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Ossos mostram espécie de dinossauro que viveu no Brasil há 233 milhões de anos

por Silvana Salles
para o Jornal da USP

Ele era bípede, ágil e possivelmente carnívoro. Assim os pesquisadores descrevem uma nova espécie de dinossauro que viveu há cerca de 233 milhões de anos no sul do atual território brasileiro.

Batizado de Nhandumirim waldsangae, ele foi apresentado em um novo estudo publicado no Journal of Vertebrate Paleontology como um parente do Tyrannosaurus rex e do Velociraptor mongoliensis, dois famosos predadores da linhagem dos terópodes.

Os ossos do novo dinossauro foram encontrados em 2012 na Formação Santa Maria, no Rio Grande do Sul, em rochas do período Triássico Superior.

Apesar de o esqueleto estar incompleto, as características anatômicas observadas em 12 vértebras, um chevron e nos ossos da perna direita e as análises filogenéticas permitiram aos pesquisadores classificá-lo como uma nova espécie de terópode.

Com um metro de altura,
Nhandumirim waldsangae
era um animal pequeno
 para a época 

Com a classificação e a datação das rochas, eles puderam sustentar a hipótese de que o Nhandumirim waldsangae é o terópode mais antigo do Brasil.

“O esqueleto é fragmentário e obviamente precisa de um esqueleto mais completo para que essa hipótese ganhe mais robustez, mas os primeiros resultados mostram um membro da linhagem dos dinossauros terópodes”, diz o biólogo Júlio Marsola, um dos autores do artigo, que desenvolveu a pesquisa como parte de seu doutorado em Biologia Comparada na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) da USP.

Os terópodes são uma linhagem de dinossauros que faz parte do grande grupo dos saurísquios. Outras duas linhagens fazem parte do grupo: a dos herrerasaurídeos, carnívoros, e a dos sauropodomorfos, herbívoros que tinham como característica marcante os longos pescoços. O Nhandumirim não tem nada a ver com os herrerasaurídeos, mas divide algumas características com os sauropodomorfos.

“Eu tentei atacar duas frentes. Mostrar que esse bicho tem características que são diferentes dos pescoçudos que a gente tem aqui (no Brasil), que são os sauropodomorfos. E, ao mesmo tempo, (que) ele é mais proximamente relacionado desses terópodes”, explica Marsola, que assina o trabalho junto com o professor Max Langer, do Laboratório de Paleontologia da FFCLRP, e outros pesquisadores das universidades federais de Santa Maria, Minas Gerais e Pernambuco e da Universidade de Birmingham, no Reino Unido.




O nome da nova espécie proposta traduz como os cientistas imaginam que era o animal. “Nhandu” é uma palavra tupi-guarani para ema ou outras aves similares. “Mirim” significa pequeno.

Segundo Marsola, os ossos delgados do animal são incompatíveis com a silhueta de um animal pesado e sugerem que ele era um bípede algo parecido com uma seriema. Para ficar entre parentes mais próximos, pode-se dizer que o Nhandumirim tinha traços parecidos com outro terópode, chamado Coelophysis, que foi descoberto nos Estados Unidos.

A análise dos ossos também indica que ele teria pouco mais de um metro de comprimento — portanto, pequeno no mundo dos dinossauros. Porém, como se trata de um fóssil de um animal jovem, é difícil estabelecer o tamanho que ele atingiria quando adulto.

O termo waldsangae se refere ao sítio paleontológico onde foi encontrado. O sítio Waldsanga, também conhecido como Cerro da Alemoa, fica nos arredores de Santa Maria, município do Rio Grande do Sul. Marsola conta que a formação geológica Santa Maria e algumas outras localidades na Argentina representam alguns dos mais antigos depósitos do mundo com ocorrência de fósseis de dinossauros.

Esses depósitos datam do período Carniano – uma subdivisão do Triássico Superior. Até a descoberta do Nhandumirim, o terópode mais antigo do Brasil foi um fóssil encontrado em rochas muito mais recentes.

Com informação do Journal of Vertebrate Paleontology e ilustração de Jorge Blanco.





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