Pular para o conteúdo principal

Por que evangélicos se tornaram uma expressão do autoritarismo

A  lógica que gerou o crescimento das igrejas evangélicas e pentecostais é a mesma que está levando a esse seu caráter autoritário

RICARDO WHITEMAN MUNIZ
| Comciência
jornalista

Com a chamada Teologia da Prosperidade, ocorre uma profunda inversão na compreensão cristã sobre dinheiro e ostentação. “Agora pobre não é mais objeto de cuidado, mas visto como amaldiçoado por Deus”, diz professor da pós-graduação em ciências da religião da Universidade Metodista de São Paulo. “O sistema já existia antes de Bolsonaro e vai existir depois. Esse tempo de Bolsonaro é o ápice de uma mentalidade que tem uma certa coerência, mesmo que eticamente errada.”

A pressão escancarada de pastores bolsonaristas para que seus fiéis votassem no candidato de extrema direita, derrotado nas urnas em 30 de outubro, pode levar a uma debandada de crentes incomodados com o jogo político pesado no interior da “casa de Deus”?

Para além dessa questão recente no país, há algo na doutrina cristã que explica episódios como o apoio ao racismo nos Estados Unidos, ao apartheid na África do Sul ou à ditadura militar brasileira? 

Qual o peso e a influência dos líderes desse campo religioso que não compactuam com tal processo?

Para Jung Mo Sung, autor de A idolatria do dinheiro e os direitos humanos (2018) e Desejo, mercado e religião (2000), entre outros, é preciso compreender que a aliança do cristianismo atual com setores neoliberais e autoritários decorre de um processo iniciado na década de 1950, quando a cultura de consumo entra nas igrejas com uma nova doutrina, a Teologia da Prosperidade – pela qual as bênçãos divinas se manifestam publicamente por meio de ostentação de mercadorias-símbolos.

“Para esse grupo, o principal agente de transformação da situação econômica é Deus e a principal ação da Igreja nessa caminhada não é lutar contra as injustiças do capitalismo, como é para a Teologia da Libertação, mas contra os inimigos de Deus”, diz Sung, que é professor do programa de pós-graduação em ciências da religião da Universidade Metodista de São Paulo. 

Os “comunistas”, por exemplo, são inimigos de Deus não porque são ateus, mas porque querem “dar” dinheiro aos pobres, que são pecadores.

“Ao dar dinheiro aos pobres e dizer que todos seres humanos têm direitos sociais, esses ‘comunistas’ estão contra o modo – meritocrático – como Deus distribui as ‘bênçãos’”.

Naturalizado brasileiro, Sung nasceu em Seul, Coreia do Sul, em 1957 e radicou-se no Brasil em 1966. É membro do comitê científico do grupo de trabalho “Class, Religion and Theology” da American Academy of Religion.

Bolsonaro
aglutina
ressentidos

Entrevista

Diante das pressões políticas e eleitorais no interior de igrejas evangélicas a favor do candidato de extrema direita, derrotado nas urnas em 30 de outubro após casos documentados de compra explícita de votos, uso e abuso da máquina pública e intimidação por parte de patrões e pastores, pode haver a partir de agora uma debandada das igrejas? A vertente evangélica do neofascismo traz embutido um “tiro no pé”, algo como “as coisas foram longe demais”?

Penso que a lógica e a teologia que gerou o grande crescimento das igrejas evangélicas e pentecostais é a mesma que está levando a esse seu caráter autoritário – prefiro esse termo ao neofascismo. E o crescimento de um grupo aumenta também seus problemas e diferenças internas. Nesse sentido, o processo que você está chamando de “debandada” é previsível. O tempo vai dizer.

O crescimento do pentecostalismo não pode ser entendido sem o uso dos rádios e das TVs , que têm um custo altíssimo e também o potencial de gerar superávits ou lucros. Só se pode manter esse sistema Igreja-TVs/rádios com a aumento de números de membros que contribuem financeiramente e a promessa e o “pagamento da benção econômica”, que fortalece uma “espiritualidade de consumo” e a acumulação de riqueza dos bispos proprietários das igrejas.

É importante deixar claro que o bispo proprietário da Igreja e do “canal das bênçãos” é e deve ser autoritário, pois ele ou ela representa o Deus-Poderoso na vida dos crentes. A aliança com Bolsonaro pode acabar na medida em que ele perde o poder que atrai os bispos e pastores. Mas o sistema já existia antes de Bolsonaro e vai existir depois. Esse tempo de Bolsonaro é o ápice, por enquanto, de um sistema que tem uma certa coerência, mesmo que ética (ou teologicamente) equivocada.

