Pular para o conteúdo principal

Darwin detonou a 'ordem mundial divina' em 1859 com o livro 'Origem das Espécies'

Houve contestações na época, como existem até hoje, mas a teoria do naturalista britânico se firmou no mundo científico


Barbara Fischer

Deutsche Welle

No ano de 1859 foi dado o mais radical dos golpes contra a “ordem mundial divina”. O cientista inglês Charles Darwin publicou “Sobre a origem das espécies através da seleção natural”, obra na qual havia trabalhado por 20 anos. A história da criação do mundo proposta por Darwin tornou-se um best-seller da noite para o dia: os primeiros 1.250 exemplares impressos estavam esgotados já no dia seguinte.

Apesar de todos os protestos, a teoria darwiniana se impôs no meio científico. As provas apresentadas pareciam por demais concludentes para serem contestadas: variação, seleção, estabilização da seleção e, repetidamente, o acaso.

Darwin afirmava que as espécies são criadas e exterminadas a partir do “princípio da tentativa e do erro”; seres vivos superiores desenvolvem-se, assim, a partir de formas menores. A evolução, que tem como base esse princípio, foi também considerada válida para os seres humanos.


Segundo Darwin, não somos nada além de mamíferos que caminham eretos. O choque do século se completava: o homem deixava de ser a imagem e semelhança de Deus para tornar-se um sucessor do macaco. Na época, Darwin não teve a coragem de dizer isso abertamente, embora certamente deva ter especulado a respeito.

Levado pelo espírito pesquisador de seu tempo, o cientista inglês passou cinco anos dando a volta ao mundo a bordo do navio Beagle. Nessa viagem, recolheu toda gama de informações e observações que depois viriam a ser sistematizadas e categorizadas ao longo de sua vida. Para isso, o pai da Teoria da Evolução examinou as mais variadas formações geológicas, bem como a multiplicidade de organismos e fósseis encontrados nos diversos continentes e ilhas que visitou.

Com 'Sobre a origem das
espécies', Darwin
contrapôs-se à versão
cristã da criação do mundo

Ao passar pelas Ilhas Galápagos, por exemplo, Darwin anotou em seu diário de pesquisas que em cada ilha do arquipélago havia diferentes espécies de tartarugas, tordos e tentilhões. Apesar de parentes próximos, os animais encontrados em cada ilha diferenciavam-se no tamanho e na forma de alimentação.

Baseando-se nessa observação, Darwin concluiu que todas as espécies semelhantes entre si haviam se desenvolvido a partir de uma origem comum. Esse mecanismo, que levaria as espécies a modificarem-se para se adaptar ao meio ambiente, ele denominou “seleção natural”, que faz com que apenas os mais fortes sobrevivam.

Em suas viagens pelo mundo, Darwin chegou à conclusão de que o homem não surgira como criação divina. Mais do que isso, o ser humano foi considerado por ele como produto final – mas ainda provisório — de uma linha de evolução biológica.


A teoria darwiniana questionava, assim, as explicações bíblicas de criação do mundo descritas no Gênesis. Um deus que faz diversas tentativas, comete erros e, mesmo sem dilúvios punitivos, tem que começar tudo de novo, definitivamente não combinava com a imagem do criador todo-poderoso encontrada na Bíblia.

O ateísmo propagado pelo espírito científico abalou os fiéis, para os quais os “hereges” estavam condenando o mundo à destruição. O clero, no entanto, reagiu com cautela. Afinal, dois séculos antes a Igreja já fora obrigada a reconhecer que o Sol realmente não girava em torno da Terra, indo contra bulas papais e tribunais da Inquisição. E agora mais esta: não fora Deus a criado todos os seres, mas sim, acima de tudo, o acaso!

Darwin privava o ser humano de sua condição especial no universo, colocando-o sob o jugo da biologia. Segundo a teoria darwiniana, também o homem precisa adaptar-se às exigências do habitat natural e, no decorrer dos séculos e milênios, fora se modificara com o meio.

A teoria de Darwin trouxe sérias consequências, acima de tudo para o mundo cristão. No entanto, apesar do progresso científico, não foram derrubadas todas as crenças religiosas que envolvem a criação do mundo. Pelo contrário: nos últimos anos tem crescido o número de fundamentalistas religiosos que creem na veracidade absoluta das palavras bíblicas, em todos os sentidos.

Nos Estados Unidos, os chamados criacionistas declararam – com sucesso – guerra à “teoria do macaco” de Darwin, desde que esta foi publicada. A influência dessa corrente faz com que em alguns estados norte-americanos o criacionismo seja ensinado nas escolas.


Ainda hoje, é terminantemente proibida, nas escolas de alguns estados, a simples menção à existência da Teoria da Evolução de Darwin. Em vez disso, ensina-se dogmaticamente uma interpretação literal da teoria da criação presente na Bíblia.

Entretanto, como a origem do mundo e do ser humano é assunto sério demais para ficar relegado a rivalidades entre cientistas, a controvérsia entre evolucionistas e criacionistas acabou por atingir a esfera política e social. Em 1996, o próprio papa João Paulo 2º anunciou em Roma que a Teoria da Evolução de darwinista seria compatível com a fé cristã.

