Pular para o conteúdo principal

Macacos-pregos usam ferramentas de pedra há 3 mil anos

As ferramentas foram
 descobertas na Serra
 da Capivara, no Piauí

por Marcelo Canquerino
para Jornal da USP

Escavações recentes na Serra da Capivara, localizada no Piauí, revelaram ferramentas de até 3 mil anos usadas por macacos-prego. As descobertas foram feitas por primatólogos da USP, em colaboração com arqueólogos, principalmente da Inglaterra.

Em 2014, foram encontradas ferramentas de até 600 anos. Em 2015, com escavações mais profundas, ferramentas de até 3 mil anos foram achadas.

A grande novidade é que há variações de tamanho entre elas. As mais antigas, por exemplo, são bem menores em comparação às mais recentes. 

Além disso, são muito similares às que os macacos-prego da Serra da Capivara usam para quebrar sementes pequenas. 


As pedras mais
antigas são menores

Há 3 mil anos, as pedras utilizadas eram menores, por volta de 100 gramas. Já entre 2.500 anos até 600 anos, as ferramentas ficaram maiores, muito semelhantes àquelas que, atualmente, os animais usam para processar jatobá ou castanha de caju.

Segundo Tiago Falótico, doutor em Psicologia Experimental (Comportamento Animal) pelo Instituto de Psicologia (IP) da USP, e um dos pesquisadores responsáveis, o trabalho tem por objetivo “estudar as ferramentas líticas em um contexto arqueológico”.

 As ferramentas líticas são pedras, de diversos tamanhos, utilizadas pelos macacos-prego principalmente para quebrar alimentos. Os resultados do trabalho foram publicados recentemente na revista Nature Ecology & Evolution.

“Essa variação de tamanho das pedras é uma coisa nova para primatas não humanos. Nunca tínhamos identificado no registro arqueológico. Conhecemos isso para humanos, mas agora mostramos que os macacos mudaram a utilização das ferramentas, variando seus tamanhos, ao longo de milhares de anos ”, explica Tiago, que atualmente é Jovem Pesquisador na Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da USP.

Os macacos-prego também selecionam as pedras. “Já fizemos vários experimentos de seleção de ferramentas. Então eles não pegam qualquer pedra e, sim, selecionam o tamanho adequado dentre o que eles tem disponível”, esclarece o pesquisador. Existe uma correlação entre a variação de tamanho da pedra e a sua finalidade.

Os motivos que levaram a essas variações ainda são incertos, de acordo com o pesquisador. “Não sabemos exatamente porque teve a mudança. Pode ter sido mudanças no ambiente, na tradição comportamental daqueles grupos. Então são várias hipóteses. Não temos dados para suportar nenhuma delas por enquanto.”

Como nem todas as ferramentas que os macacos utilizam ficam marcadas já que, geralmente, são poucos os casos em que eles usam muito a mesma ferramenta, todas as pedras estudadas e classificadas tinham marcas de uso. E não são apenas objetos líticos que esses animais fazem proveito. 

Macacos-pregos têm
 ancestral em comum os humanos

Os macacos-pregos da Serra da Capivara também constroem ferramentas a partir de varetas para desentocar lagartos e pegar mel. Mas como as varetas não podem ser preservadas no registro arqueológico, não foi possível identificá-las.

Os macacos-prego têm um ancestral comum com os humanos há 40 milhões de anos. 

Houve uma separação entre os primatas do Velho Mundo (África) dos primatas do Novo Mundo (Américas). A linhagem do Velho Mundo como gorilas, chimpanzés e até o homem fazem uso de ferramentas. 

Já o único macaco do Novo Mundo que também utiliza ferramentas é o macaco-prego. “É um comportamento que surgiu independentemente, mas que é muito parecido com o que acontece na linhagem humana, que também usa ferramentas”, conta o pesquisador.

Tiago explica que essas novas descobertas podem contribuir muito no estudo da evolução humana. As duas espécies de primatas, humanos e macacos-prego, possuem várias características similares: são altamente terrestres, usam ferramentas e tem alto índice de encefalização (relação entre o tamanho do cérebro e o porte do animal).






Chimpanzé demonstra que também pode querer o bem do 'próximo'

Restauração transforma Jesus em gorila e vira piada na internet

Crânio indica que Homo sapiens saiu da África 150 mil anos antes do estimado

Dawkins escreve sobre o que nos torna seres humanos



Receba por e-mail aviso de novo post

Comentários

Post mais lidos nos últimos 7 dias

90 trechos da Bíblia que são exemplos de ódio e atrocidade

Vicente e Soraya falam do peso que é ter o nome Abdelmassih

Ateísmo faz parte há milênios de tradições asiáticas

Chico Buarque: 'Sou ateu, faz parte do meu tipo sanguíneo'

Cinco deuses filhos de virgens morreram e ressuscitam. E nenhum deles é Jesus

Santuário Nossa Senhora Aparecida fatura R$ 100 milhões por ano

Basílica atrai 10 milhões de fiéis anualmente O Santuário de Nossa Senhora de Aparecida é uma empresa da Igreja Católica – tem CNPJ (Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica) – que fatura R$ 100 milhões por ano. Tudo começou em 1717, quando três pescadores acharam uma imagem de Nossa Senhora no rio Paraíba do Sul, formando-se no local uma vila que se tornou na cidade de Aparecida, a 168 km de São Paulo. Em 1984, a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) concedeu à nova basílica de Aparecida o status de santuário, que hoje é uma empresa em franca expansão, beneficiando-se do embalo da economia e do fortalecimento do poder aquisitivo da população dos extratos B e C. O produto dessa empresa é o “acolhimento”, disse o padre Darci José Nicioli, reitor do santuário, ao repórter Carlos Prieto, do jornal Valor Econômico. Para acolher cerca de 10 milhões de fiéis por ano, a empresa está investindo R$ 60 milhões na construção da Cidade do Romeiro, que será constituída por trê...

Escritor ateu relata em livro viagem que fez com o papa Francisco, 'o louco de Deus'

Caso Roger Abdelmassih

Violência contra a mulher Liminar concede transferência a Abelmassih para hospital penitenciário 23 de novembro de 2021  Justiça determina que o ex-médico Roger Abdelmassih retorne ao presídio 29 de julho de 2021 Justiça concede prisão domiciliar ao ex-médico condenado por 49 estupros   5 de maio de 2021 Lewandowski nega pedido de prisão domiciliar ao ex-médico Abdelmassih 26 de fevereiro de 2021 Corte de Direitos Humanos vai julgar Brasil por omissão no caso de Abdelmassih 6 de janeiro de 2021 Detento ataca ex-médico Roger Abdelmassih em hospital penitenciário 21 de outubro de 2020 Tribunal determina que Abdelmassih volte a cumprir pena em prisão fechada 29 de agosto de 2020 Abdelmassih obtém prisão domicililar por causa do coronavírus 14 de abril de 2020 Vicente Abdelmassih entra na Justiça para penhorar bens de seu pai 20 de dezembro de 2019 Lewandowski nega pedido de prisão domiciliar ao ex-médico estuprador 19 de novembro de 2019 Justiça cancela prisão domi...

Físico afirma que cientistas só podem pensar na existência de Deus como hipótese

Mulheres tendem a ser mais religiosas que os homens, mas nos EUA geração Z pode mudar isso