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Agora sabemos a composição e origem do asteroide que exterminou os dinossauros

O desenvolvimento de nova técnica que quebra ligações químicas possibilitaram conhecer melhor o asteroide que caiu no México


Josep M. Trigo Rodríguez 
pesquisador do grupo de meteoritos, corpos menores e ciências planetárias, do Instituto de Ciências Espaciais, Espanha 

The Conversationl
plataforma de informação produzida por acadêmicos e jornalistas


Há 66 milhões de anos, o impacto com um asteroide marcou uma mudança de época e determinou o declínio dos grandes sáurios que até então dominavam a Terra.

Os pioneiros em propor tal hipótese foram os pesquisadores liderados pelo Prêmio Nobel de Física Luis Walter Álvarez. 

O seu estudo já apontava que este impacto deve ter tido consequências globais para os ecossistemas terrestres. Pouco após demonstrá-lo no papel, e como resultado da prospecção de petróleo no Golfo de Yucatán, foi descoberta uma cratera de 150 quilômetros de diâmetro conhecida como Chicxulub.

Graças aos avanços da cosmoquímica, foi confirmada a natureza incomum do projétil escavado por Chicxulub, a única cratera de impacto conhecida até o momento produzida por um asteroide que atingiu a Terra vindo da região externa do cinturão principal, além de Júpiter. 

    ARTE: MARK GARLIK

Representação artística
de asteroide impactando
a Terra, como o evento
Chicxulub que causou
a extinção em massa
do final do Cretáceo,
66 milhões de anos atrás

Localizar a sua origem serve para melhor calibrar os modelos dinâmicos destes corpos rochosos, capazes de gerar impactos que marcariam definitivamente o nosso destino.

Um asteroide da região externa do sistema solar

Hoje em dia, um fascinante estudo publicado na revista Science, liderado por Mario Fischer-Gödde, revelou que o asteroide que escavou aquela enorme cratera tinha uma composição peculiar, semelhante aos condritos carbonáceos que povoam a região externa do cinturão de asteroides principal, uma região do nosso sistema solar localizada entre as órbitas de Júpiter e Marte.

Os pesquisadores analisaram de perto anomalias isotópicas em vários afloramentos geológicos (rochas não cobertas por outras rochas) associadas a grandes impactos. Nestes locais é possível detectar compostos químicos resultantes da sedimentação de poeira fina produzida após o impacto de asteroides.

A análise foi realizada em vários afloramentos com aproximadamente 65 milhões de anos. A data corresponde ao limite entre o Cretáceo e o Paleógeno (limite K/Pg, no jargão), momento em que ocorreu a grande extinção de espécies, inclusive dos dinossauros.

Nestes ambientes estratigráficos foram encontradas concentrações muito elevadas de elementos químicos do grupo da platina, particularmente o raro rutênio.

   
FOTO: PHILIPPE CLAEYS 

A camada limite
do Cretáceo-Paleógeno
(K-Pg) de 66 milhões
de anos fotografada no
afloramento Stevns Klint,
na Dinamarca


Essas anomalias químicas são o resultado, por um lado, da desintegração do asteroide ao entrar em hipervelocidade; e por outro, o processo de escavação da cratera Chicxulub, que criou uma “pluma de impacto”, lançando bilhões de toneladas de material pulverizado na atmosfera e produzindo mudanças climáticas repentinas.

Na abundância de rutênio

O novo trabalho exemplifica como os avanços cosmoquímicos também definem a direção para novas descobertas. A descoberta foi possível graças ao desenvolvimento de uma nova técnica que quebra ligações químicas e permite desvendar a abundância elementar dos minerais que compõem as rochas.

Desta forma, as abundâncias químicas de rutênio foram medidas em vários tipos de amostras geológicas da fronteira K/Pg, geradas pelos restos do impactador Chicxulub.

A abundância elementar de rutênio permaneceu notavelmente estável durante bilhões de anos, apesar da atividade geológica da Terra. Portanto, a detecção de uma superabundância, como qualquer anomalia, pode ser considerada um rastreador de um impacto cósmico.

Os dados obtidos indicam que o projétil que causou o impacto de Chicxulub foi um asteroide do tipo carbonáceo, provavelmente formado além da órbita de Júpiter ou incorporando materiais primitivos da região externa do nosso sistema planetário.

O risco de um novo impacto de asteroide

O impacto de Chicxulub foi catastrófico para a vida na Terra, como demonstrou em 2010 uma equipe liderada por Peter Schulte. Estima-se que o diâmetro mínimo do asteroide que causou tal evento de extinção seja em torno de 10 km, capaz de escavar aquela cratera colossal e injetar enormes quantidades de poeira que geraram uma mudança climática repentina.

    FOTO: VICTOR O. LESHYK / LPI

Localização da
cratera Chicxulub,
no fundo do Golfo
de Yucatán, no México


Estima-se que, como resultado de efeitos indiretos, aquele evento exterminou cerca de 75% das espécies vivas, e muito possivelmente os seus efeitos devastadores tiveram muito a ver com a natureza indiferenciada do projétil.

Nos asteroides carbonáceos encontramos todos os elementos químicos da tabela periódica, inclusive aqueles que possuem propriedades catalisadoras de compostos nocivos aos seres vivos quando atingem uma atmosfera rica em oxigênio como a da Terra.

Por outro lado, os resultados obtidos também destacam estudos recentes de asteroides carbonáceos analisados ​​pelas missões de retorno de amostras Hayabusa 2 da agência espacial japonesa (JAXA) e pela missão da NASA (OSIRIS REx) .

Já não há dúvida de que os asteroides carbonáceos também impactam o nosso planeta, embora o façam com menos frequência do que os asteroides ricos em silicatos, representativos dos chamados condritos comuns. Portanto, é de grande relevância conhecer a sua composição e os percursos que seguem, para descrever os efeitos que podem causar nos ecossistemas com base nas suas dimensões e composição química.

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