Enquanto isso, nos EUA, neocriacionismo versus evolucionismo seguiu sendo uma questão de fé. Em sua campanha eleitoral no ano 2000, o presidente George W. Bush defendeu um tratamento igualitário das duas correntes nas escolas norte-americanas, provavelmente pelo fato de, na época, 45% dos cidadãos norte-americanos afirmarem acreditar no criacionismo.

Comentários

Post mais lidos nos últimos 7 dias

Vicente e Soraya falam do peso que é ter o nome Abdelmassih

90 trechos da Bíblia que são exemplos de ódio e atrocidade

Limpem a boca para falar do Drauzio Varella, cristãos hipócritas!

Varella presta serviço que nenhum médico cristão quer fazer LUÍS CARLOS BALREIRA / opinião Eu meto o pau na Rede Globo desde o começo da década de 1990, quando tinha uma página dominical inteira no "Diário do Amazonas", em Manaus/AM. Sempre me declarei radicalmente a favor da pena de morte para estupradores, assassinos, pedófilos, etc. A maioria dos formadores de opinião covardes da grande mídia não toca na pena de morte, não discutem, nada. Os entrevistados de Sikera Júnior e Augusto Nunes, o povo cristão da rua, também não perdoam o transexual que Drauzio, um ateu, abraçou . Então que tipo de país de maioria cristã, tão propalada por Bolsonaro, é este. Bolsonaro é paradoxal porque fala que Jesus perdoa qualquer crime, base haver arrependimento Drauzio Varella é um médico e é ateu e parece ser muito mais cristão do que aqueles dois hipócritas.  Drauzio passou a vida toda cuidando de monstros. Eu jamais faria isso, porque sou ateu e a favor da pena de mor...

Feliciano manda prender rapaz que o chamou de racista

Marcelo Pereira  foi colocado para fora pela polícia legislativa Na sessão de hoje da Comissão de Direitos Humanos e Minoria, o pastor e deputado Marco Feliciano (PSC-SP), na foto, mandou a polícia legislativa prender um manifestante por tê-lo chamado de racista sob a alegação de ter havido calúnia. Feliciano apontou o dedo para um rapaz: “Aquele senhor de barba, chama a segurança. Ele me chamou de racista. Racismo é crime. Ele vai sair preso daqui”. Marcelo Régis Pereira, o manifestante, protestou: “Isso [a detenção] é porque sou negro. Eu sou negro”. Depois que Pereira foi retirado da sala, Feliciano disse aos manifestantes: “Podem espernear, fui eleito com o voto do povo”. O deputado não conseguiu dar prosseguimento à sessão por causa dos apitos e das palavras de ordem cos manifestantes, como “Não, não me representa, não”; “Não respeita negros, não respeita homossexuais, não respeita mulheres, não vou te respeitar não”. Jovens evangélicos manifestaram apoio ao ...

Prefeito de São Paulo veta a lei que criou o Dia do Orgulho Heterossexual

Kassab inicialmente disse que lei não era homofóbica

Físico afirma que cientistas só podem pensar na existência de Deus como hipótese

Deputado gay é ameaçado de morte no Twitter por supostos evangélicos

Resposta do deputado Jean Wyllys O militante gay e deputado Jean Wyllys (PSOL) recebeu hoje (18) pelo Twitter três ameaças de morte de supostos evangélicos. Diz uma delas: "É por ofender a bondade de Deus que você deve morrer". Outra: "Cuidado ao sair de casa, você pode não voltar". A terceira: “"A morte chega, você não tarda por esperar".  O deputado acredita que as ameaças tenham partido de fanáticos religiosos. “Esses religiosos homofóbicos, fundamentalistas, racistas e enganadores de pobres pensam que me assustam com ameaças de morte!”, escreveu ele no Twitter. Wyllys responsabilizou os pastores por essas “pessoas doentes” porque “eles as conduzem demonizando minorias”. Informou que vai acionar as autoridades para que os autores da ameaça seja penalizados. Escreveu: "Vou recorrer à Justiça toda vez que alguém disseminar o ódio racista, misógino e homofóbico no Twitter, mesmo que seja em nome de seu deus". Defensor da união civi...

Drauzio Varella afirma por que ateus despertam a ira de religiosos

Promotor nega ter se apaixonado por Suzane, mas foi suspenso

Gonçalves, hoje com 45 anos, e Suzane quando foi presa, 23 No dia 15 de janeiro de 2007, o promotor Eliseu José Berardo Gonçalves (foto), 45, em seu gabinete no Ministério Público em Ribeirão Preto e ao som de músicas românticas de João Gilberto, disse a Suzane Louise Freifrau von Richthofen (foto), 27, estar apaixonado por ela. Essa é a versão dela. Condenada a 38 anos de prisão pela morte de seus pais em outubro de 2002, a moça foi levada até lá para relatar supostas ameaças de detentas do presídio da cidade. Depois daquele encontro com o promotor, ela contou para uma juíza ter sido cortejadar.  Gonçalves, que é casado, negou com veemência: “Não me apaixonei por ela”. Aparentemente, Gonçalves não conseguiu convencer sequer o Ministério Público, porque foi suspenso 22 dias de suas atividades por “conduta inadequada” e por também por ter dispensado uma testemunha importante em outro caso. Ele não receberá o salário correspondente a esse período. O Fantástico de ontem apre...

Cinco deuses filhos de virgens morreram e ressuscitam. E nenhum deles é Jesus