pais evangélicos, mães católicas e avós da umbanda. Essa convivência plural estimula as pessoas a buscarem sua própria fé.
Três perfis dos sem religião
Três perfis dos sem religião
A antropóloga Regina Novaes categoriza o grupo dos sem religião em três perfis distintos:
Em trânsito religioso: pessoas que estão em busca de uma crença, trocando de religião ao longo da vida.
Religiosidade do “eu”: indivíduos que mantêm a fé, mas sintetizam elementos de diversas religiões para criar uma crença própria, sem se associar a uma igreja.
Em busca de amparo: aqueles que, apesar de não pertencerem a uma religião específica, recorrem a instituições religiosas em momentos de aflição.
Para a socióloga Christina Vital, essa busca por liberdade é uma característica do grupo. “Trata-se de pessoas que querem a liberdade de estar em uma e outra comunidade religiosa sem vínculos”.
> Com informação do IBGE.
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