Pular para o conteúdo principal

Grupo de 1% mais rico emite igual quantidade de CO2 de 66% dos pobres

Os mais ricos são os principais investidores em indústrias poluentes e adotam estilos de vida que resultam em grandes emissões de dióxido de carbono


CAMILA BOEHM
jornalista

Agência Brasil
empresa financiada
pelo governo brasileiro

As emissões de dióxido de carbono (CO2), um dos principais gases de efeito estufa, da parcela 1% mais rica da população mundial (77 milhões de pessoas) representou 16% do total de emissões do planeta em 2019. Isso equivale à mesma quantidade emitida por 66% da população pobre global, que somam cerca de 5 bilhões de pessoas.

Os dados são do relatório Igualdade Climática: Um Planeta para os 99%, que será lançado nesta segunda-feira (20) pela organização não governamental Oxfam, que atua contra pobreza, desigualdades e injustiça. A entidade internacional aponta que os mais ricos são os principais investidores em indústrias poluentes e estilos de vida que resultam em grandes emissões de CO2, impulsionando o aquecimento global.

Estima-se que somente as emissões dessa parcela, em 2019, serão suficientes para causar mortes de 1,3 milhão pessoas relacionadas ao calor de 2020 a 2100.

“É inaceitável que o 1% mais rico continue liderando o mundo ladeira abaixo para um colapso planetário. E quem vem sofrendo o impacto dos danos dessa viagem é a maioria da população. São bilhões de pessoas impactadas por enchentes, secas, perdas de território, aquecimento e baixa de temperatura desproporcional, problemas de saúde e pobreza”, diz Katia Maia, diretora-executiva da Oxfam Brasil, em nota da organização.

Para a entidade, a luta para acabar com a era dos combustíveis fósseis se torna inviável enquanto houver riqueza extrema no mundo e os governos não cumprirem os compromissos por uma sociedade sustentável.

O relatório foi elaborado com dados do Stockholm Environment Institute (Instituto Ambiental de Estocolmo) e avalia as estatísticas nacionais de emissões de consumo de 196 países, entre 1990 e 2019, do Global Carbon Atlas (Atlas Global de Carbono), que cobre quase 99% das emissões globais.

Os dados de renda nacional e os números populacionais foram obtidos do Penn World Table (PWT) e do Banco Mundial.

Impacto desigual

O impacto da crise climática é desigual entre a população, atingindo mais quem vive na pobreza, mulheres e meninas, pessoas negras, comunidades indígenas, comunidade quilombolas e tradicionais nos países do Sul do globo. Por sua vez, esses efeitos aumentam as desigualdades entre os países e dentro deles.

As soluções, conforme a Oxfam, passam por medidas como a tributação dos super-ricos, investimento em serviços públicos e cumprimento das metas climáticas. 

Poluição tem efeito mais
devastador sobre a
população mais pobre

Segundo cálculo da Oxfam, um imposto de 60% sobre a renda do 1% mais rico do mundo arrecadaria US$ 6,4 trilhões, que poderiam ser utilizados para o enfrentamento da crise climática, por exemplo, financiando a transição energética e a preparação para países e regiões que têm grande parte de sua população afetada.

Outra projeção aponta que um imposto de 2% sobre a riqueza dos milionários, de 3% sobre aqueles com riqueza superior a US$ 50 milhões de 5% sobre os bilionários do mundo resultaria em um montante de US$ 1,726 trilhão em recursos para os governos.

“É preciso fazer a conexão entre o excesso de riqueza e o colapso climático. Está passando da hora dos super-ricos serem taxados mundialmente. Essa é uma forma de levantar recursos para enfrentar de maneira mais eficaz as mudanças climáticas e as desigualdades. E a sociedade deve se mobilizar e pressionar os governos para que essa taxação ocorra”, acrescenta Maia.

Recomendações

As recomendações da Oxfam para combater os danos decorrentes da mudança climática incluem o aumento radical da igualdade, por meio de políticas governamentais.

Os países com altos índices de desigualdade sofrem sete vezes mais mortes por inundações do que países mais igualitários.

“Sociedades economicamente mais igualitárias são vitais para enfrentar desigualdades como gênero, raça, religião e casta. Sociedades mais igualitárias são capazes de gerir os enormes riscos e impactos das condições meteorológicas extremas de forma mais eficaz e justa”, divulgou a entidade.

Uma transição rápida e justa para longe dos combustíveis fósseis é outro mecanismo. De acordo com a organização, nações ricas e poluentes devem eliminar “rápido e gradualmente o uso dos combustíveis fósseis e cessar imediatamente a emissão de quaisquer novas licenças ou a permissão da expansão da exploração, extração ou processamento de carvão, petróleo e gás”, tributando quem ganha com essas atividades.

A entidade defende ainda uma nova dinâmica para o sistema econômico atual, desvinculada do crescimento econômico, extração e consumo excessivos a qualquer custo.

Comentários

Post mais lidos nos últimos 7 dias

90 trechos da Bíblia que são exemplos de ódio e atrocidade

Mescla da política e religião intimida ateus no Brasil. E defendê-los e defender a razão

Bianca Machado Cotta, vítima do voo AF 447

Bianca Machado Cotta (foto), 25, era médica. No sábado (30), tinha se casado com o procurador federal Carlos Eduardo Lopes de Melo (foto). A festa foi para 300 convidados. No dia seguinte, os dois embarcaram para Paris – era a viagem de Lua de Mel. Tinham planejado conhecer alguns países europeus. Ela tinha se formado em medicina no ano passado. Ela era a única filha do cientista Renato Cotta, do Instituto Alberto Luiz Coimbra, da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro). Um parente dela disse à imprensa que ela era uma moça romântica que tinha realizado o sonho de um casamento de um "conto de fadas". A foto é do álbum de família. INDENIZAÇÃO – atualização em 1 de julho de 2009 Por determinação da Justiça do Rio de Janeiro, a Air France vai ter de antecipar o pagamento da indenização aos parentes do casal. O juiz Alberto Republicano de Macedo Júnior, da 1ª Vara Cível de Niterói, determinou que a mãe de Bianca Cotta comece a receber  imediatamente três sa

Marcha para Jesus se tornou palanque para candidatos da extrema direita

Fé de pais TJs não supera direito à vida de um bebê, decide juíza

Veja 14 proibições das Testemunhas de Jeová a seus seguidores

Evangelho apócrifo de Tomé relata que, na adolescência, Jesus matou três meninos

Holanda pede a religiosos provas de que animal não sofre no abate

Marianne Thieme: "Liberdade religiosa termina onde começa o sofrimento de humanos ou de animais"  O Parlamento da Holanda concedeu aos líderes do judaísmo e do islamismo um ano para provar cientificamente que o abate religioso não causa sofrimento nos animais.  Em junho de 2011, a Câmara dos Deputados aprovou lei que proíbe esse tipo de abate porque é feito sem o atordoamento dos animais. A lei terá de ser votada pelo Senado, para ser confirmada ou não, o que ocorrerá após o prazo dado para a manifestação dos religiosos. A lei foi proposta pelo Partido pelos Animais, o único do gênero no mundo. Para Marianne Thieme (foto), líder do partido, “a liberdade religiosa termina onde começa o sofrimento humano ou animal”. Ela é seguidora da Igreja Adventista do 7º Dia. A proposta da nova lei uniu judeus e muçulmanos do país. Eles acusam o Parlamento de querer acabar com a liberdade de religião. Pela tradição judaica e islâmica, os animais têm de estarem conscientes no m

Como as memórias são armazenadas em nosso cérebro?