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Cientistas encontram o macho de besouro Cryptolestes obesus após 20 anos de procura

Pela primeira vez, um espécime macho do besouro Cryptolestes obesus foi descrito no Brasil. Pesquisadores do INPA (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia), em Manaus, realizaram a descoberta durante uma visita para a identificação de espécies localizadas no Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo (USP). O relato foi publicado na revista EntomoBrasilis nesta quinta (27).

Leandro Zeballos, autor da pesquisa, relata a satisfação com a descoberta. “É sempre uma expectativa muito grande visitar esse tipo de museu para analisar suas coleções, porque encontramos materiais de muitos locais — não só da região, mas do Brasil e fora, provenientes da coleta de muitos pesquisadores famosos que dedicaram suas vidas a trabalhar com isso.”

O espécime descrito é parte da coleção de Fritz Plaumann, imigrante alemão que dedicou décadas ao trabalho em Entomologia. 

Com apenas 1,4 mm de comprimento e 0,56 mm de largura, o besouro vive embaixo de cascas de árvore — o que dificulta muito sua identificação e coleta.


A Cryptolestes obesus
foi inicialmente descrita
em 2002 na revista
Insecta Mundi
, pelo
pesquisador Michael
C. Thomas, com base
em um espécime fêmea
de Rondônia. Espécies
do gênero Cryptolestes
costumam ser descritas
com base no macho.
Thomas, porém,
considerou as
características do
espécime fêmea
distintivas o suficiente
para classificar a nova
espécie, presumindo
uma associação
relativamente
fácil ao macho,
quando encontrado

Mais de 20 anos depois, Leandro Zeballos e Matheus Bento, responsáveis pelo “casamento”, dão razão a “Thomas estava certo ao hipotetizar uma fácil associação ao macho nesta espécie, já que suas características diagnósticas não se baseiam em traços sexuais primários ou secundários [como genitálias ou chifres, respectivamente]”, relataram no novo artigo.

Tanto o macho quanto a fêmea da espécie apresentam um corpo mais largo, robusto, com a linha secundária bilateral completa no protórax, onde se conecta a cabeça — características distintivas de outras espécies do gênero. 

Discerni-los é importante para evitar erros taxonômicos: “Esta associação do macho com a fêmea impede que um taxonomista menos experiente com esta família de besouro encontre e descreva o macho como uma espécie nova, o que facilmente acontece nos estudos com besouros”, explica Zeballos.

O autor afirma que os próximos passos envolvem delimitar as características do gênero que ainda não são totalmente conhecidas: “Queremos desvendar o que diferencia o Cryptolestes de gêneros parecidos, e reconstruir uma árvore filogenética para entender as relações de parentesco entre os mais de 40 gêneros da família Laemophloeidae.”

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