Pular para o conteúdo principal

Escola pública chama-se Assembleia de Deus. Proselitismo evangélico não tem limite?

O caso representa um avanço até agora inédito de uso de bem público para marketing religioso


Paulo Lopes
trabalhou na Folha de S.Paulo, Agência Folha, Diário Popular, Editora Abril e em outras publicações

Acaba de ser inaugurada em Barra do Bugres, a 169 km de Cuiabá (MT), a Escola Evangélica Assembleia de Deus.

Pelo nome, é possível inferir que se trata de um estabelecimento confessional, mantido pela denominação religiosa, para alunos cujos pais são fiéis da Assembleia.

Mas não. Trata-se de uma escola pública, estadual, construída e mantida pelos impostos pagos por pessoas de todas as crenças, sem religião, agnósticos e ateus, em um país laico.

O Ministério Público do Mato Grosso está investigando por que a escola recebeu o nome de uma igreja evangélica, embora, a rigor, não há muito o que apurar porque se trata da expropriação até agora inédita de um bem público pelo proselitismo religioso.

           FOTO: WESTEY RODRIGUES / Seduc

É uma escola
ou um templo?

 Se a Assembleia de Deus quer uma escola como o seu nome, que ela construa uma com o seu dinheiro e a mantenha, pague os professores, cuide da preservação do prédio. A Igreja deveria entender que se aproveitar do dinheiro público é pecado.

No Brasil, há milhares de escolas com nome de santos, assim como cidades, em decorrência do histórico da forte influência da Igreja Católica na sociedade. Mas, ainda assim, não há nenhuma escola com o nome "Igreja Católica", mesmo considerando que ordens católicas são mantenedoras de estabelecimentos de ensino.

André Trapani, professor de direito constitucional, lembra que o Brasil é um Estado laico, portanto "não pode ter preferência a igrejas ou religiões".

"O nome da escola, que é pública, deve respeitar a laicidade do Estado e pode ser sensível a pessoas de outras religiões que queiram matricular seus filhos lá. Então, sim, há uma inconstitucionalidade no nome."

Diante da forte reação ao nome da escola, Saulo Scariot, secretário estadual de Educação de Mato Grosso, já admite escolher outra designação. 

Que assim seja, para evitar que pipoquem em todo o território nacional escolas com nome de "Igreja Universal", "Igreja Mundial", "Igreja do Reino da Graça", "Igreja Bola de Neve".

> Com informação do G1 e de outras fontes e foto de divulgação.

• Bananeiras afronta o Estado laico nas escolas e Câmara

• Leitura bíblica em Câmara de Catanduva é inconstitucional



Comentários

CBTF disse…
Imagina como são as aulas de ciência nessa escola, depois não sabem pq o ensino público está péssimo.

Post mais lidos nos últimos 7 dias

90 trechos da Bíblia que são exemplos de ódio e atrocidade

Vicente e Soraya falam do peso que é ter o nome Abdelmassih

Ateísmo faz parte há milênios de tradições asiáticas

Chico Buarque: 'Sou ateu, faz parte do meu tipo sanguíneo'

Cinco deuses filhos de virgens morreram e ressuscitam. E nenhum deles é Jesus

Escritor ateu relata em livro viagem que fez com o papa Francisco, 'o louco de Deus'

Santuário Nossa Senhora Aparecida fatura R$ 100 milhões por ano

Basílica atrai 10 milhões de fiéis anualmente O Santuário de Nossa Senhora de Aparecida é uma empresa da Igreja Católica – tem CNPJ (Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica) – que fatura R$ 100 milhões por ano. Tudo começou em 1717, quando três pescadores acharam uma imagem de Nossa Senhora no rio Paraíba do Sul, formando-se no local uma vila que se tornou na cidade de Aparecida, a 168 km de São Paulo. Em 1984, a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) concedeu à nova basílica de Aparecida o status de santuário, que hoje é uma empresa em franca expansão, beneficiando-se do embalo da economia e do fortalecimento do poder aquisitivo da população dos extratos B e C. O produto dessa empresa é o “acolhimento”, disse o padre Darci José Nicioli, reitor do santuário, ao repórter Carlos Prieto, do jornal Valor Econômico. Para acolher cerca de 10 milhões de fiéis por ano, a empresa está investindo R$ 60 milhões na construção da Cidade do Romeiro, que será constituída por trê...

Caso Roger Abdelmassih

Violência contra a mulher Liminar concede transferência a Abelmassih para hospital penitenciário 23 de novembro de 2021  Justiça determina que o ex-médico Roger Abdelmassih retorne ao presídio 29 de julho de 2021 Justiça concede prisão domiciliar ao ex-médico condenado por 49 estupros   5 de maio de 2021 Lewandowski nega pedido de prisão domiciliar ao ex-médico Abdelmassih 26 de fevereiro de 2021 Corte de Direitos Humanos vai julgar Brasil por omissão no caso de Abdelmassih 6 de janeiro de 2021 Detento ataca ex-médico Roger Abdelmassih em hospital penitenciário 21 de outubro de 2020 Tribunal determina que Abdelmassih volte a cumprir pena em prisão fechada 29 de agosto de 2020 Abdelmassih obtém prisão domicililar por causa do coronavírus 14 de abril de 2020 Vicente Abdelmassih entra na Justiça para penhorar bens de seu pai 20 de dezembro de 2019 Lewandowski nega pedido de prisão domiciliar ao ex-médico estuprador 19 de novembro de 2019 Justiça cancela prisão domi...

Físico afirma que cientistas só podem pensar na existência de Deus como hipótese

Mulheres tendem a ser mais religiosas que os homens, mas nos EUA geração Z pode mudar isso