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Deus criou tudo porque tudo já estava criado, diz poema de Mia Couto


'No início
já havia
tudo'

Em julho de 2016, no Facebook, o escritor e biólogo Mia Couto (foto) recorreu a contrastes para se definir: “Sou um branco que é africano; um ateu não praticante; um poeta que escreve em prosa; um homem com nome de mulher; um cientista que tem poucas certezas sobre a ciência; um escritor em terra de oralidade”. 

O nome de registro desse moçambicano é António Emílio Leite Couto. Ele nasceu na cidade de Beira [mapa] no dia 5 de julho de 1955.

Prestigiado por vários prêmios e traduções, é um escritor dos mais lidos no Brasil e demais países de língua portuguesa.

Escreve romances, contos, crônicas e poesias.


É autor, por exemplo, da trilogia “As Areias do Imperador”, cuja personagem central é o imperador Gaza Ngungunhana, que em Moçambique resistiu aos colonialistas portugueses.

Em uma entrevista, Couto afirmou que não é um ateu militante porque, como cientista, está “disponível para aquilo que é o lado misterioso, inexplicável”.

De qualquer forma, de acordo com uma frase atribuída a ele, “assim esteve deus em minha vida: primeiro, ausente; depois, desaparecido!"

Alguns de seus poemas confirmam isso. Abaixo, dois deles.

Avesso bíblico
No início,
já havia tudo.

Mas Deus era cego
e, perante tanto tudo,
o que ele viu foi o Nada.

Deus tocou a água
e acreditou ter criado o oceano.

Tocou o chão
e pensou que a terra nascia sob os seus pés.

E quando a si mesmo se tocou
ele se achou o centro do Universo.
E se julgou divino.

Estava criado o Homem.



O adeus ateu

Este é o adeus sem lenço,
Um tempo no Tempo suspenso,
Um silencia no arco tenso.

Um adeus sem deus,
Um deus sem adeus.

Esta é a despedida sem fim,
um rasgão dentro de mim,
um poente depois do confim.

Este é um deus ateu,
num adeus só meu

Com informações de entrevistas e do Facebook do escritor e foto de divulgação.




Ateus brasileiros famosos

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