É um sistema que, se entra, é muito difícil sair, pois é uma lógica sacralizada. Biblicamente eu poderia dizer que é um sistema econômico-religioso idolátrico. Mas, para eles, divino.

Há algo no DNA da doutrina que intrinsecamente desemboca no autoritarismo, no fascismo, no racismo, na misoginia e no apoio a regimes de exceção, como ocorreu no Brasil com o apoio aberto das igrejas protestantes – salvo raras exceções – ao golpe de 64 e agora a Bolsonaro, chamado em muitas igrejas de “homem de Deus”?

Sua pergunta é muito importante mas difícil porque coloca em discussão um tema “metafísico”, não no sentido de que se trataria de algo que está além do mundo físico ou real, nem no sentido de discutir o “ser” em si – por exemplo, o ser do cristianismo –, mas sim sobre as condições de possibilidade de conhecimento e de funcionamento de um determinado sistema de pensamento.

Qualquer sistema social ou grupo social tem que resolver os problemas da produção e da reprodução da vida. Estar vivo é uma condição necessária para qualquer coisa e para isso precisa tomar decisões frente aos desafios e problemas que o seu meio ambiente natural-social coloca. Diante dos desafios, é preciso decidir qual ou quais caminhos a tomar. Normalmente é uma discussão técnica, no sentido moderno de definir qual é a melhor forma de usar os meios escassos para atingir os objetivos. É o tema da eficiência do uso dos meios escassos. Mas, o que não costumamos analisar e discernir é sobre o fim último ou os valores fundamentais que norteiam as opções concretas que levam os agentes ou atores sociais a fazerem ou não determinadas ações.

Nas décadas de 1950 a 70, o mundo estava claramente dividido entre o sistema capitalista e o comunista. No lado capitalista, não se discutia se o sistema de mercado capitalista era melhor ou pior do que o comunismo. Era claro ou óbvio que o mercado capitalista era o melhor ou o único modo de organizar a economia e a vida social para… Para quê? Não sabíamos bem qual era esse objetivo “final” do caminho. Isso porque a utopia do capitalismo era o horizonte que dava e dá ainda o sentido das ações, das opções concretas no interior do caminho. Assim como no lado comunista, a utopia dava o horizonte de sentido para os planos econômicos e o controle do Estado sobre a vida social, isto é, seus objetivos específicos.

Sem a utopia não temos como ver e analisar se estamos melhorando ou piorando o que queremos fazer ou onde chegar. A noção de aperfeiçoamento pressupõe a ideia do perfeito. A noção do “mercado perfeito” ou do “Mercado (perfeitamente) Livre” é o que permite aos economistas neoliberais decidir suas escolhas políticas e econômicas e criticar outras propostas. Assim funcionava nos países do bloco comunista, com a noção de “Planejamento Estatal Perfeito”.

Esse processo de (a) imaginar uma realidade utópica, (b) analisar a partir dos conceitos transcendentais (por exemplo, Mercado Livre, Planejamento Perfeito, o Reino de Deus…) quais são os problemas, as suas causas e as soluções (c) estabelecer os objetivos específicos e o seu caminho é a condição de possibilidade de pensar e de atuar para nos mantermos vivos. É disso que eu estou tratando como as “questões metafísicas”.

O mundo moderno, diferentemente do antigo ou pré-moderno, crê que seres humanos são capazes de atingir a perfeição ou o infinito. Acredita que a constante evolução tecnológica nos levará a alcançar a realização dos desejos infinitos, por exemplo, a riqueza ilimitada ou a vida além da morte corporal. É a ilusão de que com passos finitos poderemos chegar ao infinito, que Hegel criticou com a noção de “má infinitude”. 

Essa ilusão de que encontramos uma instituição humana capaz de nos levar ao “Paraíso” e que, portanto, se precisar devemos oferecer todos os sacrifícios necessários para chegar lá. A realização do desejo infinito requer e justifica todos os sacrifícios humanos. Essa lógica sacrificial aparece no discurso econômico capitalista dos “custos/sacrifícios necessários” (dos pobres e trabalhadores, normalmente) para o crescimento econômico; no comunismo e também nas religiões, incluindo o cristianismo.

O que quero chamar atenção é que esse discurso sacrificial é resultado da ilusão de que é possível construir um sistema social ou instituição que nos levaria ao Paraíso, seja na terra ou na vida pós-morte. Encontramos, por exemplo, no cristianismo medieval a doutrina de que a salvação é possível por meio de oferecer sacrifícios demandados pela Igreja em nome de Deus. Assim, a Igreja é vista como o caminho para chegar à vida eterna ou o chamado Reino de Deus. Com isso, identifica a Igreja com o Reino de Deus e a sacraliza.

No mundo moderno capitalista, com o seu mito do Progresso, e nos dias de hoje, vivemos na ilusão de que o Mercado Livre realizará o desejo ilimitado aos que “merecem”. Em outras palavras, todos os sistemas sociais ou culturais que são capazes de se reproduzir têm dentro de si essa ilusão de realizar o desejo “impossível” por meio de uma instituição que, para isso, exige sacrifícios.

Na questão específica do cristianismo atual e a sua aliança com setores neoliberais e autoritários, é preciso agregar algumas outras questões. A cultura de consumo, que surge nos países ricos do capitalismo na década de 1950, entra nas igrejas cristãs com uma nova teologia: Deus é favor do consumismo e as bênçãos divinas se manifestam publicamente por meio de ostentação de mercadorias-símbolos – a Teologia da Prosperidade. Há uma profunda inversão na compreensão cristã sobre o dinheiro e a ostentação do consumo. Agora pobre não é objeto de caridade ou cuidado, mas é visto como pecador, amaldiçoado por Deus.

Além disso, com o aumento da concorrência no mercado profissional, os cristãos de classes média e baixa, com pouca formação educacional e técnica, buscam em Deus, isto é, na igreja, o “poder” para entrar e se manter no mercado consumidor.

Há nesse processo uma relação de troca: eles pedem a benção na forma de poder de consumo em troca de uma vida cristã ativa, militante. E qual seria essa militância religiosa tão poderosa que lhe garantiria essas bênçãos? 

Antes da cultura de consumo, ser cristão militante era lutar contra o mundo moderno. Mas, a partir da década de 1970 a luta e os inimigos mudam. No lado da Teologia da Libertação e as Cebs (Comunidades Eclesiais de Base), com a opção pelos pobres, a injustiça social do capitalismo passa a ser “o” inimigo a ser combatido e para essa luta abraça as ciências sociais modernas e a política. Por outro lado, há um outro setor do cristianismo que assume a ideia de que também os pobres têm o direito de uma vida melhor, mais próspera, valorizando o consumismo. Mas são pró capitalismo.

Para esse grupo, o principal agente de transformação da situação econômica é Deus e a principal ação da Igreja nessa caminhada não é lutar contra as injustiças do capitalismo, como é para a linha da Teologia da Libertação, mas lutar contra os inimigos de Deus. Na medida em que essas igrejas abraçam a cultura de consumo, que é moderna, a benção divina, manifestada e comprovada no aumento da capacidade de consumo, é conquistada pela sua guerra espiritual contra os novos inimigos de Deus: os comunistas e os “gays”.

Os “comunistas” são inimigos de Deus não porque são ateus, pois acusam também cristãos que creem em Deus de comunistas, mas porque eles querem “dar” dinheiro aos pobres que são pecadores. Ao dar dinheiro aos pobres e dizer que todos seres humanos têm direitos sociais, esses “comunistas” estão contra o modo como Deus distribui as “bênçãos”, isto é, o processo de distribuição de riqueza, a “meritocracia”, por meio do Mercado Livre. Estabelece-se aqui uma identificação entre a benção distribuída por Deus e a ideologia da meritocracia do mercado neoliberal.

E como essa guerra é espiritual, divina, é preciso, na mentalidade deles, o envio por parte de Deus de um ou “o” Messias. O Messias enviado é, por definição na cultura religiosa desse tipo, uma autoridade que deve se impor sobre as leis humanas. A perspectiva da democracia se opõe à noção de messianismo, seja na direita ou na esquerda.

A luta contra os comunistas não é algo tão cotidiano, pois é uma figura meio abstrata. Por isso, para se garantir como parte da comunidade ou da igreja que canaliza essas bênçãos de Deus, esses cristãos e cristãs precisam entrar na guerra espiritual contra aqueles e aquelas que ameaçam a família tradicional, patriarcal, que Deus teria criado: a comunidade LGBT+.

A figura mítica de Bolsonaro é a expressão de uma visão teológica que alia o neoliberalismo, o fascismo/autoritarismo, a cultura de consumo e uma religiosidade tradicional presente em muitas religiões do mundo.

O desejo de poder e influência de pastores por si explica o apoio massivo de evangélicos a Bolsonaro? Tudo se resume a isenção de impostos, concessões de TV e rádio?

As noções de poder e influência, que se expressariam concretamente em objetivos bem específicos como isenção de impostas e concessões, são importantes, mas penso que não dão conta dessa relação.

Para entendermos um pouco mais a relação entre Bolsonaro e os pastores, eu penso que é útil discutirmos a questão do ressentimento. Uma questão central do ressentimento é o sentimento de que eu/nós não sou/somos tratados como merecemos e nos sentimos mal com isso.

Essas lideranças são vistas e tratadas com respeito e admiração pelos membros das igrejas e se sentem escolhidas por Deus. O problema é que quando participam em eventos ou reuniões organizadas ou dirigidas por pessoas de formação ilustrada, isto é, com um discurso teológico e/ou político moderno ilustrado, são tratados como “menores”. Isto é, são vistas e tratadas como pessoas que ainda não assumiram a “maioridade”, que ainda não estudaram a teologia moderna com a exegese moderna e usam uma linguagem religiosa tradicional para falar da vida e dos desafios da igreja e da sociedade.

Ao serem tratadas assim, de forma não respeitosa, essas lideranças e membros comuns das igrejas se sentem mal e se defendem ou se distanciam. Pior ainda quando essas lideranças não são convidadas a participar em eventos públicos importantes em que gostariam de estar e de que se sentem com merecimento pela sua liderança. O ressentimento se acumula.

Bolsonaro é aquele líder político que dá lugar especial a essas lideranças religiosas anti-modernas e expulsa aquelas que não os respeitam. Penso portanto que a relação entre os pastores evangélicos e pentecostais com ele vai muito além da questão “material” dos impostos ou dos cargos, é uma questão de autoestima e ressentimento.

Qual é o real peso e influência de pastores dissidentes diante da onda neofascista no interior das igrejas evangélicas?

Com certeza os pronunciamentos de pastores, pastoras e lideranças pentecostais e evangélicas são muito importantes, tanto para a sociedade quanto para cristãos e igrejas menores. Mas é muito difícil medir e pesar. Isso só vai ficar mais claro daqui um tempo.

Uma questão importante é: qual é a régua com a qual medimos esse processo? 

Eu penso que as categorias das ciências sociais e das ciências da religião modernas, as com que quase todos nós estudamos, não dão mais conta do mundo atual. Por exemplo, a relação entre a religião e a política, ou a relação entre Igreja e Estado, mudou profundamente e as categorias usadas a partir da noção de secularização [processo em que a religião em geral perde influência sobre as variadas esferas da vida social] não são suficientes ou não apropriadas. Pois, na verdade, fora da Europa o mundo não foi secularizado como os cientistas sociais pensavam. E a noção de sociedade pós-secular (Habermas) e a de “capitalismo como religião” (W. Benjamin, F. Hinkelammert) nos obrigam a repensar a relação entre a religião e a política.

O que podemos dizer agora é que esses pastores que, além da ação nas suas igrejas, atuam nas redes sociais têm um papel fundamental para que cristãos e cristãs possam resistir a essa onda autoritária e neoliberal.


Ricardo Whiteman Muniz é jornalista (Cásper Líbero, 2004), bacharel em direito (USP, 1993) e mestre em sociologia da religião (Metodista de São Paulo, 2000). Trabalhou em ONG internacional (comunicação e viagens de campo), na Exame.com (repórter de economia), no jornal O Estado de S. Paulo (subeditor de ciência, saúde, educação e ambiente) e no portal G1 (editor coordenador de ciência e saúde). Editou entre 2011 e 2017 a revista Ensino Superior (Centro de Estudos Avançados) e o site Inovação (2011-2013) da Unicamp. É coeditor executivo da revista digital ComCiência (parceria do Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo da Unicamp com a SBPC). Foi professor da especialização em jornalismo científico do Labjor (2017-2020).

Esse texto foi publicado originalmente na revista Comciência sob o título Jung Mo Sung: 'Lógica que gerou avanço evangélico é a mesma que leva a seu caráter autoritário'.

• Eleitorado sem religião foi o fiel da balança da vitória de Lula

• Extrema direita evangélica será desafio ao governo de Lula

• Áudio: evangélico bolsonarista prega a violência: 'Matar e quebrar urnas'



Comentários

Anônimo disse…
O bolsoburrismo junto com o evanjeguismo se identificam pois ambos são fábricas de criar gados.

Post mais lidos nos últimos 7 dias

Canadenses vão à Justiça para que escola distribua livros ateus

René (foto) e Anne Chouinard recorreram ao Tribunal de Direitos Humanos do Estado de Ontário, no Canadá, para que a escola de seus três filhos permita a distribuição aos alunos de livros sobre o ateísmo, não só, portanto, a Bíblia. Eles sugeriram os livros “Livre Pensamento para Crianças” e “Perdendo a Fé na Fé: De Pregador a Ateu” (em livre tradução para o português), ambos de Dan Barker. Chouinard sugeriu dois livros à escola, que não aceitou Os pais recorreram à Justiça porque a escola consentiu que a entidade cristã Gideões Internacionais distribuísse exemplares da Bíblia aos estudantes. No mês passado, houve a primeira audiência. O Tribunal não tem prazo para anunciar a sua decisão, mas o recurso da família Chouinard desencadeou no Canadá uma discussão sobre a presença da religião nas escolas. O Canadá tem cerca de 34 milhões de habitantes. Do total da população, 77,1% são cristãos e 16,5% não têm religião. René e Anne são de Niágara, cidade perto da fronteira com...

90 trechos da Bíblia que são exemplos de ódio e atrocidade

Bento 16 associa união homossexual ao ateísmo

Papa passou a falar em "antropologia de fundo ateu" O papa Bento 16 (na caricatura) voltou, neste sábado (19), a criticar a união entre pessoas do mesmo sexo, e, desta vez, associou-a ao ateísmo. Ele disse que a teoria do gênero é “uma antropologia de fundo ateu”. Por essa teoria, a identidade sexual é uma construção da educação e meio ambiente, não sendo, portanto, determinada por diferenças genéticas. A referência do papa ao ateísmo soa forçada, porque muitos descrentes costumam afirmar que eles apenas não acreditam em divindades, não se podendo a priori se inferir nada mais deles além disso. Durante um encontro com católicos de diversos países, Bento 16 disse que os “cristãos devem dizer ‘não’ à teoria do gênero, e ‘sim’ à aliança entre homens e mulheres no casamento”. Afirmou que a Igreja defende a “dignidade e beleza do casamento” e não aceita “certas filosofias, como a do gênero, uma vez que a reciprocidade entre homens e mulheres é uma expressão da bel...

Eleição de Haddad significará vitória contra religião, diz Chaui

Marilena Chaui criticou o apoio de Malafaia a Serra A seis dias das eleições do segundo turno, a filósofa e professora Marilena Chaui (foto), da USP, disse ontem (23) que a eleição em São Paulo do petista Fernando Haddad representará a vitória da “política contra a religião”. Na pesquisa mais recente do Datafolha sobre intenção de votos, divulgada no dia 19, Haddad estava com 49% contra 32% do tucano José Serra. Ao participar de um encontro de professores pró-Haddad, Chaui afirmou que o poder vem da política, e não da “escolha divina” de governantes. Ela criticou o apoio do pastor Silas Malafaia, da Assembleia de Deus do Rio, a Serra. Malafaia tem feito campanha para o tucano pelo fato de o Haddad, quando esteve no Ministério da Educação, foi o mentor do frustrado programa escolar de combate à homofobia, o chamado kit gay. Na campanha do primeiro turno, Haddad criticou a intromissão de pastores na política-partidária, mas agora ele tem procurado obter o apoio dos religi...

Existe uma relação óbvia entre ateísmo e instrução

de Rodrigo César Dias   (foto)   a propósito de Arcebispo afirma que ateísmo é fenômeno que ameaça a fé cristã Rodrigo César Dias Acho que a explicação para a decadência da fé é relativamente simples: os dois pilares da religião até hoje, a ignorância e a proteção do Estado, estão sendo paulatinamente solapados. Sem querer dizer que todos os religiosos são estúpidos, o que não é o caso, é possível afirmar que existe uma relação óbvia entre instrução e ateísmo. A quantidade de ateus dentro de uma universidade, especialmente naqueles departamentos que lidam mais de perto com a questão da existência de Deus, como física, biologia, filosofia etc., é muito maior do que entre a população em geral. Talvez não existam mais do que 5% de ateus na população total de um país, mas no departamento daqueles cursos você encontrará uma porcentagem muito maior do que isso. E, como esse mundo de hoje é caracterizado pelo acesso à informação, como há cada vez mais gente escolarizada e dipl...

Quem matou Lennon foi a Santa Trindade, afirma Feliciano

Deus castigou o Beatle por falar ser mais famoso que Jesus, diz o pastor Os internautas descobriram mais um vídeo [ver abaixo] com afirmações polêmicas do pastor-deputado Marco Feliciano (PSC-SP), na foto. Durante um culto em data não identificada, ele disse que os três tiros que mataram John Lennon em 1980 foram dados um pelo Pai, outro pelo Filho e o terceiro pelo Espírito Santo. Feliciano afirmou que esse foi o castigo divino pelo fato de o Lennon ter afirmado que os Beatles eram mais famosos que Jesus Cristo. “Ninguém afronta Deus e sobrevive para debochar”, disse. Em 1966, a declaração de Lennon causou revolta dos cristãos, o que levou o Beatle a pedir desculpas. Feliciano omitiu isso. Em outro vídeo, o pastor disse que a morte dos integrantes da banda Mamonas Assassinas em acidente aéreo foi por vontade divina por causa das letras chulas de suas músicas. "Ao invés de virar pra um lado, o manche tocou pra outro. Um anjo pôs o dedo no manche e Deus fulminou aque...

Papa afirma que casamento gay ameaça o futuro da humanidade

Bento 16 disse que as crianças precisam de "ambiente adequado" O papa Bento 16 (na caricatura) disse que o casamento homossexual ameaça “o futuro da humanidade” porque as crianças precisam viver em "ambientes" adequados”, que são a “família baseada no casamento de um homem com uma mulher". Trata-se da manifestação mais contundente de Bento 16 contra a união homossexual. Ela foi feita ontem (9) durante um pronunciamento de ano novo a diplomatas no Vaticano. "Essa não é uma simples convenção social", disse o papa. "[Porque] as políticas que afetam a família ameaçam a dignidade humana.” O deputado Jean Wyllys (PSOL-RJ) ficou indignado com a declaração de Bento 16, que é, segundo ele, suspeito de ser simpático ao nazismo. "Ameaça ao futuro da humanidade são o fascismo, as guerras religiosas, a pedofilia e o abusos sexuais praticados por membros da Igreja e acobertados por ele mesmo", disse. Tweet Com informação...

Pastor Caio diz que Edir Macedo tem 'tarugo do diabo no rabo'

Caio diz que Macedo usa o paganismo Edir Macedo está com medo de morrer porque sabe que terá de prestar contas de suas mentiras a Deus, disse o pastor Caio Fábio D'Araújo (foto), 56, da denominação Caminho da Graça. “Você [Edir] está com o tarugo do diabo no rabo”, afirmou, após acusar o fundador da Igreja Universal de ter se "ajoelhado" diante dos “príncipes deste mundo para receber esses poderes recordianos” (alusão à Rede Record). Em um vídeo de 4 minutos [segue abaixo uma parte]  de seu canal no Youtube, Caio Fábio, ao responder um e-mail de um fiel, disse que conhece muito bem o bispo Edir Macedo porque já foi pastor da Igreja Universal. Falou que hoje Macedo está cheio de dinheiro e que se comporta como um “Nerinho de Satanás” caminhando para morte e “enganando milhares de pessoas”. O pastor disse que, para Macedo, o brasileiro é pagão, motivo pelo qual o fundador da Igreja Universal “usa o paganismo” como recurso de doutrinação. “Só que Jesu...

Roger Abdelmassih agora é também acusado de erro médico

Mais uma ex-paciente do especialista em fertilização in vitro Roger Abdelmassih (foto), 65, acusa-o de abuso sexual. Desta vez, o MP (Ministério Público) do Estado de São Paulo abriu nova investigação porque a denúncia inclui um suposto erro médico. A estilista e escritora Vanúzia Leite Lopes disse à CBN que em 20 de agosto de 1993 teve de ser internada às pressas no hospital Albert Einstein, em São Paulo, com infecção no sistema reprodutivo. Uma semana antes Vanúzia tinha sido submetida a uma implantação de embrião na clínica de Abdelmassih, embora o médico tenha constatado na ocasião que ela estava com cisto ovariano com indício de infecção. Esse teria sido o erro dele. O implante não poderia ocorrer naquelas circunstâncias. A infecção agravou-se após o implante porque o médico teria abusado sexualmente em várias posições de Vanúzia, que estava com o organismo debilitado. Ela disse que percebeu o abuso ao acordar da sedação. Um dos advogados do médico nega ter havido violê...